FMT e Fiocruz realizam estudo inédito para tratamentos menos invasivo aos pacientes com Hepatite D


Estudo pretende apontar novas estratégias de monitoramento da evolução do quadro dos pacientes com a adoção, pelo sistema público de saúde, de uma tecnologia que pode substituir o tradicional exame de biópsia

FMT e Fiocruz realizam estudo inédito para tratamentos menos invasivo aos pacientes com Hepatite D

A Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), vinculada à Secretaria Estadual de Saúde (Susam), e a Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro (Fiocruz/RJ) estão realizando um estudo inédito no mundo, na área de diagnóstico e acompanhamento de pacientes com Hepatite tipo D (causada pelo vírus Delta).

Um dos objetivos do estudo é apontar novas estratégias de monitoramento da evolução do quadro desses pacientes com a adoção, pelo sistema público de saúde, de uma tecnologia que pode substituir o tradicional exame de biópsia. Trata-se de um método não invasivo, que utiliza o mesmo princípio das ultrassonografias, e permite avaliar o nível de fibrose (endurecimento do fígado), informação importante para a definição do tratamento adequado.

A incidência da Hepatite D está restrita a determinadas regiões no mundo, entre elas o Sudoeste do Amazonas. “Este estudo e a contribuição que ele se propõe a dar têm grande importância para nossa região. A tecnologia que estamos testando, de forma inédita em pacientes com Hepatite D, foi desenvolvida na Europa, já é utilizada em vários países, mas, no Brasil, ainda está restrita a alguns serviços privados. Para os pacientes, seria um ganho se o Sistema Único de Saúde pudesse assimilar esta nova tecnologia, que é inclusive mais segura para portadores da doença”, afirma a diretora-presidente da FMT, Graça Alecrim.

Denominado de “Estadiamento da fibrose hepática de pacientes infectados pelo vírus da Hepatite Delta por métodos não invasivos na região Norte do Brasil (Fibro-Delta-Brasil)”, o estudo está sendo conduzido pelo pesquisador Marcus Lacerda, da FMT e Fiocruz/Amazônia; o hepatologista Hugo Perazzo, da Fiocruz/RJ; o gastroenterologista Flamir Victoria e a infectologista Marilu Barbieri Victoria, ambos da FMT.

Na semana passada, 100 pacientes com Hepatite D que já são acompanhados pela FMT, foram avaliados pela equipe e submetidos ao exame de Elastografia Hepática Transitória, a técnica não invasiva também conhecida como FicroScan.

Nova técnica

FMT e Fiocruz realizam estudo inédito para tratamentos menos invasivo aos pacientes com Hepatite D

Marcus Lacerda explicou que o equipamento utilizado no atendimento dos pacientes pertence à Fiocruz/RJ e foi trazido a Manaus especialmente para permitir a coleta de dados para o estudo.

Marcus Lacerda explicou que o equipamento utilizado no atendimento dos pacientes pertence à Fiocruz/RJ e foi trazido a Manaus especialmente para permitir a coleta de dados para o estudo.

“Reunimos os pacientes, muitos deles vindos do interior do Estado, e executamos uma agenda de atendimentos para que todos passassem pelo exame com o equipamento. Em breve, devemos publicar os resultados do estudo e esperamos poder auxiliar e estimular o Ministério da Saúde na decisão de adotar a nova tecnologia”, disse Lacerda, que também é diretor de Ensino e Pesquisa da FMT.

O gastroenterologista Flamir Victória destacou que a biópsia – o método tradicional de medir o nível de fibrose do fígado – expõe o paciente com Hepatite Delta a riscos.

“Os níveis de plaqueta do sangue de um paciente infectado pelo vírus Delta são mais baixos, o que expõe esses indivíduos a um maior risco de sangramento no processo de coleta de amostras do fígado, para a posterior realização de exame histopatológico, em laboratório”, disse o médico.

O Fibroscan, segundo ele, permite avaliar o nível de fibrose do fígado num processo que não exige internação, não expõe o paciente a risco de sangramentos e, ainda, com um laudo em tempo real.

Segundo o hepatologista Hugo Perazzo, da Fiocruz/RJ,  o equipamento que realiza a FibroScan tem, inclusive, uma versão portátil que, no caso do Amazonas, tornaria viável a utilização em atendimentos levados ao interior do Estado, sobretudo às áreas de maior incidência da doença, como algumas regiões do Alto e Médio Solimões.

“Nosso estudo, de forma inédita, pretende consolidar informações sobre a utilização desta tecnologia em pacientes com Hepatite Delta, de forma a mostrar seu desempenho diagnóstico no estadiamento da fibrose hepática”,  disse Perrazo.

Fonte: Secom

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