Estudo pretende mapear pontos de Leptospirose em Manaus


12/09/2011 – O crescimento desordenado dos centros urbanos, associado ao manejo inadequado do lixo, pode ser uma das causas da proliferação de roedores nas cidades, principais transmissores da Leptospirose, uma doença infecciosa aguda que acomete o homem e os animais, provocada pela bactéria Leptospira.

Segundo os dados da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), em 2007 foram notificados 98 casos de leptospirose em Manaus, sendo a maioria deles ocorridos com pessoas que residem próximos aos igarapés.

Siga a FAPEAM no Twitter e acompanhe também no Facebook

Diante desse quadro, pesquisadores do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD)/Fiocruz na Amazônia, estão realizando análises de amostras de sangue de pessoas que residem ou circulam em áreas de risco de contágio como margens de igarapés e feiras públicas, ao mesmo tempo em que promovem ações educativas para a prevenção contra a Leptospirose, que em muitos casos pode passar despercebida com sintomas leves e em outros causar a morte.

Essas ações são parte do projeto “Epidemiologia da leptospirose humana no município de Manaus, Amazonas – Brasil” realizado pela Fiocruz com o apoio do Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e dos parceiros Ministério da Saúde (MS), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com a colaboração da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Semsa, do Departamento de zoonose de Manaus, Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas e do Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz Rio de Janeiro).  A pesquisa tem por objetivo estudar a incidência e a prevalência da doença na capital do Amazonas, para isso está traçando o perfil da população exposta a risco de leptospirose e identificando as áreas de risco, bem como as épocas favoráveis de contágio.

Estudo ocorreu nas margens dos igarapés de Manaus

Nos meses de novembro de 2010 e março 2011, os pesquisadores, acompanhados de enfermeiros e técnicos de patologia, visitaram casas de palafitas, nas margens de igarapés localizados nos bairros Praça 14 de Janeiro, Cachoeirinha, Glória, Santo Antônio, Compensa 1 e 2, Lírio do Vale, Zumbi dos Palmares, Nova Esperança, Alvorada, Tancredo Neves, Shangrilá e Cidade Nova. vspace=10

Na oportunidade, verificaram as condições de saneamento das casas, aplicaram questionário socioeconômico, desenvolveram atividades de educação ambiental e prevenção da doença, e coletaram sangue dos moradores para análises laboratoriais a fim de detectar se estes já tiveram contato com a bactéria Leptospira.

No início de agosto, os pesquisadores fizeram o mesmo trabalho nas feiras Manaus Moderna, Panair, do Japiim, da Banana, e do Produtor – Zona Leste, com o apoio das comissões gestoras destas, visto que reconhecem ser estes lugares propícios, pelo acúmulo de restos de comida que atraem os ratos dos esgotos das proximidades.

Para a presidente da Comissão Gestora da Feira do Produtor – Zona Leste, Nora Nogueira, esta ação da Fiocruz foi positiva, pois as feiras são locais onde há o acumulo de muito lixo, podendo acarretar uma série de doenças. “Estávamos realizando uma campanha sobre coleta seletiva de lixo, com o objetivo de evitar os transtornos que podem trazer para o local e para a saúde dos nossos trabalhadores e das pessoas que compram os produtos vendidos aqui. A Fiocruz veio contribuir com essa ação e ainda dá a oportunidade de fazer um exame para sabermos se já tivemos Leptospirose ou não”, declarou Nora.

A pesquisadora da Fiocruz e mestre em Patologia Tropical, Luciete Almeida, relatou que os feirantes e guardadores de carro entrevistados informaram que nesses locais, comumente, são vistos roedores e quando há chuvas fortes com formação de poças e lamas, ou enchentes algumas pessoas adoecem e são diagnosticados com leptospirose. “Estamos coletando amostras de sangue e encaminhando para Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz Rio de Janeiro), para conhecer a incidência da doença e as áreas propícias para a proliferação da bactéria”, explicou. Segundo Luciete, em, no máximo, 30 dias, todos os participantes serão contatados para receber o resultado do exame realizado.   

Segundo a coordenadora do projeto e doutora em Biotecnologia, Ormezinda Fernandes, o estudo preliminar apontou uma subnotificação de casos, tendo em vista, que alguns sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, como gripe, dengue, e demais viroses comuns na região, reinterando a necessidade de se realizar uma pesquisa, que subsidie conhecimentos sobre a leptospirose na cidade, ações de controle da doença e programas que alertem a população, orientando-a sobre os aspectos de transmissão da doença, bem como a criação de uma rede de vigilância para melhor comunicação e divulgação dos resultados da análise dos dados epidemiológicos e a espacialização da leptospirose humana em Manaus para um monitoramento contínuo das ocorrências por parte dos setores de zoonose da Vigilância Epidemiológica Municipal e Estadual.

Como se prevenir:

A Leptospira, presente na urina do rato, é disseminada pela água de enchente e penetra no corpo pela pele, principalmente se houver algum ferimento ou arranhão. Então, deve-se evitar qualquer contato com água ou lama provenientes de enchentes, de esgoto ou empoçadas em terrenos baldios, quintais, ou margem de córregos.

Alimentos, medicamentos e água de beber contaminados também transmitem a leptospirose pela ingestão caso haja alguma ferida dentro da boca.

Também se deve eliminar as fontes de “abrigo, água e alimentos”, dos roedores através das seguintes medidas: Acondicionar devidamente o lixo, armazenando-o longe do solo;  Evitar o acúmulo de objetos inúteis e entulhos nos quintais; Manter limpos e desmatados os terrenos baldios e as margens de córregos;  Fechar buracos entre telhas, paredes e rodapés;  Manter ralos e vasos sanitários bem tampados;  Manter alimentos em recipientes bem fechados e a cozinha limpa;  bem como retirar todas as noites os pratinhos de alimentos e água dos animais domésticos.

Foto 2:divulgação

Por  Ana Paula Gioia/ Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD)/Fiocruz na Amazônia

Veja mais notícias >>

Deixe um novo comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *