Estudantes indígenas são capacitados para implantação de rede sociotécnica no AM
Contribuir para a mudança de uma matriz de desenvolvimento, baseada em extrativismo mineral, na pecuária e na agricultura da região do Alto Solimões, no Amazonas. Esse é um dos objetivos em que estudantes indígenas do interior do Estado estarão focados nos próximos doze meses, no âmbito do Programa de Apoio à Iniciação Científica Indígena do Estado do Amazonas (PAIC-Indígena), financiado pela FAPEAM.
Recém-aprovado para obter financiamento de bolsas e de auxílio-pesquisa, o projeto "Capacitação para implantação de uma rede sociotécnica da biodiversidade com potencial alimentício, medicinal e cosmético no Alto Solimões, Estado do Amazonas" é coordenado pelo doutor em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, Camilo Torres Sanchez da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). “O Paic Indígena é uma oportunidade para que os estudantes indígenas ingressem na iniciação científica”, frisou.
Sanchez disse que será verificada, também, a produção vegetal de ciclo longo e sustentável que utilize espécies com potenciais alimentícios, medicinais e cosméticos, organizada em cadeias tecnoprodutivas de biodiversidade, e exemplificou: “Vamos trabalhar para capacitar o setor econômico, acompanhando todo o processo desde a planta do açaí, passando pela extração do açaí até o processo de embalagem”.
Segundo o coordenador, uma das metas do projeto é capacitar os ribeirinhos de Benjamin Constant, Tabatinga e São Paulo de Olivença, para fazer a gestão em agrobiodiversidade. “Apesar de ter uma duração prevista de 12 meses, a execução do projeto deve acontecer pelo período de dois anos, contribuindo para consolidar o desenvolvimento regional do Alto Solimões”, estimou Sanchez.
Interessados no Paic
O Paic-Indígena tem edital em fluxo contínuo e está aberto para receber propostas de pesquisa de coordenadores de projetos científicos, tecnológicos ou de inovação, financiados por órgão ou entidade pública, que tenham vínculo empregatício com instituições de pesquisa ou ensino superior, institutos de pesquisa e desenvolvimento, públicos ou privados, ou empresas públicas.
Os pesquisadores interessados em participar do Paic-Indígena poderão solicitar até duas bolsas de IC por projeto pelo prazo de 12 meses, para alunos indígenas que estejam cursando a graduação. Os pesquisadores devem apresentar todas as autorizações legais para execução da pesquisa, indicando onde os bolsistas indígenas desenvolverão a pesquisa.
O objetivo do programa é apoiar a execução de projetos de pesquisa científica, tecnológica ou de inovação, financiados com recursos públicos, por meio da concessão de bolsas de iniciação científica a estudantes indígenas.
Conforme a diretora técnico-científica da FAPEAM, Patrícia Sampaio, o programa é pioneiro no país na linha de políticas de ação afirmativa e inclusão étnico-social. Ela explicou que ele estimula a formação para a pesquisa científica e, o mais importante, destina-se a aproximar as práticas científicas das diferentes áreas do conhecimento a povos culturalmente diferenciados. "Isso é extremamente relevante porque coloca em conexão modos distintos de observar a realidade e, por via de consequencia, o modo de pensar ciência e produção de saberes", salientou.
Sampaio salientou que as bolsas para os estudantes indígenas podem ser solicitadas, independentemente da área de conhecimento em que o cientista execute o projeto. Isto é, não é necessário ser pesquisador de Ciência Humanas e Sociais Aplicadas, mas pode ser de Biológicas, de Florestais, da Terra, dentre outras.
A FAPEAM destina recursos financeiros estimados em R$ 414,72 mil para a implementação de 96 bolsas de Iniciação Científica, no âmbito do Paic-Indígena.
Confira o Edital 002/2009 – Paic Indígena – Fluxo contíuo.
Vanessa Leocádio – Agência Fapeam
Fotos: Ricardo Oliveira