Estudo mostra que abolição de gases evitou destruição da atmosfera
Em maio de 1985, os cientistas Joe Farman, Brian Gardiner e Jonathan Shanklin mostraram ao mundo que o homem é capaz de afetar o equilíbrio do planeta de forma a colocar em risco a própria existência. Em um artigo publicado na revista Nature, os três comprovaram que a camada de ozônio da atmosfera, responsável por filtrar os nocivos raios ultravioleta, apresentava, na primavera, um buraco na região sobre a Antártida, no Polo Sul. A causa? Emissões em larga escala de compostos de cloro, flúor e carbono, os chamados gases CFCs, usados em equipamentos de refrigeração e solventes industriais.
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A descoberta deu início a um amplo debate que levou à assinatura, em 1987, do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, um acordo internacional no qual os países se comprometiam a reduzir a emissão dos CFCs. Nos anos seguintes, o documento, ao qual o Brasil aderiu em 1990, passou por diversas emendas, fortalecendo as medidas de preservação atmosférica. Trinta anos depois do alerta dado por Farman, Gardiner e Shanklin, o esforço deu certo, anunciam especialistas da Universidade de Leeds, na Inglaterra.
Um estudo liderado por Martyn Chipperfield, da Escola da Terra e do Meio Ambiente da instituição britânica, afirma que a camada de ozônio está em muito melhor forma do que estaria sem a assinatura do acordo mediado pelas Nações Unidas. “Nossa pesquisa confirma a importância do Protocolo de Montreal e mostra que nós já tivemos benefícios. Nós sabíamos que ele nos salvaria de uma grande perda de ozônio ‘no futuro’, mas, na verdade, nós já ultrapassamos um ponto em que podemos dizer: estaríamos hoje em uma situação muito pior (se não houvesse o acordo)”, afirma Chipperfield em um comunicado à imprensa.
Embora o protocolo tenha entrado em vigor em 1987, a concentração de substâncias que degradam a camada de ozônio continuou a crescer nos anos seguintes, uma vez que essas substâncias perduram na atmosfera por décadas. Assim, a presença de CFCs e outras substâncias nocivas atingiu o pico em 1993, quando entrou em declínio. Na nova pesquisa, publicada na revista Nature Communications, os cientistas usaram um modelo computacional da química atmosférica para estimar o que teria acontecido à camada de ozônio se a política de preservação não tivesse sido implementada.
“A degradação do ozônio nas regiões polares depende da meteorologia, especialmente da ocorrência de temperaturas baixas a cerca de 20km de altitude. Temperaturas mais baixas causam maior perda”, explica Chipperfield. “Outros estudos que investigaram a importância do Protocolo de Montreal usaram alguns modelos para prever ventos e temperaturas atmosféricas e olharam para algumas décadas no futuro. Mas as previsões desses modelos eram incertas e provavelmente subestimaram a extensão de invernos frios”, completa.
Fonte: Correio Braziliense