Inpa: pensando no futuro há 60 anos


29/10/2012 – Criado em 29 de outubro de 1952, com a assinatura de um decreto pelo então presidente Getúlio Vargas, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) existe há 60 anos. A partir daquela data, o Instituto se desenvolveu e, em mais dois anos, em 1954, passa, concretamente, com a criação de sua sede, a realizar estudos científicos e das condições de vida da região amazônica. 

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A criação do Inpa representou um salto no conhecimento da Amazônia, cuja complexidade desafia e encanta pesquisadores de todo o planeta.

Amazônia

A palavra Amazônia é conhecida internacionalmente, no entanto, a diversidade que forma este bioma ainda depende de mais estudos para compreensão, por meio da ciência e da tecnologia.

A imensidão da região amazônica, composta por diversos biomas, traz além de enormes desafios, dúvidas e ainda a criação de conceitos errôneos que, atualmente, foram esclarecidos por meio de estudos.

Um dos equívocos que ainda existem sobre a região é que a Floresta Amazônica é o ‘pulmão do mundo’. Dentre os estudos realizados pelo Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), coordenado pelo Inpa, tem-se revelado que a floresta amazônica está aumentando a sua biomassa, ou seja, está retirando mais gás carbônico da atmosfera do que emitindo, uma vez que, por sua grande extensão territorial, apresenta uma taxa muito grande de fotossíntese e, por conta disso, foi durante algumas décadas comparada a um grande pulmão "invertido", assim conhecido como o pulmão do mundo.

Desenvolvimento regional: saúde, alimentação e perpectivas

O Inpa criou e implantou as bases técnicas para criação de peixes em igarapés na Amazônia, contribuindo significativamente para a economia e a qualidade de vida da população rural.

Já na avaliação nutricional das espécies frutíferas amazônicas para melhoria da qualidade de vida da população regional, o Inpa tem resultados de pesquisas em saúde que hoje determinam a elaboração e o planejamento da merenda escolar dos estudantes da rede pública estadual a partir dos aspectos nutricionais de alimentos regionais, além de ter desenvolvido e implantado as bases técnicas para produção de hortaliças não convencionais e frutos regionais, tais como cubiu, ariá, taioba, feijão de asa, feijão-macuco e o camu-camu, entre outras que passaram a ter representatividade na dieta da população da região.

Com parcerias estaduais e federais, o Inpa também combate doenças tropicais como a malária e a dengue, desenvolvendo métodos de prevenção – como cal e cloro e solução de cravinho -, além de inseticidas naturais contra malária e fungos fitopatogênicos, e ainda formulação de diagnósticos, como é o caso do processo de diagnóstico de leishmaniose.

“De forma simultânea nós fomos desenvolvendo um amplo conjunto de pesquisas aqui na região, o que permitiu que nós tivéssemos hoje um conhecimento bem mais robusto do que tínhamos há 60 anos. Eu diria que ainda estamos muito longe de conhecer a Amazônia, mas o conjunto de informações que temos hoje permite intervenções seguras na região em vários aspectos”, ressaltou o diretor do Inpa, Adalberto Val.

E mais, o Instituto discutiu, juntamente com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em debates recentes sobre as mudanças propostas do novo Código Florestal, a elaboração de documentos e debates sugerindo atenção especial à enorme diversidade de biomas e espécies florestais brasileiras, em especial às Áreas Úmidas (AUs) e participou determinantemente da elaboração de protocolos de dimensionamento de estoques e dinâmica do carbono, na área de manejo florestal e desenvolvimento tecnológico de madeira, produtos de madeira e resíduos florestais.

Socialização da informação

A socialização da informação e transformação dessa informação em oportunidades de novos produtos como forma de geração de renda é um dos desafios que o Instituto está trabalhando. A Lei 10.973, a chamada ‘Lei de Inovação’, vigente a partir de dezembro de 2004, é a primeira lei brasileira que trabalha mecanismo para transferência de tecnologia e facilitou o processo de transferência de tecnologia para empresas.

