Iniciativa de inclusão social é reconhecida pelo Prêmio Samuel Benchimol


26/01/11 – Em muitas comunidades extrativistas, a atividade de ‘descortiçar’ a fibra (juta e malva) passa pelo mesmo processo há quase um século. A fibra é plantada no ecossistema de várzea e o trabalho de ficar submerso para recolhimento das fibras nas águas de rios e lagos envolve toda a família, sem exceção. Os trabalhadores mergulham o corpo da cintura para baixo, correndo o risco de serem picados por cobras, arraias ou qualquer outro animal peçonhento.

Essa realidade mudou há quase 11 anos, quando o Projeto do Núcleo de Socioeconomia da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (Nusec/Ufam), introduziu novas tecnologias de manejo para o cultivo da Juta e malva na Comunidade do Paraná do Iauara, no município de Manacapuru (distante a 68 quilômetros a oeste de Manaus).

vspace=10Para a coordenadora do projeto, a professora Terezinha de Jesus Pinto Fraxe, a situação mais grave é a permanência constante na água, devido aos efeitos colaterais que a atividade pode trazer como reumatismos precoces.

"Há também a questão da dependência em relação aos patrões, pois muitos dos trabalhadores ficam endividados, por conta da exploração comercial existente na troca de mercadorias por fibras", destacou a pesquisadora.       

Resultados

Durante todo o processo, o projeto de inclusão social teve o apoio da Secretaria de Estado de Estado de Produção Rural (Sepror), que forneceu sementes, possibilitando a articulação com outras comunidades próximas ao Paraná do Iauara. A iniciativa permitiu a compra de 18 máquinas de desfibrar, sendo que cinco delas já estão em pleno funcionamento nas comunidades.   

Apoio

De acordo com a pesquisadora a criação da FAPEAM possibilitou ao Amazonas tomar outra direção no que tange ao fomento à pesquisa. “Isso possibilitou para nós, pesquisadores, o aprimoramento de conhecimento, além de levar às comunidades mais carentes informações necessárias ao desenvolvimento social e econômico. As instituições de pesquisa têm um vínculo muito forte com a FAPEAM, mas depois que recebi o prêmio, a direção desta instituição percebeu a importância do projeto como fator de mudança na vida daquela comunidade em questão”, comentou.

vspace=10A professora Therezinha de Jesus Pinto Fraxe possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Amazonas (1987), mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (1997) e doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (2002). Atualmente é professora adjunta da Ufam, coordenadora do Núcleo de Socioeconomia (NUSEC/FCA/UFAM) e coordenadora do Programa de Pós-Graduação Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Sociologia e Antropologia, atuando principalmente nos seguintes temas: agricultura familiar, sustentabilidade, campesinato, sistemas agroflorestais e várzea amazônica.

Prêmio Samuel Benchimol

Instituídos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e Banco da Amazônia, com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), o Prêmio Professor Samuel Benchimol e Prêmio Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente têm por objetivos: promover a reflexão sobre as perspectivas econômicas, tecnológicas, ambientais, sociais e empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável da Região Amazônica; fomentar a interação permanente entre os setores governamentais, empresariais, acadêmicos e sociais da Região Amazônica; identificar, analisar, selecionar e divulgar projetos de interesse empresarial e oportunidades de investimento a potenciais financiadores, públicos ou privados; e agraciar pessoas que se destacam no desenvolvimento sustentável da Região Amazônica.

Sebastião Alves – Agência FAPEAM

 

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