Internet a serviço da Floresta Amazônica
22/07/2010 – A Amazônia tem se tornado cada vez mais importante quando a temática das discussões aborda problemas ambientais. Estudos indicam que a floresta em pé influencia positivamente o balanço climático global, como manter ativo o ciclo das águas.
Atualmente, diversas iniciativas estão sendo postas em prática, a fim de que o desenvolvimento da Amazônia ocorra de maneira sustentável. Contudo, para que esta meta seja atingida, a sociedade precisa dispor de informações sobre os recursos existentes na floresta e sobre as maneiras de se utilizar esses produtos sem agredir o meio ambiente.
Para que essas informações alcancem as diversas populações, é necessário um compartilhamento de dados entre institutos de pesquisas, organizações não-governamentais, secretarias municipais e estaduais e a sociedade em geral, permitindo assim que cada entidade gere novos dados, em uma plataforma capaz de ser mantida, constantemente atualizada e difundida, beneficiando mutuamente todos os envolvidos.
Esta foi a ideia do então mestrando, Felipe dos Santos Costa, ao propor, em 2007, a disseminação de dados obtidos em pesquisas pela Amazônia, atrelando esta informação a uma localização geográfica, com coordenadas que indiquem sua posição na superfície terrestre, ou seja, informações georreferenciadas.
Para uso mais eficiente dessas informações, com base em localização geográfica, foram criados Sistemas de Informação Geográfica (SIG) que auxiliam nos processos de coleta, armazenamento, análise e distribuição dos dados.
O estudo denominado “Uso de Web Services e Softwares Livres na Disseminação de Informações Georreferenciadas sobre Produtos da Floresta Amazônica”, recebeu aporte financeiro da FAPEAM durante os dois anos de execução por meio do Programa RH- PosGrad Mestrado. O programa apoia interessados em realizar curso de pós-graduação stricto sensu, em Programa de Pós-Graduação recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes) em outros Estados da Federação.
Durante a elaboração da dissertação, realizada no Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Computação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em cooperação com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Costa utilizou os dados do projeto “Valorização de Produtos Florestais Não-Madeireiros (PFNM)”, realizado pelo Inpa, e do “Radar da Amazônia (Radam)”, elaborado pelo governo brasileiro na década de 1970.
Sob a orientação do professor Oscar Luiz Monteiro de Farias/UERJ e coorientação do professor Sylvan Desmoulierè/Inpa, que hoje trabalha no Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane (Fiocruz/AM), foi possível elaborar um ambiente de compartilhamento e utilização de dados georreferenciados, que utilizou a tecnologia web services.
O projeto visa incentivar o uso de SIGs no Amazonas, conforme Costa, contribuindo para a valorização dos produtos florestais não-madeireiros, como copaíba, andiroba e castanha da Amazônia, dentre outras.
Disponibilização dos dados
De acordo com Costa, prover informações sobre produtos florestais não-madeireiros existentes na região pode ser um meio de contribuir com o desenvolvimento regional por meio de modelos de negócios baseados em artigos que utilizem recursos naturais renováveis como matéria-prima. Contudo, é preciso que esses dados sejam disseminados para os potenciais atores interessados. “A difusão dessas informações pode ser feita por meio da internet, uma vez que permite que usuários de todas as partes do globo tenham acesso a partir de uma infraestrutura que suporte dados espaciais, por exemplo, de mapas”, destacou.
Ele afirmou que, em alguns casos, a indisponibilidade dos dados se dá apenas pelo desconhecimento das tecnologias existentes ou ainda pelo alto custo dos softwares utilizados. “Novas ferramentas como o Google Maps, Google Earth, Nasa World Wind e Virtual Earth têm contribuído para facilitar o acesso a essas informações, porém de nada adianta excelentes ferramentas de visualização de dados se as bases existentes têm seu uso restrito”, alertou.
Cristiane Barbosa e Camila Carvalho – Agência Fapeam
Foto1: Pesquisador Felipe dos Santos Costa (Foto: Giovanna Consentini)