INPA lança portfólio de pesquisas realizadas por cientistas
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) lança amanhã (03/07), às 8h30, na sala de seminários da biblioteca, o seu primeiro portfólio, o qual apresenta os 11 primeiros produtos e processos protegidos pelo INPA, com informações gerais sobre as tecnologias contidas nas patentes depositadas e geradas a partir do conhecimento acumulado por seus pesquisadores. Ou seja, é a pesquisa científica da biodiversidade amazônica transformada em benefícios para a humanidade. Na ocasião, também acontecerá o curso “Propriedade Intelectual: Proteção, Valoração e Comercialização de Tecnologia”, que se estende até quarta-feira.
O portfólio é o resultado de longos anos de pesquisas desenvolvidas pelo Instituto na Amazônia, que produziu um significativo conjunto de informações, registradas em inúmeras publicações de mestrado e doutorado em nível nacional e internacional. Mas como fazer para tirar da prateleira dos laboratórios esses trabalhos? Para isso, a Coordenação de Ações Estratégicas, por meio da Divisão de Propriedade Intelectual e Negócios (COAE/DPIN), vem realizando um trabalho em parceria com os pesquisadores, o qual identificou 34 produtos e processos passíveis de serem patenteados, dos quais 11 serão apresentados amanhã.
“Em 2004, iniciou-se o pedido de depósito de patentes de alguns produtos / processos. No começo de 2007, o Instituto já contava com 10 pedidos de depósitos de patentes efetivados e os demais em fases que antecedem o depósito. As patentes constituem uma das mais antigas formas de proteção da propriedade intelectual e, como em todas as formas de propriedade intelectual, a finalidade de um sistema de patentes é incentivar o desenvolvimento econômico e tecnológico recompensando a criatividade”, explicou Noélia Falcão, chefe da DPIN.
A chefe da DPIN também disse que será dada entrada, agora no segundo semestre de 2007, de mais 13 processos de pedidos de patentes, sendo nove na área de odontologia e quatro na de fitocosméticos.
Segundo o diretor do INPA, Adalberto Val, o Instituto está determinado a disponibilizar à sociedade suas criações, seja na forma de licenciamento de patentes, na transferência de know-how ou na prestação de serviços, de tal forma que contribua para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.
Em relação ao curso, o mesmo está sendo organizado em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (SECT/AM) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT/SP), além de contar com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Produtos e processos: Método de diagnóstico da Leishmania guyanensis – O método consiste em um processo bioquímico que consiste no uso da ampliação do DNA por meio de técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) para a identificação de uma região do genoma nuclear responsável pelo espaçamento do gene que codifica para o ribossomo celular do protozoário do gênero Leishmania. As técnicas anteriores não capazes de discriminar as duas mais importantes espécies pela forma tegumentar da leishmaniose e que ocorrem na Região Norte do País. Além disso, ele permite a identificação das espécies do parasita que apresentam evolução clínica diferentes e condutas terapêuticas específicas.
Zerumbona – O produto poderá ser utilizado na indústria farmacêutica, na fabricação de medicamentos e cosméticos obtidos por meio de um processo tecnológico onde se emprega a espécie vegetal Zinziber zerumbet, utilizada na medicina tradicional e na culinária asiática para a profilaxia de várias doenças. Por meio do método de recristalização obteve-se uma substância cristalina pura, zerumbuna, perfazendo cerca de 99,95% do óleo essencial.
Pupurola – A pupurola é um produto desidratado, preparado com farinha de pupunha integral, frutos desidratados e a castanha da Amazônia. A pupurola é consumida ao natural ou agregada de leite, iogurte ou sucos de frutas. Também pode se usada como ingrediente de outras preparações de alimentos. O alimento é recomendado como um alimento nutritivo (calorias e constituintes químicos provenientes de todos os ingredientes) e funcional (tem destaque o selênio da castanha da Amazônia, os carotenóides da farinha de pupunha e as fibras do cubiu e da farinha de pupunha integral).
Sopa desidratada de piranha – A sopa de piranha é um alimento em pó instantâneo preparado com a carne de piranha. Cada envelope de 10 gramas contém 3 gramas de concentrado de músculo de piranha, aproximadamente 70% de proteínas, cerca de 2,1 gramas de proteína pura, consideravelmente, maior que as sopas oferecidas no comércio.
Farinha integral de pupunha – Ela pode ser consumida direto ou usada como ingredientes de alimentos. A farinha de pupunha integral, de diferentes granulometrias (fina, média e grossa), a qual pode ser combinada com a farinha de trigo para compor a farinha mista, pode ser usada no processo de produção de alimentos doces e salgados.
Bebida fermentada de pupunha – Elaborada por meio de um processo semelhante ao do vinho, a tecnologia desenvolvida proporcionou ao final do processo uma bebida com teor alcoólico ideal (12%), cor característica do fruto, transparência, sabor e aroma agradáveis, e o principal, um excelente nível de aceitação do produto.
Produção de móveis com madeira de pupunha – O estipe é o caule (tronco) da pupunha, onde a porção periférica, a qual contém madeira de altíssima densidade (muito pesada) e altamente resistente. O processo possibilita a utilização da madeira da pupunha na fabricação de móveis convencionais, tanto nas categorias de utilidade quanto de luxo.
Secador solar para produtos madeireiros – É uma câmara construída em alvenaria onde se empilham as madeiras, onde um sistema de circulação interno gerado por ventiladores que conduzem o ar quente que é captado através de um telhado de vidro produz um efeito estufa no interior da câmara. O ar quente circula por meio das pilhas de madeira reduzindo o teor de umidade.
Secador solar para produtos naturais e madeireiros – O secador solar de pequeno porte para produtos naturais e madeireiros desidrata frutas, sementes, castanhas e ervas medicinais, possibilitando também a secagem de madeira. É destinado, especialmente, para pequenas comunidades e micro empresas. O secador desidrata até 500 kg (peso fresco) de produtos naturais ou seca até 4 m³ de madeira serrada.