Fungo acelera diagnóstico
A mestranda em Patologia Tropical da Ufam/Inpa, Alita Moura de Lima, 25, conseguiu desenvolver um método para identificar mais rapidamente micobactérias da tuberculose. Ela trabalhou em parceria com a Embrapa, onde, através do estudo de 315 fungos existentes na planta conhecida como Pimenta-de-Macaco, identificou um tipo que acelera o crescimento dos bacilos de Koch. Com isso, o diagnóstico, que hoje demora cerca de dois meses pra ser realizado, pode ser feito agora em até uma semana.
Na mesma pesquisa foi constatado que outros quinze fungos da mesma planta produzem substâncias que matam as micobactérias. Essas também são importantes, porque representam possibilidades de criação de novas drogas para o tratamento da tuberculose.
As pessoas beneficiadas serão aquelas que têm boas defesas imunológicas, mas que são portadoras do bacilo. Na literatura médica, elas são identificadas como pacientes evasivos, segundo pesquisa da doutora Francisca Briglea. Alita foi buscar na biodiversidade da floresta a resposta para um problema crônico da saúde pública. Amanhã, às 16hs, no auditório da Biblioteca do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), ela defenderá sua dissertação de mestrado, frente a uma banca de três doutores, um da Ufam e dois do Inpa.
Pesquisadoras
Como ela, outras três pesquisadoras desenvolvem trabalhos com fungos de plantas, com o objetivo de encontrar resultados similares. Nesta direção estão Clarice Maia Carvalho, Juliana Sarmento Rocha Leal de Oliveira e Ana Cláudia Alves Cortez, todas atuando no Laboratório de Micobacteriologia do Inpa, que é coordenado pela doutora Julia Ignez Salem, que também é a orientadora de Alita.
Com financiamentos da ordem de R$ 140 mil, sendo R$ 94 mil pelo CNPq e R$ 46 mil através da Fapeam, a pesquisa da jovem cientista, que nasceu em São Vicente, no litoral paulista, mas mora em Manaus há três anos, se destaca pelo tempo recorde em que conseguiu seus resultados teóricos/práticos, que serão apresentados amanhã.
Casos
A tuberculose continua sendo um mal que afeta a saúde pública de maneira contínua. No Amazonas foram registrados 2.099 casos no ano passado e 2092 em 2005, para populações de 3,311 milhões e 3,232 milhões, respectivamente, segundo dados do Programa Estadual de Controle da Tuberculose. O agravante está no coeficiente de incidência que foi de 64,7 sobre 100 mil habitantes em 2005 e de 63,3 em 2006. O cenário é delicado, porque estes números são parecidos com os do Rio de Janeiro – em termos de coeficiente – , o que coloca o maior Estado da Federação como um dos líderes no ranking nacional.