Estudo aponta grandes emissões de metano na Amazônia


A Floresta Amazônica é uma grande emissora do metano, um dos principais gases causadores do efeito estufa, concluiu um estudo conjunto entre o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/MCT) e a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), órgão de pesquisas norte-americano. A pesquisa acaba de ser publicada na Geophysical Research Letters, edição de 25 de maio, e integra o projeto internacional de pesquisas Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia (LBA), coordenado pelo Brasil, para elucidar o papel da Amazônia no clima global.

Utilizando aviões de pequeno porte, os cientistas coletaram, entre 2000 e 2006, amostras de ar em perfis verticais de até quatro quilômetros de altitude. As medidas foram realizadas em dois pontos de monitoramento nas regiões central e oriental da Amazônia. Verificou-se que a Amazônia está contribuindo para um aumento médio de 34 partes por bilhão (ppb) de metano por ano. Só para se ter idéia, a contribuição mundial para o enriquecimento médio desse gás soma 150 ppb, considerando-se as medidas do pólo Norte ao pólo Sul.

As emissões do metano são originadas de áreas alagáveis, queimadas e processos aeróbicos de plantas. No artigo, os autores ressaltam que as estimativas de emissão de metano destas fontes não são suficientes para explicar as concentrações observadas sobre a Amazônia. O tempo de vida do gás chega a 12 anos.

As medidas do metano foram feitas a partir de cálculos considerando o ar de entrada da bacia Amazônica, obtidos em medidas realizadas nas ilhas Barbados e Ascension, localizadas no Oceano Atlântico. A variação da concentração de metano próxima ao solo e a quatro quilômetros de altura chegou a 200 ppb para uma das coletas realizadas.

Os pontos de medidas, sobre reservas florestais, estão situados próximos às cidades de Santarém – região característica de árvores mais altas e floresta fechada – e Manaus – árvores mais baixas e floresta mais aberta. Na superfície, a concentração do metano é maior e em altitudes maiores as concentrações diminuem, mostrando a floresta como fonte de metano durante o ano todo. Os dados estão disponíveis no site público do projeto LBA.

“Este estudo é bastante representativo da região”, explica Lucianna Vani Gatti, coordenadora da pesquisa no Centro de Química e Meio Ambiente do Ipen. As análises foram feitas no laboratório de Química Atmosférica do instituto, montado de acordo com os padrões da NOAA. “Este laboratório é réplica de um dos maiores laboratórios do mundo em gases de efeito estufa”, acrescenta Gatti.

Outros cinco gases foram medidos: hexafluoreto de enxofre (utilizado como gás traçador da concentração do ar de entrada no Brasil), monóxido de carbono (um traçador de queimadas), hidrogênio, dióxido de carbono e óxido nitroso. Este último é o terceiro maior contribuinte para o efeito estufa, depois de dióxido de carbono e metano. Outros trabalhos contendo as análises dos dois últimos gases estão sendo elaborados.

O metano responde por um terço do aquecimento do Planeta. Em relação ao gás carbônico, sua capacidade de reter calor na atmosfera é 23 vezes maior que o gás carbônico. É liberado, por exemplo, na queima do gás natural, do carvão ou de matéria vegetal e em processo de decomposição de resíduos orgânicos. Atividades agropecuárias (criação de gado e plantações de arroz) também geram emissão de metano.

Assessoria de Comunicação do Ipen

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