Grávidas apresentam forma mais grave da malária em 20,56% dos casos no AM
Em Manaus, 20,56% dos casos de malária na gravidez são infectados pelo Plasmodium falciparum (protozoário que transmite a forma mais perigosa da doença), com os índices mais altos de complicações e mortalidade.
Os dados são resultados da pesquisa “Malária & Gravidez na Região Amazônica: Diagnóstico, tratamento e acompanhamento clínico- laboratorial em pacientes da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM)”, realizada por meio do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR), fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), com aporte de R$ 50 mil.
De acordo com a coordenadora do projeto e doutora em Medicina Tropical, Flor Ernestina Martinez-Espinosa, da FMTAM, o objetivo do projeto era avaliar, durante o episódio, o período agudo da doença e acompanhar, até o parto, a gestante infectada pela malária. “Destacamos a apresentação clínica e laboratorial em relação à gestação e ao recém-nascido”, disse.
A pesquisa aponta que foram identificados 535 episódios de malária em grávidas na FMTAM no período de quatro anos. Destas, 417 gestantes possuíam baixa escolaridade, 79,7% desse total eram predominantemente casadas ou tinham união estável e 64,4% apresentavam ocupação do lar.
A pesquisa revelou também que, dos 535 episódios de malária, 78,69% das infecções foram causadas pelo P. Vivax e 0,75% pela associação dos dois parasitas (malária mista). A malária P. falciparum é a espécie que causa a doença na forma mais grave. Já a malária P. vivax geralmente não causa doença mortal e é o mais prevalente, existindo nas áreas tropicais e também em algumas áreas temperadas.
Resultados
De acordo com a pesquisadora, foram identificados dois casos de malária congênita nos recém-nascidos (RN). “Foram detectados no momento do parto, com presença de parasitas no sangue periférico materno”, explicou.
A pesquisa revelou ainda que 35,88% das gestantes tinham menos de 22 semanas de gestação, sofrendo risco de aborto. Do total, 55,14% estavam entre 22 e menos de 37 semanas em risco de parto prematuro. A ameaça de aborto ocorreu em 25,5% das gestantes em risco, 1% dos casos teve aborto e 1% apresentou parto prematuro.
A pesquisadora afirmou que é mais barato identificar o problema e dar maior atenção às pacientes acometidas de malária na gestação do que tratar as consequências. “Os partos prematuros, por exemplo, demandam vagas nas UTIs neonatais a um custo econômico e social muito alto”, avaliou.
Saiba sobre o DCR
O objetivo do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR) é estimular a fixação de doutores com experiência em ciência, tecnologia e inovação em instituições de pesquisa e/ou de ensino superior, institutos de pesquisa, empresas públicas de pesquisa e desenvolvimento, sediadas ou com unidades permanentes no Estado do Amazonas.
Diminuir as desigualdades, em microrregiões de baixo desenvolvimento científico e tecnológico do Estado do Amazonas, assim reconhecidas pelo CNPq e FAPEAM, atuando em duas vertentes: regionalização: caracterizada pela atração de doutores para instituições acadêmicas e institutos de pesquisa do Estado do Amazonas. Nesse caso, não é permitida a concessão da bolsa a doutores formados ou radicados no próprio Estado; e interiorização: caracterizada pela atração de doutores para microrregiões de baixo desenvolvimento, fora das áreas metropolitanas e que permite a concessão da bolsa a doutor formado ou radicado no próprio Estado.
Vanessa Leocádio – Agência Fapeam