Genética e dieta amazônica indicam saúde e longevidade dos idosos ribeirinhos


 08/06/2011 – As relações entre o consumo do guaraná, o modo de viver em comunidades ribeirinhas e a dieta amazônica dos idosos no município de Maués (a 356 quilômetros de Manaus via fluvial) indicam que os fatores ambientais são primordiais na manutenção da saúde e longevidade destes indivíduos.

A percepção desses aspectos faz parte do resultado de estudos da primeira etapa do projeto ‘Idoso da Floresta: indicadores de longevidade e fragilidade’, desenvolvido pela Universidade Aberta da Terceira Idade (Unati), vinculada à Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

O projeto, iniciado em 2007, acaba de receber recursos por mais 12 meses, a partir de bolsa concedida à professora Ivana Beatrice Mânica da Cruz, na modalidade Pesquisador Visitante Sênior, para viabilizar a continuidade no desenvolvimento das atividades. O trabalho é coordenado pelo pesquisador Euler Esteves Ribeiro, diretor da Unati/UEA.

Segundo Beatrice, a partir dos estudos iniciados em 2007 –  sobre o envelhecimento da população do Amazonas – em que foram avaliados os idosos moradores de Manaus e os ribeirinhos de Maués, foi possível construir uma base de informações para o avanço em pesquisas  sobre outros grupos populacionais habitantes da Região Amazônica. “Deste modo, implementamos o projeto Maués, que investiga como vive o idoso ribeirinho. A nossa expectativa é poder, em médio prazo, estender nossos estudos aos povos indígenas do Amazonas”, projetou.

A pesquisadora reconhece ser um grande desafio, já que cada povo tem suas características culturais e genéticas a serem respeitadas. “Teremos de adaptar nossos instrumentos de pesquisa para entendermos o processo de envelhecimento nestes grupos étnicos diferenciados. Será uma tarefa árdua, mas seguramente um grande sonho de qualquer pesquisador biogerontólogo”, acrescentou.

Alimentação e longevidade

O fator ambiental de destaque na saúde dos idosos ribeirinhos, conforme a pesquisadora, é a alimentação. Por conta dessa percepção, o projeto trabalha com a hipótese de que a dieta amazônica tem grande relevância, especialmente quando se compara com a longevidade do idoso da capital.

Ivana Beatrice enfatiza que os indicadores de saúde e fragilidade dos idosos de Manaus, inseridos na Estratégia de Saúde da Família, são muito similares aos observados nas regiões brasileiras consideradas mais desenvolvidas (Sul e Sudeste). “Observou-se alta prevalência de diabetes do tipo 2, hipertensão, obesidade e colesterol alto. Entretanto, quando comparamos 1.509 idosos de Manaus com 1.805 idosos de Maués, percebemos que nos ribeirinhos a incidência destas doenças é bem mais baixa”, avaliou.

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Com essas indicações, diz a pesquisadora, o trabalho envolve a tentativa de elucidar fatores genéticos que podem estar associados a estes índices menos elevados. Outro aspecto a ser salientado é que a idade média do idoso de Maués é maior que a idade do idoso de Manaus.

A segunda etapa do projeto servirá para consolidar os primeiros resultados e investigar os aspectos genéticos relacionados à longevidade. 

Efeitos benéficos do guaraná 

O estudo realizado em parceria com Unati/UEA faz parte da tese de doutorado da farmacêutica Cristina da Costa Krewer, do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica Toxicológica – UFSM.

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De acordo com a pesquisadora, estudos feitos na Região Sul do País também mostraram outros efeitos benéficos do guaraná na diminuição, por exemplo, do colesterol ruim oxidado (LDL-oxidado), na modulação do óxido nítrico, que é um composto importante para o vasorrelaxamento dos vasos sanguíneos, estando relacionado com disfunções cardiovasculares e sexuais.

Os resultados também sugerem que o guaraná pode agir na proteção do sêmen humano exposto ao metilmercúrio.

Outros resultados de pesquisas com o guaraná sugerem que o alimento tem propriedades antitumorais, na memória, depressão, além de ser antiobesogênico.

FAPEAM

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) prorrogou em  março de 2011, por mais 12 meses, o tempo para a conclusão da pesquisa, que conta com o apoio da FAP por meio de uma bolsa na modalidade Pesquisador Visitante Sênior (PVS), no âmbito do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa – Pró-Estado, a fim de possibilitar o desenvolvimento das atividades inerentes ao projeto foram liberados recursos financeiros na ordem de R$ 73 mil.

 

 Alessandra Karla Leite

Agência FAPEAM

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