Maioria dos moradores do interior do AM recicla resíduos sólidos


O exercício da cidadania ocorre de várias formas. Uma delas é por meio do reaproveitamento dos resíduos sólidos, como garrafas PET, latas, pneus velhos e plásticos em geral, ao invés de jogá-los na natureza. O resultado é a preservação do meio ambiente. O exemplo vem dos municípios de Rio Preto da Eva e Careiro da Várzea, onde 89% dos moradores entrevistados recolhem seus resíduos e os colocam nos locais indicados para coleta pública.

Diferentemente, nos bairros da Glória e São Raimundo, em Manaus, apenas 52% dos moradores fazem o reaproveitamento dos resíduos. Durante a pesquisa, ao todo, foram visitados 200 domicílios localizados próximos de igarapés e de áreas mais elevadas.

As informações foram obtidas durante a pesquisa desenvolvida pelos alunos da Escola Estadual Pedro Silvestre, por meio do projeto de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Intitulada “Os resíduos sólidos: um desafio para cidadania”, a pesquisa contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O projeto foi desenvolvido no âmbito do Programa Ciência na Escola (PCE) sob a coordenação da professora Ana Cláudia Ferreira Olímpio.

Os resultados do trabalho serão apresentados na Mostra Pública do PCE, que ocorrerá nos dias 10 e 11 de março, na Arena Amadeu Teixeira, localizada na Avenida Constantino Nery, bairro Chapada. Na ocasião, 151 projetos serão apresentados, os quais tratam sobre os mais variados temas, como meio ambiente, saúde, educação, políticas públicas, entre outros.

A pesquisa

vspace=10Segundo Olímpio, a ideia de se trabalhar com resíduos sólidos surgiu a partir de estudos, em sala de aula, sobre os impactos ambientais. Foi feita uma análise de como os impactos influenciam no desenvolvimento cultural dos povos. “Queríamos saber se aspectos sociais, culturais e econômicos influenciam na forma como o indivíduo fazia o manejo dos resíduos domésticos”, explicou.

Para verificar a relação entre a produção e o destino dos resíduos, os alunos fizeram pesquisa de campo e levantamento bibliográfico. Questionários foram respondidos por moradores residentes às margens do igarapé de São Raimundo (em Manaus), Rio Preto da Eva e Careiro da Várzea.
“Além de renda, escolaridade e idade, foram analisados o tempo de residência no local, a área de localização (próxima a igarapés), o tipo de recipiente utilizado na separação do lixo, a frequência da coleta domiciliar e grau de informação a respeito dos resíduos sólidos e da coleta seletiva”, explicou Olímpio.

 

Resultados Obtidos
 
vspace=10De acordo com a coordenadora, dos domicílios visitados, apenas 5% realizavam a separação de materiais recicláveis. “Os moradores alegaram que não separavam os resíduos por falta de costume e por não terem conhecimentos a respeito de programas de coleta seletiva”, salientou, complementando que a problemática do destino que se deve dar aos resíduos vem acompanhando o desenvolvimento da sociedade.

Segundo a pesquisadora, é necessário que os moradores dessas áreas recebam orientações sobre a complexidade dos problemas decorrentes do destino dado ao resíduo sólido doméstico. Ela disse que, dessa forma, as pessoas se tornam aliados no processo de transformação das cidades em cenários sustentáveis.

Resíduo sólido pode virar fonte de renda
 
A pesquisadora atentou para o fato de que o reaproveitamento dos resíduos sólidos ainda representa para muitas famílias a única fonte de renda. O assunto foi abordado durante as discussões sobre gestão sociocultural dos resíduos.
Para sensibilizar os moradores quanto à degradação do meio ambiente e o cuidado com o lixo, os alunos promoveram palestras e um curso básico de transformação desses resíduos em artesanato.

Questionada sobre o comportamento dos alunos no desenvolvimento do projeto, Olímpio afirmou que eles se propuseram a elaborar um curso de reaproveitamento de materiais e resíduos para oferecer à comunidade. “Houve uma significativa mudança no comportamento dos estudantes, que passaram a evitar jogar lixo nos arredores da escola e de suas residências”, salientou a professora.

Camila Carvalho e Marcelo Vasconcelos – Agência Fapeam
Fotos: Divulgação
 

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