Famílias da Reserva do Tupé criam tambaqui por meio da técnica tanque-rede
Mais de 10 mil unidades de tambaqui-curumim (Colossoma macropomun) já foram produzidas por meio da técnica tanque-rede na comunidade de São João do Tupé, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS do Tupé), localizada a 25 km da capital. O produto é vendido na própria comunidade e comercializado pelos permissionários das barracas da praia nos finais de semana.
O tambaqui-curumim é um sucesso entre os banhistas do local devido o sabor iniguável. Foi o que garantiu a coordenadora do projeto que tem incentivado a criação dos peixes pelos moradores, Ana Cristina Belarmino, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Doutora em Energia Nuclear Aplicada à Agricultura, Belarmino explicou que o trabalho vem sendo desenvolvido com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) desde 2008. Ela disse que o trabalho de campo é feito pelos pesquisadores da Ufam em parceria com as famílias residentes no local.
“Hoje, existem 24 tanques-rede instalados na comunidade. Os tanques são mantidos pelos moradores, que se revezam no trabalho de manutenção. O produto que é considerado nobre entre os peixes regionais é comercializado na própria comunidade por R$ 2,50 a unidade, com aproximadamente 400 gramas”, salientou.
A pesquisa foi realizada por meio de recria e engorda, conforme Belarmino, em tanques-rede com volume de 6m³, em um ciclo de cultivo com duração de seis meses. “O cultivo foi rigorosamente monitorado, obedecendo às boas práticas de manejo e qualidade ambiental, ou seja, um cultivo ecologicamente correto”.
Expansão
A pesquisadora revelou que a intenção é expandir a produção para a criação de outras espécies. Ela informou que, atualmente, estão utilizando os tanques para criação experimental de pirarucu. O objetivo é que o peixe possa ser exposto para visitação turística. Com isso, estarão potencializando o ecoturismo na região.
Inicialmente, a expansão do projeto tinha a finalidade de proporcionar uma fonte de proteína para a população da comunidade. O resultado é que, agora, as pessoas da Reserva do Tupé e das localidades vizinhas não precisam se deslocar até Manaus para adquirir peixe. “Além de gerar renda à comunidade, as famílias podem vender o excedente”, afirmou Belarmino.
Começo
A pesquisa iniciou em 2006 com o projeto do Biotupé, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaonia (Inpa), Edital CTAgro/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 2007, foi selecionado no 11º Concurso Universidade Solidária/Banco Real.
Em 2008, foi aprovado pela FAPEAM com o título “Aspectos socioeconômicos do cultivo comunitário de tambaqui (Colossoma macropomum) em tanques-rede como alternativa produtiva sustentável na RDS do Tupé”. A pesquisa também recebe incentivos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas). Hoje, a secretaria está estudando a possibilidade de incluir o projeto em certificações internacionais.
Vanessa Leocádio – Agência Fapeam
Fotos: divulgação