Indicadores apontam nova realidade sobre investimentos em C&T por regiões
16/07/2010 – As desigualdades regionais em relação aos investimentos na área de Ciência e Tecnologia estão diminuindo e a região Norte apresentou um crescimento em relação a região Sudeste. Este e outros dados foram apresentados e discutidos durante a reunião da Comissão de Coordenação do Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência (Pronex) realizada na última quarta-feira (14/7) em Brasília (DF).
Presidida pelo secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e também presidente da Comissão, Luís Antônio Rodrigues Elias, a reunião contou com a participação de diversas autoridades ligadas às instituições financiadoras de projetos e pesquisas no país, assim como os representantes das Fundações de Amparo à Pesquisa, entre elas a do Amazonas (FAPEAM).
O Pronex é um programa que apoia a execução de projetos de grupos consolidados de pesquisas científicas, tecnológicas e de desenvolvimento, visando dar suporte aos trabalhos dos grupos de pesquisas, com excelência reconhecida, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), em parceria com as FAPs.
De acordo com o diretor-presidente da FAPEAM, Odenildo Sena, que representou a região Norte na Comissão, a partir dos dados apresentados no encontro é possível observar uma nova realidade no cenário de investimentos em C&T no país.
“De acordo com os indicadores apresentados sobre as desigualdades regionais, a região Norte, aponta um forte crescimento em C&T figurando em primeiro lugar, seguida pelas regiões Nordeste e Centro-Oeste quanto a destinação de recursos. Os dados indicam que está havendo uma desconcentração de investimentos em C&T em relação ao sudeste e sul do país. As regiões menos favorecidas começam a receber mais recursos”, revelou.
Sena destacou que esta nova realidade se deve à política destinada para o setor, via MCT, além da atuação forte da FAPs no fechamento de parcerias com agências nacionais de fomento e incentivo à pesquisa.
Dados
Para se ter uma ideia deste novo cenário, Sena apresentou dados que apontam que, de 13 instituições de pesquisas em 2002, a região Norte passou para 41 em 2008, ou seja, um crescimento de mais de 215%, enquanto isso no mesmo período, o sudeste cresceu 72% no mesmo quesito.
Quanto aos investimentos financeiros feitos nas regiões com recursos do CNPq, a região Norte apresentou um crescimento de 1.061% no período de 2002 a 2008, seguida pela região Nordeste, 984%, e pelo Centro-Oeste com 610%.
“Em todos os itens a região Norte acaba sempre em primeiro lugar e o Nordeste em segundo”, destacou Sena, afirmando ainda que este novo cenário no Norte se deve à infraestrutura criada pela FAPEAM que é a mais antiga entre as FAPs da região e que acabou puxando o crescimento. “Nós estamos estimulando a formação de capital intelectual no Norte”, destacou.
Parcerias
Outro ponto ressaltado na reunião foi o crescimento das parcerias efetivadas pelo Governo Federal e os Estados, o que contribuiu para a consolidação dos sistemas estaduais de C&T. “Os Estados investem, porque há investimento por parte do Governo Federal. Se temos recursos disponíveis para o setor de C&T conseguiremos trazer mais recursos”, explica Sena.
Apesar disso, há algumas dificuldades em alguns estados da região Norte para a implementação de programas do CNPq e Capes, o que de acordo com o que foi apresentado por Sena ocorre exatamente em estados que ainda não possuem as FAPs.
Redes de pesquisa
A formação das redes de pesquisas já implementadas e em implementação pelos Estados por meio das FAPs e agências nacionais de financiamento também está fazendo surgir uma nova realidade na execução de pesquisas de uma mesma área.
A partir desta realidade, os pesquisadores atuam de forma integrada compartilhando resultados e infraestrutura com objetivos únicos, ou seja , o que um Estado possui serve para todos os participantes da rede. Isso já ocorre com as redes criadas para pesquisar malária, dengue e outras doenças que afetam o país.
“Aquilo que um pesquisador domina mais que o outro nós não vamos financiar em outro local, e sim iremos compartilhar esses conhecimentos”, complementou Sena.
Divulgação Científica
Ainda na reunião, os participantes trataram sobre a divulgação científica tendo como exemplo a experiência adquirida pela FAPEAM, por meio do Programa de Divulgação da Ciência que já está sendo reproduzido pela Fap de Minas Gerais.
"É importante que a sociedade saiba o que se faz em C&T e como isto está tendo repercussão em nível nacional. A sociedade precisa ter convicção da importância desses investimentos para que possamos consolidar as ações de C&T. Tanto que este assunto será tratado numa outra reunião para discutir a Divulgação Científica", afirmou Sena.
Quadro de Fomento à pesquisa: investimentos realizados pelo CNPq por região (2002 – 2008)
Ulysses Varela – Agência Fapeam