Fungicida à base de piquiá é testado contra pragas agrícolas


20/02/2012 – Sabe-se que o piquiá (fruto, planta, madeira, casca, caroço) possui inúmeras aplicações, entre elas como isca para caças, na fabricação de óleo de cozinha e a utilização de sua madeira na construção civil e naval. Entretanto, seu uso vai além. Foi o que mostrou a pesquisa desenvolvida pela mestranda em Biotecnologia e Recursos Naturais, Paula Mara Rodrigues Valente. Em testes realizados com o fungicida à base de extrato de piquiá, em lavouras de hortaliças no município de Parintins, o produto inibiu a germinação de conídios (esporo assexual existente em fungos) em até 90% dos exemplares patogênicos (do gênero Fusarium).

Denominada ‘Potencial Fungicida de Extrato Foliar de Caryocar villosum (piquiá)’, a pesquisa está em andamento na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e conta com o apoio do Governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (Posgrad).

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O projeto teve como objetivo analisar plantas amazônicas com potenciais fungicidas, para o controle biológico através de extratos (etanólico, metanólico e água) em áreas de produção de hortaliças (alface e pimentão). As coletas foram feitas nas comunidades ribeirinhas do Zé Miri e Máximo Betel, localizadas na região da Vila Amazônia.

Durante as análises, a pesquisadora verificou que as folhas, a casca da árvore e a polpa do fruto são ricas fontes de taninos, substâncias que atuam na defesa contra o ataque de insetos, além de estarem relacionados com a inibição do crescimento de microrganismos. “Há alguns anos se tem buscado alternativas menos agressivas à lavoura para o controle de pragas agrícolas”, afirmou.

Segundo Valente, os agricultores enfrentam o desafio de produzir hortaliças sem o uso de agrotóxicos, uma vez que são prejudiciais à saúde. Todavia, ela explicou que somente com pesquisas se podem criar alternativas viáveis.

Apesar dos resultados positivos, novos testes serão realizados. A ideia é identificar os compostos secundários existentes no piquiá que conseguiram inibir o crescimento do fungo. A pesquisadora explicou que não há muitas referências sobre o estudo dessa planta. Por isso, foi preciso explorar novos compostos secundários produzidos por vegetais usados contra o ataque de microrganismos.

“Os testes foram realizados in vitro e o fungo isolado foi novamente inoculado na planta para confirmar a patogenicidade. Os extratos da folha foram obtidos através de dois meios: quente e frio e foi feita uma análise de sua atividade sobre os fungos (Colletotrichum sp e Fusarium sp)”, informou.

Conhecimento tradicional

Normalmente, moradores de comunidades ribeirinhas utilizam a madeira da árvore de piquiá para a construção de embarcações. A procura se deve à densidade do tronco e por não sofrer ataques de insetos ou microrganismos, o que despertou o interesse da pesquisadora. “Pensei: quais propriedades químicas a planta possui que ajudam a afastar os insetos? Resolvi pesquisar”, afirmou.

Posgrad

Esse programa consiste em apoiar, com bolsas de mestrado e doutorado, e auxílio financeiro, as instituições localizadas no Estado do Amazonas que desenvolvem programas de Pós-Graduação Stricto Sensu credenciados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Redação: Nefa Costa
Edição: Luís Mansuêto – Agência FAPEAM

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