Estudo pretende implantar sistema de monitoramento da qualidade do ar em Manaus
Estação de qualidade do Ar foi construída na UEA/EST apoiada pela Fapeam
Atualmente em função da crescente preocupação com o meio ambiente, cresce também a necessidade de avaliar os impactos gerados a partir da poluição ambiental. Pensando nesse contexto o pesquisador e professor Rodrigo Ferreira da Universidade do Amazonas (UEA/EST) realizou um estudo para avaliar a qualidade do ar na Região Metropolitana de Manaus (Manaus, Iranduba e Manacapuru).
O projeto contou com um comitê científico composto por pesquisadores brasileiros e norte-americanos de diversos institutos de pesquisa e universidades. O objetivo do projeto foi a aquisição de uma estação de qualidade do ar que hoje funciona na UEA/EST apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
A ideia de escolher o município de Manacapuru e outros municípios vizinhos como ciclo experimental partiu da análise de estudo que a cidade está vento abaixo de Manaus, ou seja, toda carga de poluição de Manaus vai em direção ao interior, em média em boa parte do ano.

O objetivo do projeto foi a aquisição de uma estação de qualidade do ar que hoje funciona na UEA/EST
Segundo Ferreira, ao longo do ano boa parte do vento de Manaus vai em direção da região o experimento rodou por mais de um ano e os resultados mostraram que na estação seca os níveis de poluição de Manacapuru como, por exemplo, material de particulado de ozônio estavam bem acima dos níveis considerados pelo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
“O vento predomina na nossa região parte do ano de leste para oeste e parte do ano do nordeste para sudoeste, então foi escolhido a cidade para analisar os níveis de poluição daquela região que acreditamos que possam ser de Manaus,” explicou.
Para o pesquisador, há uma grande quantidade de olarias em Iranduba no qual contribui para uma pior qualidade do ar. Na estação seca, durante alguns dias, o ar nesses municípios fica mais poluído que em Manaus. Além disso, o fato destes municípios ficarem localizados vento abaixo da capital faz com que eles recebam, em boa parte do ano, a carga de poluição de Manaus.
“Não sei como funciona a regulamentação das olarias, mas independente disso Manacapuru e Iranduba sofrem um pouco com essa carga de poluição e coloca em uma situação mais vulnerável, em ponto de vista qualidade do ar,” conta o especialista.

O projeto visa fortalecer e incentivar o desenvolvimento de iniciativas que ampliem a formação de recursos humanos em nível de Pós-Graduação Stricto Sensu
Para o professor, as medidas que foram realizadas são de cunho científico, as pesquisas têm uma vida útil e hoje não existe um monitoramento contínuo em diferentes pontos da cidade de Manaus. A UEA tem apenas uma estação piloto de monitoramento e vem tentando novas parcerias para ampliar este monitoramento para outras zonas da cidade de Manaus.
“Já estamos discutindo com algumas secretarias, com o tempo esperamos renovar essa parceria, no primeiro é colocar a estação operacional, que construímos. No segundo momento é ampliar essa rede e no terceiro momento é a gente alertar para os órgãos de controle sobre os níveis de qualidade de ar de Manaus,” explica.
Parcerias
O projeto teve apoio da Fapeam através do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró–Estado) que visa fortalecer e incentivar o desenvolvimento de iniciativas que ampliem a formação de recursos humanos em nível de Pós-Graduação Stricto Sensu – de conhecimento científico e inovação tecnológica no âmbito das Instituições Estaduais de Ensino Superior.
Conforme Ferreira, o fruto de todo esse exercício, foi criado um convênio de cooperação entre a Universidade do Estado do Amazonas e a Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas da Universidade de Harvard (EUA) assinado no dia 21 de maio de 2015.
“Foi uma sucessão de projetos e não um projeto único começamos com um projeto estruturante da Finep 2012 e 2013 em seguida veio o GoAmazon parceria da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) ,Fapeam e Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE).

Ao longo do ano boa parte do vento de Manaus vai em direção da região o experimento rodou por mais de um ano e os resultados mostraram que na estação seca os níveis de poluição de Manacapuru
Atualmente a atividade de monitoramento está sendo realizada na torre do observatório do Museu da Amazônia (Musa) com os alunos de doutorado que também participam do projeto, é realizada uma coleta de amostra de ar na atmosfera embarcado em veículos aéreos não tripulados comercialmente disponíveis (Drones).
“A gente traz essa amostra de ar para o laboratório analisamos e observamos o nível de concentração de orgânicos de voláteis na floresta “
A doutoranda Pós Graduação em Clima e Ambiente, Carla Etefani, explica que a vegetação é responsável por quase toda a emissão de compostos orgânicos voláteis biogênicos (COVB’s), que variam amplamente entre as espécies de plantas, tipo de ecossistema, estação do ano, hora do dia e condições ambientais. Essas diferenças têm efeitos significativos na química atmosférica, na qualidade do ar e do clima, podendo ser indicadores de mudanças nos ecossistemas.
“Estamos realizando observações em campo para as emissões de COVB’s realizadas em torres de localização fixa de drones, pois possuem o potencial de preencher essa lacuna no conhecimento devido à suamanobrabilidade permitindo trabalhar em uma escala intermediária de 100 a 3000 metros. explica,”.
Recursos Humanos
Para Ferreira, um dos aspectos de todas essas pesquisas é atuar fortemente na capacitação dos recursos humanos.
“Já formamos mais de dezenas de alunos envolvendo graduação, mestrado e doutorado e isso fica para o estado e a maioria dos alunos futuramente serão absorvidos aqui para os institutos de pesquisa da região e essa é mão de obra especializada que foi capacitada e formada aqui gerando novos pesquisadores”, finalizou.
Por Jessie Silva
Fotos: Rodrigo Ferreira