FAPEAM 10 anos: A missão do primeiro diretor-presidente
01/03/2013 – Ao entrar em funcionamento, com o início dos trabalhos da 1ª equipe no dia 1º de março de 2003, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) viu-se com o desafio de mostrar a que veio. Nomeado por meio do Decreto de 24 de março de 2003, o professor José Aldemir de Oliveira foi o primeiro diretor-presidente da FAP.
Ao mesmo tempo em que trabalhava na composição da equipe, Oliveira tinha a incumbência de fazê-la funcionar. Segundo registros históricos, o primeiro desafio foi o de encontrar uma pessoa, com experiência em gestão em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), para assumir a Diretoria Técnico-científica da FAPEAM (Ditec). O nome escolhido foi o da ecóloga e pesquisadora Nídia Fabré. Definido o nome, outro desafio foi encontrar o diretor Administrativo-Financeiro, cargo preenchido pela contadora Salete Bahia.
Siga a FAPEAM no Twitter e acompanhe também no Facebook
“No mês de março de 2003, quando começamos os trabalhos, iniciou-se a implantação não só da FAPEAM, mas de todo o Sistema de CT&I, que ficou sob o comando da professora Marilene Correa da Silva”, lembrou.
Oliveira frisou que a FAPEAM buscou estruturar-se a partir de políticas governamentais. Ao fazer isso, apoiou-se em três linhas de atuação, são elas: formação de Recursos Humanos (RH), ao conceder bolsas para os cursos de mestrado e doutorado instalados no Amazonas, além de fomentar a criação de novos cursos de Pós-Graduação; atender às demandas dos pesquisadores; e incentivar as pesquisas induzidas. Ele explicou que essas linhas, de certa forma, são a atuação de toda agência de fomento no Brasil. “Eventualmente, também buscávamos financiar a viagem de pessoas que tinham que se deslocar para outros Estados para capacitação”, pontuou.
Em relação às pesquisas induzidas, os trabalhos eram voltados para os Programas Temáticos. Eles focaram as linhas prioritárias do governo do estado no sentido de desenvolver inovações tecnológicas nos setores pesqueiro, florestal, de tecnologias sociais e agronegócio.
“Tratamos de estabelecer uma ligação com o governo federal, que também iniciava uma nova perspectiva de trazer o máximo possível de todos os Programas federais para o Amazonas”, afirmou Oliveira.
História
Em artigo publicado na revista Acta Amazônica, Oliveira descreve como foi sua gestão durante os dois anos e meio em que ficou à frente da FAPEAM. Segundo o ex-diretor-presidente, foi convidado para a FAP por conta de uma costura política, por ser membro filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Contudo, salienta que o trabalho realizado na Agência de Fomento ultrapassou o motivo inicial da escolha.
Inicialmente, o convite lhe espantou, conforme Oliveira, porque construiu sua vida na universidade. Entretanto, sua vontade de contribuir com o avanço da ciência no Amazonas era um sonho de muito tempo. Isto é, o de ter no estado uma instituição que pudesse, com certa autonomia, privilegiar a qualidade e a meritocracia, apesar das ingerências políticas existentes.
“O desafio era monstruoso, porque a FAPEAM, entre março e junho de 2003, era apenas um computador. Não tinha nada. Começamos a construir do estatuto da instituição, até montar a estrutura de funcionários. Ou seja, colocar a Fundação para funcionar. Éramos uma equipe, convidamos professores da universidade sempre com a preocupação de trazer pessoas de várias áreas”, ressaltou.
Para compor o quadro foram convidadas, por exemplo, as professoras Nídia Fabré – área de biológicas; Elizabeth Brocki – área de tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Sidnéia Amadio, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Além disso, o corpo de assessores foi formado com a perspectiva de uma equipe multidisciplinar.
Quem é José Aldemir
Natural do Alto Careiro (distante 102 quilômetros da capital), José Aldemir de Oliveira tem 59 anos e atuou como professor na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Veio para Manaus para estudar, onde se formou em Geografia. Ingressou na Ufam em 1985, como professor colaborador e, três anos mais tarde, entrou para o quadro efetivo. Ao longo de sua carreira, dedicou-se ao magistério desde a década de 1970. Fez pós-graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), onde deu início ao mestrado em 1990. Em apenas um ano migrou direto para o doutorado. Ao final, retornou para a Ufam.
Oliveira construiu sua carreira com o foco na Amazônia, sob a perspectiva de ajudar com o desenvolvimento regional. Exemplo disso é sua tese de doutorado ‘Cidade na selva: urbanização das amazonas’, que estudou as espacialidades amazônicas cuja proposta foi de compreender como as cidades sofreram os impactos da política ‘desenvolvimentista’ para a Amazônia, a partir da implantação do Polo Industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM).
A pesquisa resultou no livro ‘Cidades na selva’ (2000), que não é a tese propriamente dita, mas tem como base os estudos realizados no doutorado. Também publicou a obra ‘Manaus, de 1920-1967: a cidade doce e dura em excesso’, na qual analisa as espacialidades da cidade em crise. A capital amazonense tem sido o objeto de estudos do Núcleo de Estudos e Pesquisas das Cidades na Amazônia Brasileira (NEPECAB/Ufam), coordenado por Oliveira.
Com o jeito simples e correto de falar, Oliveira revolucionou o sistema de financiamento à CT&I na Amazônia Ocidental, em pleno Século XXI. Como um visionário, faz-se entender com clareza e hoje está à frente, desde 2010, de uma das principais instituições de ensino superior do Norte do país: a UEA.
Ulysses Varela – Agência FAPEAM
Fonte: Revista Acta Amazônica – Inpa