Importâncias de novas FAPs para a região Norte será discutida na reunião do Confap, em Belém


Os impactos positivos de uma fundação estadual de amparo à pesquisa na vida das pessoas, sobretudo em uma região com as peculiaridades da Amazônia, serão apresentados e discutidos na região do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), que acontecerá nos dias 9 e 10 de julho, em Belém (PA), durante a 49ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

De acordo com o presidente do Confap, Odenildo Sena, a decisão de levar a reunião da entidade para a SBPC tem como objetivo sensibilizar autoridades políticas dos estados do Norte para importância de uma FAP na melhoria da qualidade de vida da população. Como exemplo concreto, serão apresentadas as ações da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que já investiu R$ 70,5 milhões em programas de apoio à ciência no Amazonas, no período de 2003 a 2006.

“Diante desse investimento, é inimaginável pensar o Estado do Amazonas sem a Fapeam. E, certamente, não seria diferente com outros estados. Mas é preciso que as autoridades públicas do Pará e dos outros estados entendam e percebam o que uma FAP pode significar na vida do cidadão, do ribeirinho, do indígena”, diz Sena, que também é presidente da Fapeam.

A conferência de abertura será feita pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga, às 14h do dia 9. O tema é “Investimentos em C&T no Estado do Amazonas: impactos e desafios”. Além dele e de Sena, estará presente também o secretário de Estado da Ciência e Tecnologia do Amazonas, José Aldemir de Oliveira, primeiro diretor-presidente da Fapeam.

É a primeira vez que o Confap se reúne na região Norte, na condição de conselho. Esse status só foi adquirido no ano passado e abrangeu também o Conselho Nacional de Secretários de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consect) – ambos nasceram como fóruns nacionais. Como a idéia é mobilizar tomadores de decisão, foram convidados, para a conferência de abertura, todos os governadores dos estados da Região Norte, secretários de estado, reitores, dirigentes de instituições de ensino e pesquisas, a comunidade científica e empresarial.

Ainda no primeiro dia, às 16h, haverá o debate “CNPq e as FAPs: Os planos do primeiro e as expectativas dos segundos”, com participação de Marco Antonio Zago, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), coordenado por Odenildo Sena. Em seguida, membros do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), do Confap e das fundações de amparo à pesquisa estaduais de várias regiões sentam à mesa para debater o “Plano de ações C,T&I 2007 – 2010”, que deve nortear os investimentos em pesquisa até a virada da década.

No segundo e último dia, está programada a mesa-redonda “Fapesp 45 anos: a experiência que deve ser imitada”, liderada pelo presidente da entidade, Carlos Vogt. Em seguida, haverá um momento para a troca de experiências entre as FAPs presentes (Piauí, Minas Gerais, Maranhão, Rio Grande do Sul, Bahia, Distrito Federal, Santa Catarina e Mato Grosso) e os demais participantes da reunião, na “Interlocução Partilhamento de experiências com a comunidade científica e autoridades da Região Norte”.

JCA, um exemplo de inclusão

O grande diferencial de uma FAP na Amazônia está na possibilidade de contemplar necessidades peculiares da região, geralmente não previstas nos editais de programas nacionais. Um dos impactos mais significativos da Fapeam, por exemplo, é o Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA). Trata-se de um programa pioneiro voltado, prioritariamente, às questões rurais e indígenas, visando a inclusão social de estudantes do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série), e Médio de Escolas Públicas e de Educação Indígena.

Egresso do JCA, o agora estudante universitário Trinho Paiva Trujillo, da etnia Baniwa, teve a oportunidade de pesquisar sobre as tradições e costumes de seu povo graças ao apoio da Fapeam. Sob a orientação da professora Maria Luiza Garnelo Pereira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Trujillo desenvolveu o estudo “Cultura, escola, tradição: mitoteca na escola Baniwa”.

Aluno do 4º período de Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Trujillo é bolsista de Iniciação Científica e está pesquisando a relação entre a saúde e a alimentação dos Baniwa que migram das comunidades para a área urbana de São Gabriel da Cachoeira, município localizado a 852 quilômetros de Manaus. Recentemente, ele apresentou o trabalho “Saúde e Alimentação entre os Baniwa de São Gabriel da Cachoeira” na IV jornada de Iniciação Científica, na Fundação Oswaldo Cruz, em Manaus.

Atualmente, a Fapeam possui 34 programas de apoio à pesquisa, dos quais apenas cinco são executados em parceria com outras instituições e agências de fomento locais e nacionais. “Reconhecemos a importância das parcerias para impulsionar a ciência na região. Não podemos, contudo, perder de vista o fato de que, ao formarmos competências locais para atuarem aqui, estaremos consolidando uma mudança de paradigma, que é pensar a ciência na Amazônia a partir do nosso próprio olhar”, finaliza Odenildo Sena.

Ana Paula Freire – Decon/Fapeam

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