Estudantes indígenas realizam experiências científicas na SBPC Mirim


Oficinas tiveram a participação de 300 estudantes da comunidade Ticuna de Umariaçu, próxima à cidade de Tabatinga, onde ocorre a Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)

Tabatinga/AM. A participação de 300 estudantes indígenas da etnia Ticuna, que vivem na comunidade do Umariaçú, próxima à cidade de Tabatinga, a 1.105 quilômetros de Manaus (AM), como parte das atividades da SBPC Mirim, na tarde de ontem (19), chamou a atenção de professores e pesquisadores que participam da Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento termina nesta sexta-feira.

Recepcionados pelo secretário Estadual de Ciência e Tecnologia, José Aldemir, e pela reitora da Universidade Estadual do Amazonas, Marilene Corrêa, os estudantes da escola indígena Almirante Tamandaré que, na maioria, entendem, mas não falam a língua portuguesa, estavam acompanhados pelos professores que faziam a tradução de tudo o que era dito nas 14 oficinas das quais participaram.

A oficina sobre a extração do DNA de frutas e verduras, por exemplo, foi palco de grandes descobertas para os participantes. Sob a coordenação das professoras da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) de Benjamim Constant, cidade vizinha à Tabatinga, Thaysa Moura e Fabiane Prado, os estudantes aprenderam e experimentaram o processo utilizando tomates, cebolas, álcool e filtro de papel.

Para o professor Olávio Sampaio, que acompanhou os estudantes do 7º ano do ensino médio na oficina, a experiência foi proveitosa. “Estamos presenciando o primeiro contato desses alunos com o DNA, ou seja, eles estão conhecendo a extração e aprendendo que todo ser vivo tem em suas células informações sobre cada espécie”, explicou.

Para a aluna da turma que participou do experimento com DNA, Derlene Silva, 15, a oficina serviu, na prática, para adquirir conhecimento sobre uma área que ela desconhecia. “Achei muito interessante a forma como as professoras ensinaram e os resultados do experimento dentro do tubo de ensaio. Nós conseguimos quebrar as células e separar o DNA do tomate, por exemplo, algo novo para nós”, disse Derlene, uma das poucas que falam bem o português.

Para a reitora da UEA, que acompanhou a atividade, as oficinas trouxeram ganhos importantes para a formação e para vida desses estudantes. “Aqui, eles tiveram contato com cientistas e fizeram experiências que certamente nunca serão esquecidas. E melhor, algumas podem ser reproduzidas, como a construção de um relógio a partir de um pêndulo com barbante, utilizando os conceitos básicos da física. Isso é extraordinário”, finalizou a reitora. 

 

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Ao todo, durante os três dias da SBPC Mirim, cerca de 2 mil alunos passaram pelas oficinas que abordaram desde educação, utilizando fantoches confeccionados pelos participantes, até temas envolvendo saúde, reciclagem e prevenção ao uso de entorpecentes. “Há uma grande variedade de temas e os docentes tiveram como desafio falar a linguagem das crianças. Nosso objetivo foi estimular desde cedo nos estudantes o interesse por carreiras técnico-científicas”, finalizou a integrante da diretoria da SBPC, Rute Maria Gonçalves de Andrade.

Ulysses Varela – Agência Fapeam

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