“Inovação deve estar presente no dia a dia do negócio”, aponta coordenador da Fucapi Incubadora
21/08/2013 – O termo ‘incubadora’ tem a conotação de local para oferecer suporte após o nascimento. E o que serve para preservar a vida humana e animal serve também para o mercado, com foco nas empresas recém-nascidas ou ‘start-ups’, como também são conhecidas, conforme aponta Euler Guimarães, pesquisador e coordenador da Fucapi Incubadora de Tecnologia (FIT). O trabalho da incubadora de empresas é adequado para proporcionar melhor desenvolvimento e consolidação de novos empreendimentos por meio da oferta de estrutura física e acesso ao conhecimento, tanto técnico quanto de gestão. Incubadoras incentivam a cultura empreendedora, do conhecimento e da inovação.
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Guimarães é administrador, doutorando em Ciência do Conhecimento pelo Japan Advanced Institute of Science and Technology (Jaist) e tem mestrado em Economia Aplicada pela Tokai University.
Confira, a seguir, entrevista exclusiva com Euler Guimarães sobre o cenário da FIT e das perspectivas de negócios no Amazonas.
Portal Fucapi – Qual o principal papel de uma incubadora no desenvolvimento de pequenos negócios que primam pela inovação?
Euler Guimarães – A Fucapi Incubadora Tecnológica (FIT) tem a função de identificar propostas de negócios inovadores e apoiar no seu desenvolvimento, seja por meio de orientação empresarial, facilitar contatos importantes, seja por intermédio da participação em editais e competições que possam contribuir para o crescimento do negócio. E para nós na FIT, a inovação é um dos principais elementos que devem estar presentes no dia a dia do negócio. Pois, não basta pensar de forma inovadora somente uma vez, é um exercício constante, e isso permite obter vantagem competitiva sobre os demais negócios que estão no mercado.
PF– Na sua avaliação, qual o potencial e diferencial competitivo de uma empresa que passa por uma incubadora?
Euler Guimarães – O fato de estar associado a uma instituição com tradição em tecnologia e inovação como a Fucapi é algo que já diferencia essas empresas das demais. Isso permite abrir portas para uma microempresa que está em início de atividade para poder negociar com grandes instituições. Além disso, as empresas que passam pelo processo de incubação são orientadas a fazer sempre o básico para a vitalidade de um negócio, que é ter um planejamento eficaz e saber onde está e para onde está indo no mercado. E sempre que a empresa tiver necessidade de superar um problema com alguma tecnologia ou inovação, a FIT estará próxima à empresa para orientá-la.
PF – A Fucapi Incubadora de Tecnologia, da qual o senhor é coordenador, chegou aos sete meses de existência. De lá pra cá qual o balanço que a coordenação faz das ações desenvolvidas na Incubadora?
Euler Guimarães – Estamos em uma fase de configurações iniciais, apesar de a FIT ter evoluído a partir da Incubadora de Design da Fucapi (Indef), agora temos um prédio para administrar e muitos documentos que precisam ser desenvolvidos e aprovados por nossa diretoria, tais como plano de gestão, regimento interno e outros. Tivemos uma procura inicial de mais de 20 candidatos, no entanto, após processo de seleção, foram aprovadas cinco novas propostas. Continuamos avaliando alguns dos negócios propostos e também estamos em busca de outras propostas que estejam de acordo com os critérios da FIT.
PF – A FIT conta com quantas empresas incubadas, atualmente, quais são as principais áreas de atuação delas?
Euler Guimarães – Atualmente, são sete empresas incubadas, com atuações nas áreas de desenvolvimento de hardware, software e serviços técnicos; produtos biotecnológicos; serviços especializados em desenvolvimento web; serviço inovador na produção, edição e distribuição de conteúdo digital; projetos mecânicos, ensaios e serviços especializados nas áreas de engenharia mecânica e industrial, dentre outras áreas.
PF – Há projeção de aumentar o número de empresas incubadas na FIT? Quais são os requisitos para uma empresa interessada?
Euler Guimarães – Nosso objetivo é ocupar todos os módulos que temos disponíveis. Ou seja, ainda temos capacidade imediata para 11 novas empresas. Buscamos empresas que sejam, prioritariamente, das áreas de bionegócios, TI, engenharias e design. Os critérios são bem simples, procuramos empresas inovadoras, que desenvolvam e comercializem novas tecnologias e que tenham potencial de rápido e sustentável crescimento.
PF – Quais os principais desafios de apoiar o desenvolvimento de negócios sustentáveis, tecnológicos e de inovação no Amazonas?
Euler Guimarães – Um dos principais desafios é a falta de maturidade do nosso ambiente para negócios com tais características. Outro fator que muitos microempresários vêm enfrentando é a ausência de alguns fornecedores locais na cadeia de suprimentos, como é o caso de empresas de biocosméticos. A embalagem é comprada fora do Amazonas e, por incrível, que pareça até a matéria-prima, como óleos essenciais de espécies nativas da Amazônia, também é importada de outras localidades. Outro aspecto que estamos trabalhando é a ausência de organização de um sistema de investimento de capital de risco, ou capital empreendedor.
PF – O incentivo ao crescimento da cultura de inovação é algo que se tornou praticamente um mantra nacional das instituições que lidam com a pesquisa, tanto governamentais quanto da esfera privada. No seu ver, o Brasil caminha para uma curva ascendente para um cenário promissor da inovação?
Euler Guimarães – Não podemos simplesmente seguir modismos e mudar termos que, outrora, eram usados esperando que aconteça algo mágico. Temos exemplos de países que são altamente inovadores como a Coreia do Sul e Estados Unidos, que o fruto colhido com a inovação foi resultado de árduo trabalho e altíssimo investimento na construção de um ambiente favorável à inovação. E se formos ver na prática, inovação se traduz na inserção de novos produtos no mercado, vindo desde sua concepção até a ampla disponibilização para o mercado consumidor. O Brasil tem melhorado, mas ainda temos muito a fazer nesse sentido. Como sempre discutimos aqui na Fucapi, nosso modelo de desenvolvimento deve ser endógeno e isso seria muito melhor se fosse feito sobre uma base sólida de inovação, com empresas, ainda que micro e pequenas, altamente competitivas com potencial para se inserir no mercado nacional e até mesmo global.
Fonte: Cristiane Barbosa – Gestão da Imagem/Fucapi