Lixo orgânico é transformado em ração animal
Especial Sinapse da Inovação- A pesquisa usa as larvas das moscas no processo de produção e pretende oferecer uma nova alternativa para o mercado regional no segmento de ração animal
Uma pesquisa desenvolvida no Amazonas com apoio do Governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) está transformando o lixo orgânico, oriundo de feiras e restaurantes de Manaus, em ração para animais. O produto desenvolvido pela empresa “Natuprotein”, contemplado no programa Sinapse de Inovação, pretende oferecer uma nova alternativa para o mercado regional no segmento de ração animal.
As larvas das moscas, que se alimentam do lixo orgânico, desenvolvem uma biomassa proteica rica em nutrientes que pode ser utilizada na produção da ração sustentável
O coordenador da pesquisa, Carlos Gustavo Nunes, explicou que o projeto constitui na conversão da matéria orgânica residual em proteína. As proteínas são as larvas das moscas que se alimentam dos resíduos e se desenvolvem produzindo uma biomassa proteica que é aproveitada para produção de uma ração sustentável para animais.
“Essa biomassa proteica é tão boa quanto à proteína que já é utilizada, atualmente, para rações de animais na pecuária, e em quantidade suficiente para que consiga atender a demanda que é muito grande na nossa região. A biomassa proteica tem a palatabilidade interessante para os animais, no caso, da piscicultura e aves, principalmente. Além disso possui uma boa quantidade de nutrientes”, disse o pesquisador.
Assista a reportagem produzida pela TV FAPEAM
Outro ponto que Nunes destacou é que além de oferecer ao mercado um novo produto, a matéria-prima ainda ganha destino sustentável tendo em vista que os resíduos antes descartados se tornaram a nova base para ração.
“Se pensarmos no aspecto mais amplo, estamos convertendo um resíduo que pode ser considerado até problemático na cidade ou no campo em uma matéria-prima abundante para ser utilizado na cadeia produtiva do pescado. Um dos principais gargalos para essa produção de pescado na região são os insumos, ou seja, até 70% do custo na piscicultura é oriundo da ração”, contou.
A pesquisa é desenvolvida com apoio do Governo do Amazonas via Fapeam na Universidade Federal do Amazonas (Ufam)
A pesquisa já está em fase de protótipo. Nunes disse que a equipe já dominou a conversão do resíduo orgânico em biomassa proteica utilizando os insetos. A equipe também já tem condições, hoje, de fazer o suplemento proteico e com isso adiciona-lo a outros ingredientes da ração. O resíduo desse processo também pode ser utilizado na indústria de biofertilização orgânica como, por exemplo, na nutrição de plantas.
A equipe também trabalha nas análises da massa proteica como: nutricionais e químicas e nas análises dos rejeitos do processo do biofertilizante.
“Do resíduo orgânico retiramos a proteína e o rejeito desse processo pode ser utilizado na agricultura como húmus (adubo produzido por minhocas a partir de restos de matéria orgânica)” concluiu o pesquisador.
Sinapse de Inovação
A ração para animais é um dos 28 projetos aprovados no âmbito do Programa Sinapse de novação fruto da parceria firmada entre o Governo do Amazonas, via Fapeam, com a Fundação Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi), que visa transformar ideias inovadoras em negócios de sucesso, além de fortalecer o empreendedorismo o cenário inovador e econômico no Amazonas.
Os resíduos do processos da produção da ração também podem ser usados como biofertilizantes
Texto e Fotos – Esterffany Martins –Agência Fapeam