Estudantes realizam pesquisa voltada para orientação sexual no contexto escolar
13/06/2012 – Parintins (AM) – Estudantes do Ensino Fundamental da Escola Estadual Brandão de Amorim, no município de Parintins (localizado a 369 quilômetros de Manaus) decidiram investigar como está sendo realizada a orientação sexual no contexto familiar e escolar. Sob a orientação de um professor eles desenvolveram o projeto intitulado ‘Orientação sexual na escola: possibilidades e desafios’ executado no âmbito do Programa Ciência na Escola (PCE).
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O PCE é uma ação do Governo do Estado do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), em conjunto com as secretarias estadual (Seduc) e municipal (Semed) de educação. O objetivo do programa é apoiar a participação de professores e estudantes de escolas públicas na execução de projetos de pesquisa desenvolvidos dentro das escolas.
Ao todo, 12 escolas participaram desta edição do PCE, totalizando 19 projetos em diversas áreas, que vão desde a deficiência visual escolar até o uso de softwares educativos na escola, que juntos receberam cerca de R$ 305 mil, voltados à concessão de bolsas aos participantes e para implementar recursos de apoio à execução das pesquisas.
Exploração sexual
Um dos trabalhos realizados em Parintins orientou alunos sobre como reduzir os casos de abuso e comercialização sexual de crianças e adolescentes. De acordo com o coordenador do projeto, professor Othon Luiz Rodrigues, o fato de Parintins ser uma cidade turística, favorece o desenvolvimento do turismo sexual, principalmente pela falta da orientação dos educadores e da própria família.
Segundo Rodrigues, o projeto foi desenvolvido pensando no grande número de alunos que a escola possui, sendo a maioria proveniente de comunidades carentes. "Nós percebemos que havia um número alto de crianças violentadas sexualmente, segundo dados do Conselho Tutelar, então o nosso projeto veio com o intuito de realizarmos um trabalho para tentar detectar os casos de pedofilia, abuso sexual, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), prostituição, entre outros", destacou.
Ainda de acordo com Rodrigues, a violência sexual engloba as situações de abuso sexual intra e extrafamiliar e as situações de exploração comercial (prostituição, tráfico para fins comerciais, pornografia e turismo sexual). De acordo com o professor, o trabalho realizado na escola contribui significativamente para diminuir os índices de casos de abuso sexual e comercialização sexual no município.
Segundo a estudante e bolsista do PCE, Ana Beatriz Gomes, que fez parte da equipe do projeto, no início da pesquisa a equipe enfrentou dificuldades por se tratar de um tema constrangedor para alguns adolescentes. Mas, por meio do projeto, eles conseguiram passar aos demais colegas as orientações sobre a vida sexual, além da importância do combate às DSTs e até uma gravidez indesejada.
Uma das coisas que a estudante percebeu durante a pesquisa é que na maioria dos casos os pais não dão a orientação correta a seus filhos. “A família tem que passar a dar mais atenção, orientar e conversar com seus filhos. A partir do momento em que isso se torna frequente é possível combater os problemas e ajudar esses jovens a diminuir os riscos das DSTs e os casos de abusos e exploração sexual", informou.
Gomes também relatou que a escola, por meio do projeto, possibilitou que os alunos pudessem esclarecer dúvidas e também verificar casos onde os adolescentes persistem em não seguir as orientações. A estudante espera que o projeto continue na escola para que possa continuar auxiliando as crianças e adolescentes que carecem dessa orientação.
Segundo o coordenador, o projeto foi rico em conhecimento, mas por outra parte dificultoso, pois ao tentar conversar com os estudantes da escola percebeu que o assunto ainda é um tabu entre as famílias. O coordenador revelou que os alunos demonstraram certo medo ao conversar sobre o tema, por isso foram realizadas várias palestras sobre orientação sexual e, por último, aplicado um questionário sem identificação do nome, para poder detectar os casos.
“Na avaliação descobrimos que havia estudantes que realmente sofreram abuso sexual, inclusive dentro da própria família. Para não haver constrangimento entre os alunos, uma professora aplicou avaliação apenas para as meninas e eu apliquei aos meninos, para que todos pudessem ficar à vontade na hora de responder ao questionário”, informou Rodrigues.
De acordo com o professor em torno de 587 alunos participaram das palestras voltadas para orientação sexual, todos na faixa etária entre 11 e 15 anos, porém a avaliação foi feita apenas com 73 alunos, sendo que três afirmaram que sofreram algum tipo de violência sexual.
Avaliação
Para avaliadora Tatiana da Rocha Barbosa, o programa vem demonstrar que é possível fazer ciência na escola. Mestre em Sociedade e Cultura, ela ressaltou que é importante ver a ciência brotando dentro das escolas. “É muito prazeroso observar os trabalhos concluídos. Isso nos dá a certeza de que é possível trabalhar hoje com os alunos, pois eles demonstram empolgação e envolvimento com a pesquisa. Isso é louvável", destacou.
Sobre o PCE
O Programa Ciência na Esocla consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas, sob formas de cotas institucionais, estudantes dos ensinos Fundamental e Médio integrados no desenvolvimento de projetos de pesquisas de escolas públicas do Estado do Amazonas. O programa é realizado pela FAPEAM com o apoio da Seduc e Semed.
Redação: Esterffany Martins
Edição: Ulysses Varela – Agência FAPEAM