Estudo avalia impacto ambiental do lixão no município de Humaitá
22/01/2013 – A sociedade moderna, com um padrão de produção e consumo associado ao crescimento populacional e ao processo de urbanização intenso, está caminhando para a produção de problemas relacionados a saneamento básico, esgoto doméstico e destinação do lixo.
O município de Humaitá (localizado a 590 quilômetros de Manaus) ainda não possui um sistema adequado de disposição final dos resíduos sólidos. Atualmente, o lixo é depositado a céu aberto e queimado em um terreno localizado no quilômetro 10 da BR-319.
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De acordo com pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o despejo incorreto de resíduos sólidos no lixão tem causado impactos ambientais irreversíveis. A conclusão vem do estudo ‘Avaliação dos impactos ambientais sobre a área do entorno do lixão de Humaitá – AM’ realizada pelo mestre em Ciências Florestais e Ambientais da Ufam, Benone Otávio Souza de Oliveira, e coordenada pelo doutor em Agronomia, professor Carlos Alberto Franco Tucci.
O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados para o interior do Estado (RH-Interiorização).
Oliveira informou que o estudo queria identificar a problemática realidade do lixão do município e apontar as melhores formas de mitigação dos impactos causados no meio físico, visando a uma melhor qualidade de vida para a população.
A área do lixão está localizada entre os limites do 54° Batalhão de Infantaria de Selva, da Escola Agrotécnica do Município de Humaitá José Cezário Menezes de Barros e abrange parte da rede de drenagem do Rio Belém, afluente do Rio Madeira.
Impactos Ambientais
O pesquisador esclareceu que para analisar os impactos ambientais do lixão foi utilizada a metodologia de Matriz de Interação de Impacto Ambiental, cujo objetivo é a interação dos impactos ambientais com os componentes do ambiente: solos, geologia, hidrologia, qualidade da água, ar, flora e fauna silvestre e socioeconômica.
“Esse método dispõe em coluna e linha os fatores ambientais e as ações decorrentes de um projeto, sendo possível relacionar os impactos de cada ação nas quadrículas resultantes do cruzamento das colunas com as linhas, preservando as relações de causa e efeito. Percorrendo as filas das matrizes correspondentes a cada uma das ações, é possível detectar as que são potencialmente responsáveis pelo maior número de impactos. Utilizando indicadores que quantificam ou qualificam esses impactos é possível configurar o potencial de impacto de cada ação, de modo útil para fixar medidas mitigadoras de impactos adversos ou amplificadores de impactos benéficos”, explicou Oliveira.
Os resultados dos estudos demonstraram a presença de inúmeros impactos ambientais causados pelo despejo incorreto de resíduos sólidos no lixão de Humaitá. Ao término do projeto, os pesquisadores propuseram a adoção de ações mitigadoras na tentativa de reduzir os efeitos do despejo incorreto dos resíduos sólidos. Entre as medidas estão: conservação da mata ciliar para evitar a poluição dos recursos hídricos; plantação de gramíneas em áreas no entorno do lixão para formar uma barreira de vegetação natural; monitoramento da turbidez das águas superficiais para se avaliar o grau de poluição e contaminação das águas; além da implantação de um aterro sanitário com incineradores para evitar a queima indiscriminada de resíduos no lixão.
Lixões
A prática do uso dos chamados lixões sem nenhum controle sanitário ou ambiental, constitui um problema de saúde pública. No Brasil, estima-se que mais de 90% do lixo seja jogado a céu aberto, gerando uma ameaça constante de epidemias, pois os lixões fornecem condições propícias para a proliferação de doenças.
Além da liberação de gases, a decomposição do lixo gera o chorume, líquido que contamina o solo e a água por compostos orgânicos e íons metálicos. Os resíduos sólidos dispostos a céu aberto também favorecem a proliferação de mosquitos, moscas, baratas e ratos, os quais são trasmissores de inúmeras doenças ao homem.
As áreas destinadas à disposição do lixo, sem a infraestrutura adequada para evitar os danos consequentes dessa atividade, têm seu uso futuro comprometido e são responsáveis pela degradação ambiental das regiões sob sua influência.
Sobre o RH-Interiorização
Esse programa consiste em conceder bolsas de mestrado e doutorado a profissionais graduados residentes no interior do Estado do Amazonas, interessados em realizar curso de pós-graduação, em programa credenciado pela Capes, em instituições sediadas em Manaus ou outro Estado da Federação.
Camila Carvalho – Agência FAPEAM