Fapeam apresenta os novos projetos do Programa JCA
Ao todo, 29 propostas foram aprovadas, em um edital que prevê um investimento de R$ 1.668.972,66, por dois anos. Em evento que teve início ontem (13/11), pesquisadores apresentaram suas pesquisas.
A formação de recursos humanos é um dos pilares que sustentam o desenvolvimento de um país. Aliar isso à preocupação com as questões regionais e a revitalização dos saberes tradicionais é pensar um futuro ainda mais próspero. É isso o que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) busca ao receber os mais novos projetos de pesquisa aprovados no edital da segunda edição do programa Jovem Cientista Amazônida (JCA). Nesta segunda-feira (13/11), durante a abertura do “1º Seminário de Acompanhamento do JCA” – que se estende por esta terça-feira (14/11), no auditório da Reitoria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) – o comitê científico da Fapeam acompanhou os primeiros passos de algumas das 29 propostas aprovadas.
“Esse é o marco zero do acompanhamento das atividades do JCA, a ser feito de maneira integrada, durante os dois anos de financiamento, com os membros de cada projeto. O nosso objetivo é criar uma relação de cooperação entre todas as partes”, enfatiza a diretora técnico-científica da Fapeam, Elisabete Brocki. Cada pesquisador teve direito a 15 minutos para expor sua proposta, destacando as alterações sugeridas pelo comitê durante o processo de seleção.
Com o objetivo de contribuir para aumentar a competência e a produtividade científica no estado, o Jovem Cientista foi criado em 2003 e atua diretamente com pesquisadores de Instituições de Pesquisa e Ensino Superior (IPES) e organizações governamentais e não-governamentais sediadas no Amazonas.
A Fapeam nomeou nove consultores, sendo cinco Ad doc, responsáveis pela análise e aprovação dos projetos. Eles representam importantes Instituições com ampla experiência em diferentes campos do conhecimento. Entre elas, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade do Estado de São Paulo e o Museu Paraense Emílio Goeldi.
No presente edital, a Fap recebeu, ao todo, 37 propostas, das quais só foram validades as 29. Elas foram distribuídas em três grandes áreas: pesquisa humana, pesquisa rural e pesquisa indígena.
“É preciso que todo o conhecimento gerado nas instituições do estado seja aproveitado. E existe uma demanda da sociedade à espera desse intercâmbio. No JCA, buscamos a integração de estudantes da 5ª a 8ª série além de professores, de modo que as atividades sejam desenvolvidas com eles e não para eles, tornando-os, de fato, participantes de todo o processo”, ressalta Brocki, reiterando que é preciso haver uma descentralização da formação de recursos humanos na região. Para os iniciantes na prática científica, o Programa atua no fortalecimento desse contato e no aumento do interesse dos mais jovens pelo estudo das ciências.
Em virtude da já crescente concentração de investimento e produção científica na capital, o Programa tem como principal foco o interior do estado. A meta é subtrair gradativamente a distância existente entre a ciência e os problemas regionais. Para tanto, nesse edital está previsto um investimento na ordem de R$ 1.668.972,66, que beneficiará, diretamente, 13 municípios.
Segundo dados da Fapeam, a concorrência pelo maior número de bolsas (que vão de apoio técnico, iniciação científica, JCA, entre outras modalidades) foi diversificada. Manaus ficou em primeiro lugar, com oito bolsas, seguida por São Gabriel da Cachoeira, que faturou sete.
Para a diretora, esse significativo desempenho de São Gabriel tem sua origem na atuação da Escola Agrotécnica Federal do município, em conjunto com a ONG Instituto Sócio-Ambiental (ISA), que já contam com experiência em pesquisas voltadas à segurança alimentar, muitas delas financiadas com recursos da própria Fapeam. “Os dois atuando em atendimento às demandas das populações indígenas organizadas”, declara.
Na tarde desta terça-feira, além da finalização das apresentações, haverá um momento para os coordenadores dos projetos esclarecerem suas dúvidas quando ao desenvolvimento das atividades e a resoluções de ordem burocrática.
Resíduos criam alternativas econômicas – Para a professora doutora Claudete Nascimento, a aprovação de seu projeto representará melhoria na qualidade de vida de moradores do Município de Novo Airão. Trabalhando em uma escola da rede estadual de ensino, a pesquisado do Inpa espera capacitar seis estudantes em técnicas de beneficiamento de resíduos madeireiros. Ela espera criar um grupo pioneiro que destaque-se em um campo de trabalho ainda pouco explorado, mas que tem potencial para gerar lucro e ainda contribui para a preservação do meio ambiente.
Por meio de aulas de metodologia do trabalho, desenho industrial e botânica, os bolsistas aprenderão a dar formas a artefatos a partir do resto de madeiras oriundos de estaleiros localizados na região ou doação de órgãos ambientais do estado.
Além dos bolsistas, ainda estão envolvidos dois voluntários e dois professores, um de ciências biológicas e outro de informática. Está prevista a realização de cinco cursos, a serem ministrados por pesquisadores do Inpa. Ao final do projeto, uma comissão avaliará qual produto melhor representa a região, para que este seja o carro-chefe da primeira negociação de venda do grupo.