Estudo visa associar técnicas de piscicultura com reflorestamento
Um projeto do professor João Batista Moreira Gomes, do Instituto Nacional em Pesquisas da Amazônia (Inpa), está buscando soluções para alguns problemas encontrados na criação de peixes e quelônios em cativeiro.
O projeto, intitulado “Introdução ao cultivo de espécies da várzea e do igapó produtoras de frutos e sementes, para dieta suplementar de peixes e quelônios”, não somente visa melhorar a dieta dos peixes, mas pretende também recuperar áreas de matas ciliares perturbadas pelo desmatamento causado nos locais onde os peixes e quelônios são criados.
A pesquisa tenta introduzir espécies arbóreas oriundas de locais de várzea e igapó. “Quando nos começamos a visualizar a possibilidade de trabalhar com espécies de várzea e de igapó, agente imaginou trazer as espécies que já forneciam alimentos para os peixes em seu ambiente natural”, ressaltou Gomes.
Segundo o pesquisador, a intenção é fazer uma combinação entre árvores em cultivo com os animais criados em cativeiro (peixes e quelônios). Desta forma, o projeto pretende recuperar as áreas desmatadas por esse tipo de criação e ao mesmo tempo desenvolver, de maneira mais natural, uma alimentação “alternativa” (sem a utilização de ração industrializada), que proporcionará criações mais saudáveis e irá diminuir as despesas econômicas nesse tipo de criação.
Foi feito um vasto estudo para selecionar as espécies arbóreas da várzea e do igapó, produtoras de frutos e sementes, para compor tais sistemas produtivos. Foram escolhidas 18 espécies de árvores frutíferas, as quais podem produzir frutos em pequena escala na propriedade, para ministrar à criação dos peixes, disponibilizando alimento na entre safra e renda.
Esse estudo poderá ressaltar, aos criatórios racionais de peixes e quelônios, a qualidade da carne e do sabor característico, proporcionando qualidade ao produto criado. E por visar também à recuperação das áreas ciliares perturbadas pelo desmatamento, o projeto já foi solicitado por algumas comunidades do Baixo Rio Negro, que queriam auxilio para melhor cuidar das suas áreas represadas para criação de peixes.
A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e está em processo de “espera”, para saber se todas as propostas são válidas, já que uma árvore demora de quatro a seis anos para começar a dar frutos, mas desde já os estudos feitos começam a demonstrar grandes avanços científicos e tecnológicos.
Caio Mota – Decon/Fapeam