Fenômenos da fala podem estar em extinção
Expressões utilizadas no cotidiano das pessoas que moram em Itapiranga e Silves, municípios amazonenses localizados no Médio Amazonas, como “buto” e “canua”, podem estar desaparecendo. Não se sabe ao certo quais os motivos, mas a causa pode estar relacionada às interferências da televisão e da escola. Essa é apenas uma das hipóteses levantadas pelos pesquisadores que trabalham com a dialectologia (estudo dos dialetos em que a língua se diversifica).
Segundo a mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura da Amazônia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lúcia Helena Ferreira da Silva, que investigou o comportamento da vogal “o” nestes municípios, a maior dificuldade foi de encontrar informantes, pois nem todos se enquadravam nos critérios estabelecidos pela sociolinguística e geolinguística.
Silva afirmou que o principal desafio para realizar a pesquisa foi encontrar pessoas que se enquadrassem em alguns critérios específicos, tais como: ser analfabeto ou ter cursado até a 4ª série do ensino fundamental, ser natural da cidade, ter dentição completa e não ter saído da cidade nos últimos três anos.
“As diretrizes são importantes porque garantem a legitimidade do trabalho e asseguram que influências exteriores, como a televisão, a escola e o contato com pessoas de fora não influenciem no resultado”, salientou.
Durante as pesquisas de campo, foram aplicados questionários e ouvidas 12 pessoas, sendo seis homens e seis mulheres, entre 18 a 56 anos. A pesquisadora explicou que o número reduzido se deve à necessidade de ouvir essas pessoas, em alguns momentos, durante horas para poder identificar as variações por meio de conversas livres. O projeto foi concluído em dezembro de 2009.
Os dados obtidos, conforme Silva, foram transferidos para um sistema de computador, a fim de gerar as cartas fonético-fonológicas. É uma espécie de mapa que mostra os locais onde ocorrem as variações linguísticas.
Kelly Melo e Luís Mansuêto – Agência Fapeam