Gene que determina sexo de abelhas é isolado para pesquisa
Para surpresa do pesquisador, os genes sequenciados são muito similares aos de fem de abelhas africanizadas, as Apis melliferan. “Provavelmente, há milhões de anos, as espécies tinham o mesmo gene, o qual teria sido duplicado e seguido trajetória diferente mais tarde”, destacou Silva.
A pesquisa foi desenvolvida nos laboratórios de genética do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Ufam e do Centro Universitário Nilton Lins. As abelhas são consideradas agentes polinizadores e, consequentemente, elementos principais na cadeia ecológica da floresta.
Para Silva, o fato dessas abelhas serem nativas e, portanto, terem co-evoluído com as espécies de plantas da floresta, significa que esses insetos são imprescindíveis para a fecundação das plantas e de sua frutificação, dando alimentos a outros animais e perpetuando as árvores, arbustos e lianas.
As abelhas nativas sem ferrão, segundo o pesquisador, são de extrema importância para o bioma amazônico e para as comunidades de criadores. “Saber qual é o grau de diversidade desse gene de determinação sexual em uma população, pode levar a estimativas seguras do número mínimo de colônias que devem e podem ser mantidas numa área sem que haja prejuízo para a espécie e/ou declínio de produção de mel”, destacou.
Financiada pelo Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), a pesquisa teve como objetivos verificar se havia presença do gene responsável pela determinação do sexo nas abelhas nativas da Amazônia, caracterizá-lo, além de verificar a variação na população desses insetos.
A importância do estudo
Segundo o pesquisador, o gene também existe na abelha doméstica (Apis melliferan), conhecida entre nós como abelha africanizada. “Por meios indiretos, sabemos que esse gene, ou similar, existe nas nossas abelhas nativas da Amazônia. Para que exista uma população desses insetos tão importantes acredita-se que haja uma variedade desse gene”, disse.
Todavia, Vieira faz a seguinte observação: no caso de pequenas populações, os cruzamentos ficam restritos, o que acarreta o nascimento de uma quantidade enorme de machos, chegando a 50% da colônia, levando ao colapso do ninho. “Portanto, em criatórios de abelhas nativas, atividade chamada de Meliponicultura, e em regiões de fragmentos de mata, onde essas populações estão em baixa diversidade, existem menos variantes do gene disponíveis para cruzamento – uma ameaça à sobrevivência dessas populações”, completou.
Sobre o PIPT
Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT) consiste em apoiar, com auxílio-pesquisa e bolsas, mestres e doutores vinculados a instituições públicas e privadas sem fins lucrativos interessados em realizar pesquisas científicas e tecnológicas no Amazonas.
Foto 1: (Agência FAPEAM)
Sebastião Alves – Agência FAPEAM