Fapeam obtém primeira patente com forno de farinha
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) conseguiu este ano sua primeira patente, por meio de um estudo que foi consolidado junto a pesquisadores liderado por Rubem César Souza, doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos (Unicamp) e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Souza teve financiamento para a pesquisa conseguido via Fapeam. O estudo gerou a patente. O trabalho de campo culminou em processo de inovação referente a um “Forno de Farinha Ecológico”. O registro da patente está dividido entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, a Ufam e o grupo de pesquisadores que desenvolveu o estudo de viabilidade funcional para a fabricação da farinha na região amazônica.
“Foi necessário um ano e meio de investimentos para consolidar a proposta inicial, que era de aproveitar melhor a energia gerada pela queima de lenha para torrar a farinha”, explicou Souza. “Boa parte do processo de queima da farinha é semi-industrial no Estado. Mas alguns inconvenientes ainda são observados, tais como o alto consumo de lenha, a fumaça emitida e o calor produzido pelo fogo através das paredes do forno, o que gera problemas à saúde dos que trabalham”, avaliou o especialista no assunto, que é docente na área de engenharia elétrica da Ufam.
Há seis meses, a patente foi consolidada. Agora, está sendo discutida a questão da divisão dos royalties — valor pago ao detentor de uma marca, patente industrial, processo de produção, produto ou obra literária original pelos direitos da inovação — entre Fapeam, Ufam e o grupo de pesquisadores que realizou os experimentos. “Substituímos a queima direta, que era menos eficiente porque usava mais lenha e gerava mais calor, pelo método drawn-draft (queima invertida), que é mais eficiente, consome menos lenha e produz menos calor através das paredes do forno”, especificou Souza.
O professor da Ufam ressaltou ainda que a questão ecológica também foi observada para os trabalhos de pesquisa que culminaram na patente. “Se a quantidade de lenha diminui, os danos ao meio ambiente também são amenizados”, destacou ele.
Eficiência
A eficiência da nova metodologia encontrada para arranjar a lenha de forma que a queima seja mais eficiente e menos danosa à natureza, por conta da diminuição da quantidade de lenha cortada, consiste em não permitir mais que as labaredas entrem em contato com o tacho onde se torra a farinha. “Em vez de colocarmos muita lenha e não termos uma produção eficiente, trabalhamos com um método que visa dispor a quantidade ideal de oxigênio para que o calor gerado pelas labaredas atinja o tacho e não as labaredas em si”, ressaltou.
De acordo com Rubem Souza, a questão da patente está diretamente ligada à disposição da lenha dentro dos fornos. Após os estudos, viu-se que essa disposição geraria mais eficiência para a fabricação da farinha se a lenha fosse arranjada de modo ordenado, segundo o engenheiro elétrico.
Líder da pesquisa
Rubem César Souza liderou os estudos que geraram a primeira patente da Fapeam. Ele possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Amazonas (1989), graduação em Tecnologia Eletrônica pelo Instituto de Tecnologia da Amazônia (1994), mestrado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Itajubá (1995) e doutorado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade Estadual de Campinas (2000). Atualmente, Souza é professor da Universidade Federal do Amazonas. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Geração da Energia Elétrica, atuando principalmente nos seguintes temas: fontes renováveis de energia, eficiência energética e planejamento energético.
Renan Albuquerque – Agência Fapeam