Fapeam vai repensar a distribuição de bolsas por área
Instituição vai discutir modelos para quebrar a concentração de bolsas na área de ciências biológicas, que recebem 60% das bolsas de mestrado e doutorado oferecidas pela FAP
O diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Odenildo Sena, reconheceu, nesta quinta-feira, a necessidade de a instituição repensar a distribuição de recursos investidos no financiamento de bolsas de estudo de mestrado e doutorado por área de conhecimento.
Em apresentação feita no seminário “Pesquisa, Desenvolvimento e Formação Pós-Graduada na Amazônia”, parte da programação da Feira Internacional da Amazônia (Fiam 2008), Sena mostrou que 60% das bolsas de mestrado e doutorado concedidas via Fapeam estão na área de ciências biológicas. As ciências humanas têm 14% e as engenharias, apenas 1% das bolsas concedidas a pesquisadores que cursam pós-graduação no Amazonas.
Entre os que cursam mestrado e doutorado fora do Estado, o cenário muda ligeiramente, mas não deixa de preocupar o dirigente da instituição: 13% são das engenharias e 32%, das ciências humanas.
“É preocupante que 60% das bolsas estejam com pesquisadores da área de ciências biológicas. Isso faz sentido pela vocação da própria região, mas há uma preocupação face à necessidade de equilibrar as áreas. As engenharias, por exemplo, são fundamentais para atender à demanda do Distrito Industrial”, disse Odenildo Sena.
O presidente da Fapeam afirmou que vai propor ao secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, José Aldemir de Oliveira, que as instituições ligadas à pesquisa façam uma reflexão sobre os dados produzidos pela Fapeam. “Esses dados nos motivam a repensar a forma de distribuição dos recursos. Antes, lançávamos os editais e não nos preocupávamos de que áreas vinham os projetos. Agora, penso que há a necessidade de indução dos editais”, disse. A indução seria dirigir os editais para as áreas que carecem de maiores investimentos em pesquisa.
Desde 2003, os investimentos na pós-graduação no Amazonas possibilitaram ao Estado dobrar os cursos de mestrado e doutorado. Os primeiros passaram de 12 para 39 cursos e os de doutorado, de cinco para 18. O número de doutores saltou de 433 para 863 em pouco mais de cinco anos.
Outro ponto de destaque feito pelo diretor da Fapeam foi a elevação dos valores das bolsas de mestrado e doutorado no ano passado. Os mestrandos que estudam em instituições fora do Amazonas passaram a receber R$ 1.762 e os de instituições locais, R$ 1.356. Para doutorandos, as bolsas são de R$ 2.610 (para fora do Estado) e R$ 2.008 (para quem está no Amazonas).
Valmir Lima – Agência Fapeam