Estudo avalia perfil de diagnóstico precoce de câncer de mama em Manaus
13/03/2012 – Uma pesquisa feita na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon) vai determinar quanto tempo as mulheres levam para procurar os centros de saúde, quando encontram algum nódulo nos seios ao realizar o autoexame da mama. O trabalho também está investigando quais os fatores predominantes que levam estas mulheres a não procurarem ajuda médica quando encontram algo diferente na região mamária.
O estudo conta com investimentos do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), via Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic) que apoia, com recursos financeiros, estudantes de graduação interessados em desenvolver pesquisas em instituições públicas do Estado.
A pesquisa intitulada ‘O autoexame de mamas e o tempo para busca de assistência no serviço de referência na cidade de Manaus’ está sendo desenvolvida pela estudante de enfermagem Valéria Pacheco Dias, da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra).
De acordo com Dias, o estudo é para saber se o autoexame tem realmente um grande impacto na vida da mulher, se ele influencia ou não as mulheres a buscarem por tratamento. Ela informa que o Ministério da Saúde, atualmente, não preconiza mais o autoexame de toque como seguro para ser feito nos seios.
“Agora temos uma problemática, pois o Ministério da Saúde não preconiza o autoexame de mama como um modo para que a mulher possa encontrar ou perceber algo. Ele diz que o autoexame pode até omitir informações, porque as mulheres o fazem e, às vezes, não encontram nada, ficam seguras e não fazem o exame tradicional”, revelou a estudante.
Dias revela que autoexame segundo alguns estudos deve ser feito, mas apenas para a mulher conhecer melhor o seu corpo. Ela enfatiza que nos Estados Unidos as mulheres conseguem encontrar nódulos de até um centímetro com o autoexame, ou seja, com um tamanho tão mínimo elas conseguem chegar ao serviço de saúde, o que ajuda no tratamento.
Sobre a pesquisa
O estudo iniciou em setembro de 2011 e está sendo realizado com 167 mulheres que tiveram o tumor diagnosticado e que estão em fase de tratamento. Dias diz contente que a sua meta era realizar a pesquisa com 153 mulheres, mas que hoje já ultrapassou esse número e revela que pretende aumentar ainda mais esses dados, conforme o andamento de sua pesquisa.
“A nossa meta aumentou, para a seleção ficamos atentas às mulheres que procuram os mastologistas, depois nós as procuramos para saber que motivo as levou a procurar o mastologista e também para perguntar se já foi diagnosticado o câncer de mama, depois as convidamos para participar da pesquisa”, informou a estudante.
Resultados parciais
Conforme a pesquisa de Dias, o estudo foi realizado com mulheres de 30 a 99 anos, sendo que o maior número das voluntárias se encontra na faixa etária dos 30 aos 49 anos. Na pesquisa, as mulheres foram perguntadas se sabiam sobre o autoexame da mama e 61% disseram que conheciam, porém 31% responderam que já ouviram falar e 8% informaram desconhecer o teste.
Perguntadas se já haviam praticado o autoexame de mama, 46% disseram fazer mais de uma vez por mês, 23% responderam realizar uma vez por mês, 10% disseram não fazer e 2% disseram não saber realizar o teste.
Questionadas se alguém havia as orientado sobre o autoexame, 94% disseram que sim, tendo como meio de informação palestras, mídia audiovisual ou informadas por conhecidos e profissionais da saúde.
Dias revela que dependendo dos resultados espera que com o trabalho possa promover a conscientização e a promoção da saúde, fazendo com que a própria mulher seja a responsável pela sua saúde.
Apoio
Para a estudante, programas como o Paic são de suma importância para os estudantes, pois incentivam o estudante a buscar e a criar gosto pela pesquisa. “O incentivo é muito importante para eu realizar meus estudos e para o meu trabalho. O programa é ótimo e acende o interesse pela pesquisa”, finalizou.
O resultado final deste e dos demais 22 projetos de pesquisas em desenvolvimento na FCecon vai ser apresentado em agosto de 2012.
Sobre o câncer de mama
De acordo com informações do site do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é segundo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom.
No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.
Sobre o Paic
Esse programa consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.
Redação: Esterffany Martins
Edição: Ulysses Varela – Agência FAPEAM