Livro
Seqüestro de carbono, GEE´s, desertificação, IPCC, Protocolo de Kyoto, commodities ambientais; são inúmeros os termos ou siglas que estão na ponta da língua de quem acompanha diariamente os assuntos ligados ao meio ambiente. Mas para aqueles que ainda não entenderam de que maneira o impacto ambiental pode causar alterações na vida das pessoas e do planeta, o livro “Efeito Estufa – A Amazônia e os aspectos legais” pode ajudar a entender as questões climáticas globais.
De autoria da jornalista Terezinha de Jesus Soares, a obra foi editada pela Editora da Universidade Federal do Amazonas (Edua) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), através do Programa de Apoio à Publicação – Publica, que incentiva a publicação de livros e revistas científicas.
O livro “Efeito Estufa” tem linguagem acessível e é de fácil compreensão por parte de quem deseja compreender um pouco sobre o processo de aquecimento global. A autora também aponta quais providências o Brasil e o resto do mundo vêm tomando para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
A autora traça um panorama desde a década de 50, quando foi dado um dos primeiros alertas em relação ao efeito estufa. Na época, pesquisadores anunciaram que o oceano já não reciclava todo o carbono da atmosfera e afirmaram que o impacto que o homem causava ao meio ambiente era tamanho, que no período de alguns séculos, ele teria enviado para a atmosfera e para os oceanos, carbono orgânico concentrado e acumulado nas rochas sedimentares durante centenas de milhares de anos.
Mas foi somente na década de 1970/80, que o pensamento ecologizado tomou corpo e saiu dos pequenos grupos de ecologistas, dos corredores das universidades e dos laboratórios de pesquisas, atingiu a sociedade maior e mais organizada e ganhou espaço nos meios de comunicação social. A tomada de consciência da realidade e da gravidade desses problemas motivou a mudança definitiva dos paradigmas ambientais.
De lá pra cá, Soares relata os principais eventos mundiais reunindo cientistas e chefes-de-estado com o objetivo de discutir as conseqüências da ação do ser humano na natureza. A autora aponta ainda, o papel de destaque do Brasil em tais encontros.
O objetivo principal do livro é verificar, através da comparação, se e de que forma o país vem cumprindo a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, cujo objetivo era a estabilização das concentrações atmosféricas de gases do efeito estufa.
Ao final, Soares conclui que os compromissos assumidos estão sendo cumpridos apenas em parte. Considerando-se como ponto principal o fator emissão de gases do efeito estufa, há duas situações: 1) o Brasil não tem obrigação de reduzir emissões, segundo a Convenção; 2) a maior parte das emissões brasileiras provêm da queima de suas florestas.
A autora faz duras críticas à criação do Protocolo de Kyoto, que segundo ela foi originado porque as ações previstas com a promulgação da Convenção não foram executadas. Sobram retaliações também para a Conferência das Partes (COP), órgão supremo decisório no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica – do qual são signatários 187 países-, que ela aponta ser um meio, pelo artifício da discussão, de protelar os compromissos assumidos na Convenção.
De acordo com a pesquisadora, as Partes passaram anos discutindo enquanto o ambiente perdeu outros tantos anos em resultados negativos sobre vários ecossistemas globais. Enquanto os líderes políticos discutem, queima-se petróleo e florestas continuam sendo derrubadas no mundo inteiro, afirma Soares.
O QUE É EFEITO ESTUFA?
O consumo de combustíveis fósseis e as mudanças no uso da terra liberam uma série de gases que se acumulam na atmosfera em quantidades que impedem que parte da energia solar retorne ao espaço. Em excesso, esses gases formam uma espécie de cobertura – espessa demais -, que retém o calor, aquecendo a superfície da terra além do necessário e provocando mudanças climáticas em diferentes partes do globo, gerando o efeito estufa. Estudos revelam que a temperatura média da superfície terrestre pode aumentar de 1 a 3,5ºC até 2100.
Parte da radiação solar dirigida à terra é absorvida pela superfície terrestre (70%) , a outra parte (30%) é refletida na forma de calor. Desta, uma parcela se dissipa e retorna ao espaço enquanto outra parcela é impedida de retornar pela barreira de gases que funcionam como uma estufa.
De acordo com a autora, a maior contribuição brasileira para o efeito estufa decorre da queima da floresta amazônica, uma vez que a produção energética nacional se faz, basicamente, por hidrelétricas. O aquecimento global está alterando os ecossistemas naturais.
Livro: “Efeito Estufa – A Amazônia e os aspectos legais”
Autora: Terezinha de Jesus Soares
Editora: Editora da Universidade Federal do Amazonas (Edua)