Estudo propõe alternativas para geração de renda na RDS do Uatumã


04/04/3013 – Diagnosticar os principais meios produtivos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã é o objetivo da proposta de pesquisa do engenheiro florestal do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), André Luiz Menezes, que conta com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA-Áreas Protegidas).

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O projeto será desenvolvido na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, localizada a 380 quilômetros de Manaus. Na área, residem 380 famílias distribuídas em 20 comunidades. A ideia é subsidiar políticas públicas de geração de renda para a localidade, assim como para outras comunidades rurais da Amazônia.

Segundo Menezes, o agroextrativismo é a principal atividade produtiva na RDS do Uatumã. Entretanto, poucos sabem sobre o retorno financeiro que esse sistema oferece e quais são os principais  investimentos a ser realizados para, efetivamente, haver geração de renda na Unidade de Conservação.

Menezes explicou que a geração de renda a partir da agricultura familiar é considerada como prioridade no Plano de Gestão da RDS do Uatumã, mais especificamente em seu Plano de Estruturação para Produção Agrícola Sustentável na região, que compõe o subprograma de apoio à geração de renda do Programa de Apoio às Comunidades.

/O Plano de Gestão também destaca que existem criadores de animais, agricultores que atuam principalmente na cultura da mandioca para produção de farinha e os agricultores que utilizam sistemas multiprodutivos, em que combinam um grande número de espécies em uma mesma localidade com a finalidade de alimentação e renda.

"Os moradores que aderiram ao Programa Bolsa Floresta desde 2008 recebem um recurso anual para apoio a projetos de geração de renda na Unidade de Conservação. O estudo intitulado ‘Jovens Empreendedores Florestais’ propõe capacitar os jovens moradores da RDS do Uatumã para a realização de diagnósticos econômicos nas áreas produtivas a fim de embasá-los nas decisões de investimentos em negócios sustentáveis, buscando a melhoria na qualidade de vida e bem estar das famílias que residem nessas comunidades", ressaltou.

O projeto será desenvolvido por meio de parceria entre a Escola Estadual Yamamay, localizada na comunidade São Francisco do Caribi (interior da RDS do Uatumã) e o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam).

"Os estudantes serão os pesquisadores de campo. Esses alunos ainda serão definidos dentro da metodologia, de acordo com o projeto", disse Menezes.

Metodologia

O projeto está dividido em quatro etapas. A primeira etapa começa com um curso  de formação para os alunos e professores da Escola Estadual Yamamay. No curso serão selecionados os alunos que irão compor a equipe do projeto. A segunda etapa consistirá de identificação das propriedades que serão diagnosticadas. Cada aluno será responsável por realizar o diagnóstico de cinco propriedades, totalizando 25, respeitando a estratificação feita com base no Plano de Gestão da RDS do Uatumã, que indica três formas principais de produção: pecuária, monocultura e multiprodutiva.

Na terceira etapa, os alunos selecionados irão coletar os dados utilizando-se de questionários para o acompanhamento semanal do fluxo de caixa de produtos das propriedades. O processo será realizado por um período de nove meses, por meio de observação de entradas e saídas dos recursos.  Além disso, será identificado também o que foi utilizado da produção para consumo interno pelos produtores e como moeda de troca entre moradores da RDS do Uatumã.

Na quarta e última etapa, será feita a análise estratégica dos dados coletados, fazendo-se uma comparação entre as diferentes modalidades de sistemas produtivos, permitindo visualizar quais arranjos produtivos que podem ser mais rentáveis para a Unidade de Conservação, onde estão os principais gargalos e as principais oportunidades de geração de renda dentre as existentes atualmente. Essa análise estratégica irá gerar uma publicação, que será distribuída no Estado como forma de disseminação do conhecimento para a sociedade.

Resultados esperados

Após a finalização do projeto, a pesquisa espera contribuir com a formação de alunos e professores da Escola Estadual Yamamay e que os mesmos sejam multiplicadores dos diagnósticos produtivos para outras turmas da escola.

A ideia também é que os estudantes estejam aptos a elaborar análises econômicas de seus empreendimentos familiares, aumentando a taxa de sucesso dos mesmos. O estudo busca ainda compreender o modo de produção da RDS do Uatumã para facilitar a aplicação de políticas públicas voltadas à geração de renda.

Projeto

Segundo Menezes, o projeto faz parte de um programa maior dentro do Idesam, denominado ´Incubadora de Negócios Florestais e Extrativistas’. A incubadora tem o objetivo de provar o valor econômico da floresta e promover o estabelecimento de cadeias produtivas compatíveis com o bioma amazônico, como manejo florestal madeireiro e não madeireiro, sistemas agroflorestais e sistemas tecnológicos de baixo impacto ambiental para o beneficiamento de produtos da sociobiodiversidade.

"Com esse intuito, a iniciativa trabalha para o estabelecimento de uma plataforma de apoio técnico, administrativo, comercial e contábil a empreendimentos fundamentados pelo conhecimento tradicional das comunidades do interior do Amazonas", disse o pesquisador.

Para o Menezes, o Programa JCA – Áreas Protegidas contribui com a capacitação de jovens do interior, procurando despertar nos mesmos o interesse pela pesquisa e fixando-os no campo.

"Com o apoio da FAPEAM, nosso projeto saiu do papel, uma vez que há algum tempo todos os envolvidos no projeto procuraram apoio para a execução do mesmo, pois temos ciência que esse estudo pode subsidiar a implantação de políticas públicas. E o  apoio possibilitará esse importante estudo para as comunidades do interior do Amazonas", finalizou.

Sobre o JCA- Áreas Protegidas

 

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O Programa é uma iniciativa da FAPEAM, em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-AM), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Secretaria de Estado Para os Povos Indígenas (Seind), Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO).

O Programa visa apoiar estudantes e professores no desenvolvimento de pesquisas científicas voltadas a questões relacionadas às Áreas Protegidas do Amazonas. Os projetos devem envolver alunos do Ensino Fundamental, a partir do 6º ano, do Ensino Médio da rede pública, EJA, Educação Indígena e de programas de educação rural, além de pesquisadores de instituições de pesquisa ou Ensino Superior ou de organizações governamentais sediadas no Estado.

 

 

Rosa Doval – Agência FAPEAM

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