Fapeam promove encontro sobre o novo sistema de avaliação da Capes
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) reuniu nesta quinta-feira (7/11) com docentes, coordenadores de cursos, pró-reitores e discentes de pós-graduação para tratar dos “Avanços no Processo de Avaliação do Sistema Nacional de Pós-Graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (SNPG/Capes)”. O encontro ocorreu no auditório do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam), bairro Dom Pedro, zona centro-oeste de Manaus.
O assunto foi abordado pela diretora de avaliação da Capes, Sônia Báo, que veio a Manaus a convite da Fapeam. Durante a palestra, Sônia apresentou o panorama da pós-graduação no Brasil e esclareceu pontos importantes sobre as alterações na avaliação da Capes.
A diretora comentou que o Sistema Nacional de Pós-Graduação atualmente conta com 4.593 programas e 6.947 cursos. A Região Norte possui 274 programas, sendo 59 do Amazonas. Ela lembrou ainda que ao final de cada ciclo avaliativo o sistema de avaliação passa pela revisão dos seus critérios e procedimentos de atualização das ferramentas, o que fez com que o conselho superior da Capes aprovasse, no dia 10 de outubro de 2018, a Proposta de Aprimoramento de Avaliação da Pós-graduação. Essa nova proposta visa contribuir para o aperfeiçoamento do sistema de avaliação e do processo de indução da qualidade da pós-graduação brasileira stricto sensu.
Sônia Báo disse ainda que 90% da pesquisa brasileira é feita atrelada à pós-graduação e são poucos os institutos de ensino e pesquisa que não têm os cursos. “Os que não possuem têm convênios que trabalham em conjunto com as universidades. A produção de conhecimento e pesquisa no país ocorre no seio das pós-graduações em sua grande maioria”, evidenciou.
PPGs do Amazonas
Na oportunidade, a diretora-presidente da Fapeam, Márcia Perales, reforçou que os Programas de Pós-Graduação (PPGs) do Amazonas ocupam espaço estratégico para a formação de recursos humanos e que não é possível avançar sem pessoas capacitadas e qualificadas. Lembrou que atualmente 86% dos cursos ainda se concentram nos conceitos 3 e 4.

Márcia Perales- diretora-presidente da Fapeam
“Temos aqui 59 PPGs, 82 cursos de mestrado e doutorado. Esse número em anos anteriores era bem menor, temos um avanço a ser apresentado, mas um grande desafio a ser enfrentado e há um conjunto de condições para que possamos avançar. Essa é uma das razões de estarmos reunidos. Temos convergências de objetivos e isso nos fortalece, porque queremos melhorar os conceitos dos cursos e consolidar a pesquisa. Temos resultados e impactos muitos bons, mas precisamos avançar mais para fortalecer a nossa política pública de CT&I e, com isso, contribuir no desenvolvimento socioeconômico do Estado”, pontuou.
Vale destacar o esforço do Governo do Amazonas e seu real compromisso com área CT&I, especialmente com a formação de recursos humanos e apoio aos programas de pós-graduação. Foram provisionados mais de R$85 milhões em 2019 e desse total 50,7% foram destinados à formação e capacitação de recursos humanos, ainda desse percentual, 72% foram investimentos exclusivos para PPGs, por meio do Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu, Programa de Apoio à Publicação de Artigos Científicos (Papac) e Programa de Bolsas de Pós-Graduação em Instituições fora do Estado do Amazonas (PROPG-Capes/Fapeam).
Oportunidade

Da esquerda para a direita- Tatiana Schor – secretaria executiva de CT&I, Jório Albuquerque- secretário da Sedecti; José Pinheiro- de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação do Ifam
O Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Jório de Albuquerque Veiga Filho, destacou que o encontro foi de extrema importância, uma vez que a CT&I exerce papel importante desde a pesquisa básica até a aplicada com a transformação disso em produtos e serviços para a sociedade. “A Avaliação mais ampla faz com que todos queiram progredir nos cursos e nos resultados e esse é grande objetivo do encontro. Temos que estar no mesmo nível e altura das demais regiões do Brasil”, disse, enfatizando que a diferença regional não pode ser um obstáculo para o progresso.
Representando o reitor do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), o pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação, José Pinheiro, disse que o sistema de avaliação da Capes há muitos anos dá o tom da pós-graduação no Brasil e reforçou a necessidade da revisão para avanços no cenário. “As questões que a doutora Sônia Báo colocou são interessantes, mas outras são preocupantes devido às assimetrias regionais. Nossos programas de pós-graduação são novos e a maioria ainda estão com nota 3 e 4, alguns critérios de avaliação podem não olhar para a questão regional a qual passamos, mas isso é um processo e vamos ter que amadurecer com o tempo e nos acomodar nesse novo tipo de avaliação. O importante é que as regras sejam claras para que possamos atuar fortemente e elevar a qualidade dos nossos programas no Estado” comentou.
Para o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em parceria a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Wuelton Monteiro, o encontro, viabilizado pela Fapeam, possibilitou o entendimento, de forma mais ampla, em relação ao processo de avaliação. “Os Pró-reitores e coordenadores têm muitas dúvidas em relação à nova forma de avaliação dos cursos de mestrado e doutorado no Brasil. Esse encontro foi uma oportunidade para tirar várias dúvidas e saber como que a Capes está procedendo nesse sentido”, disse.
Para o diretor do Instituto Lêonidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Sérgio Luz, a iniciativa da Fapeam é importante perante o cenário atual, onde se vê grandes discussões sobre o financiamento da pós-graduação, e o cenário político que vem sendo mostrado. “Vale lembrar, que basicamente esse sistema de proposta de avaliação dos nossos programas de pós-graduação não é uma coisa que começou agora, é algo que já vem sendo anunciado há um tempo, sendo trabalhado dentro da Capes e pelas instituições. Temos que acompanhar esse processo e obter informações diretamente com as coordenações de avaliação, para que possamos sugerir, tirar dúvidas, confrontar os questionamentos e as posições para, de forma mais clara, vermos as transformações dos novos apontamentos que estão sendo reportados”, disse.
Por: Esterffany Martins
Fotos: Érico Xavier