Estudo analisa processo de extração de óleo do puxuri com potencial para indústria
Pesquisa deve alavancar estudos sobre características químicas e bioquímicas do puxuri com foco em dar destino adequado para espécie amazônica, promovendo, emprego e renda a produtores rurais do interior do Estado
A extração do óleo do puxuri pode se tornar uma nova alternativa para a indústria de bioprodutos na Amazônia. De acordo com o um estudo realizado pelo pesquisador Eduardo de Souza Mafra com apoio do governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) o processo de extração do óleo essencial de sementes e de partes do puxuri, realizado no município de Borba, pode servir como matéria-prima para produção e comercialização de biofármacos, cosméticos e, até mesmo, como praguicida natural.
O pesquisador informou que as sementes de puxuri foram colhidas no município de Borba uma vez que apesar das dificuldades logísticas e de sazonalidade de produção, é no município que ocorre uma produção mais significativa da espécie. Segundo ele, em Borba, o óleo de puxuri já tem servido de renda para os coletores de sementes.
“Indiretamente o óleo essencial de puxuri tem servido como fonte de renda para algumas pessoas, a partir da atividade de coleta das sementes. O óleo em si não tem uma aplicação popular, apesar de ser usado na medicina doméstica como remédio para problemas intestinais”, disse Eduardo.
Eduardo Mafra informou os resultados encontrados no estudo podem despertar o interesse dos produtores rurais para a criação de plantios comerciais da espécie. A proposta é garantir quantidade suficiente de matéria-prima para o desenvolvimento de um parque industrial, por exemplo.
“Para isso é fundamental que se façam estudos ecológicos e silviculturais sobre a planta: habitat, época de floração, frutificação, coleta e armazenamento de sementes, produção de mudas, época de plantio, nutrição e etc, para que se conheçam as características do puxuri e se possa definir a forma mais adequada de manejo. O município de Borba poderia ser o polo de desenvolvimento dessa cultura em virtude de ser uma cidade que tem o puxuri como uma fonte de renda”, disse o pesquisador.
O estudo também contou com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Fixador natural
Segundo o pesquisador, o puxuri possui a presença da substância safrol, líquido aromático que pode gerar um fixador de fragrâncias. Ele informou que através dos experimentos foi possível identificar o teor de umidade da espécie, o tempo de extração e granulometria das amostras de sementes de puxuri.
Com essas informações o grupo de pesquisa obteve resultados relacionados ao rendimento do óleo essencial e ao teor do safrol.
“Foram feitos outros estudos, não menos importantes, como o estudo anatômico das sementes, ramos jovens e folhas; da cinética da secagem de sementes, ramos finos e folhas de puxuri; análise química, além da toxicidade do óleo e o potencial para a confecção, até mesmo, de sabões”, disse Eduardo Mafra.
Francisco Santos / Agência Fapeam