De acordo com a coordenadora de extensão tecnológica e inovação do Inpa, Rosangela Bentes, antes da Lei de Inovação não existia esse tipo de ação e o processo era feito de forma aleatória. “Quando assinamos a transferência de tecnologia, as empresas têm dois anos para colocar essas tecnologias no mercado”, explicou Bentes.

Atualmente, o Inpa tem 71 produtos e 52 pedidos de patentes no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). E mais três processos de transferência de tecnologia para empresas: farinha de pupunha integral; processo de obtenção de Zerumbona isolada dos óleos essenciais das raízes de zingiber l. Smith; e composição farmacêutica compreendendo extrato de zingiber zerumbet. Outra novidade é o purificador de água box, tecnologia a ser transferida na próxima quarta-feira (31), durante o 1º Workshop de Inovação –  Interação Academia/Empresa.

“Nós estamos trabalhando fortemente nesse sentido, entendemos aí que a socialização da informação é sempre um processo de mão dupla. Nós levamos o que aprendemos nas bancadas dos laboratórios, mas também trazemos para os laboratórios as demandas da sociedade de uma maneira geral”, sintetizou Val.

Além disso, o conhecimento desenvolvido nos laboratórios do Inpa também é transmitido a estudantes por meio do projeto Circuito da Ciência, que no último sábado de cada mês reúne estudantes de escolas públicas estaduais e municipais de Manaus e municípios próximos para conhecerem o que vem sendo desenvolvido no Inpa por meio de oficinas e exposições.

Formação de pessoal

Com um quadro atual efetivo de 697 servidores, o Instituto prioriza a capacitação de recursos humanos para a colaboração no desenvolvimento da Amazônia. Por meio dos nove programas de pós-graduação em mestrado e doutorado, o Inpa já formou, de 1975 até meados de outubro deste ano, aproximadamente 1.369 mestres e 347 doutores, além de contribuição para iniciação de acadêmicos e estudantes dos ensinos Fundamental e Médio na área científica e como os Programas Institucionais de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic, Pibic Jr) e o Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic).

Os programas contam com o apoio da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Nilton Lins (UniNiltonLins) e com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

Na opinião do diretor, um dos principais legados do Instituto para a Amazônia é a capacitação de pessoal. “Nesse período todo é extremamente importante lembrar que trabalhamos para conhecer o ambiente no qual nós estamos inseridos, suas vários matizes e capacitar pessoal. Quase todas as instituições e programas de pós-graduação existentes hoje na Amazônia têm gente que passou pelos laboratórios e pela orientação do Instituto”, frisou Val.

Estrutura, Projetos e Programas

Val explica que uma nova estruturação foi necessária para a concentração em aspectos fundamentais da Amazônia. Por isso, a partir de 2011, o Inpa passou por uma nova estruturação em sua organização dividindo-se em quatro coordenações: sociedade, ambiente e saúde; biodiversidade; dinâmica ambiental; e tecnologia e inovação.

Todo esforço dos seus pesquisadores, divididos nestas quatro coordenações, na busca do conhecimento, tem levado o Inpa a um lugar de destaque não só na Amazônia, mas no Brasil e no mundo todo.

Seus laboratórios com tecnologia de ponta auxiliam na obtenção de resultados cada vez mais eficazes na busca de beneficiar a população. Como o novo biotério do Instituto, que passou por um processo de reconstrução a partir de normas americanas. Segundo a gestora do biotério, Natalia Salinas, o biotério é o primeiro do País que reúne os requisitos de construção, arquitetura, equipamentos e animais de qualidade. “Toda essa tecnologia permite melhores condições aos animais durante sua estada no laboratório. Esse projeto prioriza o bem-estar do animal”, destacou a pesquisadora.

