Estudo busca diminuir impacto ambiental das olarias


Uma pesquisa financiada pelo Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa em Empresa (Pappe), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), pretende reduzir o impacto ambiental no município de Iranduba (AM) provocado pela retirada de madeira de árvores nativas para a indústria de cerâmica. O projeto "Sistema de produção de lenha para a região do Iranduba (AM)", da pesquisadora mestre em ciências florestais Cíntia Rodrigues de Souza, está testando quatro tipos de árvores da região com o objetivo de utilizar a que melhor se adaptar para abastecer os fornos das olarias do município.

A pesquisa tem uma boa justificativa e um valor ambiental incalculável. De acordo com a pesquisadora Cíntia Rodrigues, o município de Iranduba apresenta o maior índice de desmatamento do Estado, com índice muito acima da média do Amazonas. "Dados da década de 1990 indicavam que Iranduba tinha 15% de desmatamento da floresta nativa; agora, esse índice deve estar maior. A média do Amazonas é de 2%", explica Cíntia Rogrigues.

Iranduba é o maior produtor de cerâmica e tijolo do Estado e a lenha é o único combustível utilizado no processo de fabricação. Toda a madeira queimada nos fornos das olarias é retirada da floresta. Essa atividade, no entanto, não obedece nenhum critério técnico. "Os cortadores cortam todo tipo de árvores nativas e algumas nem são adequadas para esse tipo de atividade. No meio dessa madeira, também queimam espécies nobres", afirma a pesquisadora.

A pesquisa de Cíntia Rodrigues está testando a Acácia Mangium, a Acácia Auriculisormis, o Taxi Branco e o Bambu. A primeira espécie é a que tem mostrado melhor desempenho. "Avaliamos primeiro o crescimento dessas espécies e agora estamos entrando na fase de avaliação do poder calorífero. As duas acácias já foram testadas e têm um poder bastante alto", adiantou Cíntia Rodrigues. Quanto mais alto o poder de calor da madeira, melhor o rendimento na produção de cerâmica.

Definida a espécie mais adequada à atividade, o próximo passo será o plantio em larga escala para produção de lenha. As acácias, por exemplo, podem ser cortadas com três anos, tempo considerado "bastante curto" pela pesquisadora, comparado ao Eucalipto, muito utilizado no sul e sudeste do país, cuja árvore precisa ter, pelo menos, seis anos.

O projeto já dispõe de seis hectares de árvores plantadas, numa parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e duas empresas do município de Iranduba: a Cerâmicas Rio Negro e a Cerâmicas Monte Mar. A previsão é de que a pesquisa seja concluída em dezembro de 2007.

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