Os laboratórios naturais do instituto e as reservas experimentais, também são de grande importância, pois auxiliam em pesquisas de vários ramos, como o Programa de Grande Escala Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), que é umas das maiores experiências científicas do mundo na área ambiental, trazendo grandes resultados no que concerne às mudanças do clima.

Outro grande programa que concentra suas pesquisas na biodiversidade amazônica, especialmente perto das fronteiras agrícolas em expansão, é o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), coordenado pelo Inpa. O PPBio possui três componentes: Inventários Biológicos, Coleções Biológicas e Estudos Aplicados. Na Amazônia, o programa é organizado como uma rede de núcleos regionais, um em cada Estado da região amazônica, ligados a dois centros principais: Manaus (AM) e Belém (PA).

O Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) é outro grande exemplo, pois se preocupa em determinar as consequências ecológicas do desmatamento e da fragmentação florestal sobre a fauna e flora na Amazônia, além de transferir toda informação gerada para que a população use racionalmente os recursos das florestas. 

“Várias ações do Inpa são de grande relevância para o progresso da sociedade, particularmente da sociedade Amazônia. Os avanços científicos do Instituto têm contribuído de maneira muito significativa para o desenvolvimento socioeconômico das populações, com seus programas e projetos que estudam melhorias para a Amazônia”, ressaltou o coordenador de pesquisas e acompanhamento das atividades finalísticas (CPAF) e também pesquisas da Instituição, Antonio Ocimar Manzi.

INCTs e Coleções

Transferir tecnologia e disseminar o conhecimento é o que os institutos nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) propagam, em todas suas esferas, além da capacitação de pessoas. O Inpa coordena quatro INCTs: Madeiras da Amazônia, Serviços ambientais da Amazônia (Servamb), Estudos Integrados da Biodiversidade (Cenbam) e Adaptação da Biota Aquática da Amazônia (Adapta). 

"A ciência de uma maneira geral precisa estar à frente de seu tempo, precisamos antecipar algumas coisas que virão no futuro e precisamos ter informações quando esse futuro chegar. Como a ciência não é uma atividade rápida, ela tem o seu tempo e o tempo da ciência não é o tempo das ações do homem na natureza, é dia a dia que precisamos antever essas mudanças e começar hoje a produzir essas informações", explicou Val, que coordena o Adapta.

Outra referência do Inpa são os estudos da biodiversidade amazônica, representada por suas coleções científicas iniciadas com a criação do Herbário. Essas coleções têm por finalidade básica manter representantes da biodiversidade amazônica, seja vivo ou fixado, elaborando e mantendo bancos de dados para fins de pesquisa. O público-alvo das coleções é formado por pesquisadores e estudantes de pós-graduação, ou seja, a sociedade acadêmica nacional e internacional. A manutenção desse banco de dados também tem finalidade de orientar tomadores de decisão de políticas públicas tanto a nível nacional, estadual, municipal ou regional.
 
Inaugurações

Dentre as atividades que o Inpa preparou para a data festiva estão as inaugurações do Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho no Amazonas (Cenapad) – novo centro no Brasil a prover uma infraestrutura computacional no Estado do Amazonas, capaz de responder à demanda de ensino e pesquisa por processamento de desempenho elevado e por alta capacidade de armazenamento e recuperação de dados – do Inpa; do novo prédio do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA); e a solenidade em comemoração aos 60 anos de criação do Instituto com a participação do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp.

A programação com diversas inaugurações inicia às 15h no Campus III, Inpa V8 – Em frente ao prédio do Manejo (Av. da Lua, no conjunto Morada do Sol); seguida das inaugurações do prédio do LMA e o Cenapad, no Campus I (Av. André Araújo, Aleixo); e a solenidade de encerramento da comemoração e homenagem aos 60 anos de criação do Instituto, que acontece no Auditório da Ciência, Campus I no Bosque da Ciência.

Fonte: Ascom Inpa

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