Mais engenheiros para o Brasil


Programa Pró-Engenharias que incentiva alunos do Amazonas, é exemplo para o País. Foto: Divulgação.

Programa Pró-Engenharias que incentiva alunos do Amazonas, é exemplo para o País

O sonho do jovem Gustavo Cavalcante do Nascimento, de 15 anos, de se tornar um engenheiro civil, poderá se tornar realidade daqui a três anos. Ele é aluno da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (FUCAPI), em Manaus, e participa do Programa Estratégico de Indução à Formação de Recursos Humanos em Engenharias no Amazonas (Pró-Engenharias) que prepara estudantes do Ensino Médio, a seguirem carreira acadêmica e profissional na área, por meio de atividades orientadas. “Gosto dos cálculos e das aulas práticas. O meu objetivo principal é me tornar engenheiro civil no final do programa, mas também quero aproveitar o conhecimento sobre as outras áreas da engenharia que o Brasil tanto precisa”, revela Gustavo.

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Segundo estimativas do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), o Brasil possui um déficit de 20 mil engenheiros por ano, e dos 40 mil engenheiros que se diplomam anualmente no País, mais da metade opta pela engenharia civil – a área que menos emprega tecnologia. Assim, setores como os de petróleo, gás e biocombustível são os que mais sofrem com a escassez desses profissionais. Além disso, o índice de evasão nos cursos de engenharia chega em algumas universidades a 55%, sendo este problema potencializado pela falta de interesse dos estudantes pela área, decorrente, em parte, da falta de preparo dos estudantes egressos do ensino médio, principalmente nas disciplinas de Matemática, Física e Química.

O Programa Pró-Engenharias foi uma iniciativa pioneira no estado do Amazonas, apoiada pela Secretaria de Educação do estado, juntamente com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM. Com o apoio da Fundação, os alunos e professores do programa recebem bolsas de iniciação científica júnior e professor jovem cientista respectivamente.

Para Andrea Waichman, diretora técnico-científica da FAPEAM, o Pró-Engenharias é uma tentativa de começar um movimento para a solução de um problema que é nacional: a formação para as áreas das engenharias. “Nós temos esse problema com a grande evasão nos cursos de graduação, então esse programa visa não só dar esse reforço, mas também seduzir, mostrar a possibilidade deles entrarem nas carreiras das engenharias: civil, química, elétrica, de produção, de alimentos, enfim todas as engenharias”, esclarece.

Segundo estimativas do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), o Brasil possui um déficit de 20 mil engenheiros por ano. Foto: Divulgação.

Mas afinal, por que a engenharia é tão importante para desenvolvimento científico do Brasil? Segundo Andrea Waichman, muito do que o País precisa para o desenvolvimento econômico envolve engenharia e muito do que se faz de inovador também envolve engenharia. “Quando a gente fala Engenharia não é só a engenharia de construir prédios. É engenharia no sentido de engenhar, de criar, inventar, produzir coisas novas. Tornar as engenharias como áreas que permitam justamente isso, a criação, o engenhar, o criar, o inovar. Para podermos dar um salto tecnológico, um salto muito alto na área da inovação, nós precisamos de um número maior de pessoas engenhando, de engenheiros e para isso a agente precisa formar essa geração”, explica.

Entraves e evasão

Para a diretora científica da FAPEAM ainda há muitos entraves a vencer, mas que podem ser superados com a ajuda do Programa Pró-Engenharias. “Temos diversos entraves para os alunos nos cursos de engenharia, os primeiros anos são muito árduos, com uma carga de Física, de Matemática muito pesada, um verdadeiro desestímulo para que eles permaneçam. As taxas de evasão dos cursos de engenharia são muito altas, podendo chegar a até 60%. Com o Pró-Engenharias o aluno já entra com uma formação reforçada, com isso a gente acredita que ele terá menos dificuldade para enfrentar essas disciplinas mais pesadas nos primeiros anos da graduação. O aluno entra com mais preparo, para que ele possa passar por esse processo inicial de forma mais fácil, a gente acredita que haverá uma redução nesse processo de evasão”, analisa Andrea Waichman.

Para o professor Disney Douglas de Lima Oliveira, coordenador do Bacharelado em Matemática Aplicada da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) que atuou na coordenação do Pró-Engenharias, mesmo sendo uma das áreas mais bem remuneradas do país, apenas 10% dos universitários escolhem os cursos das engenharias. “Muitas vezes os estudantes do ensino médio não conhecem, ou acham que são incapazes de atuar nesta área do conhecimento, optando por outros cursos”, constata.

O edital da primeira versão do Programa foi lançado em 2011 e implementado em 2012. Já a segunda versão foi lançada em 2014 e está sendo implementada agora em abril de 2015. O professor Oliveira, que tem doutorado em Engenharia de Sistemas e Computação na COPPE – UFRJ, conta que atuou na seleção de alunos e professores que participaram do programa, na aquisição de equipamentos e laboratórios, na organização das visitas técnicas, no planejamento das disciplinas juntamente com o apoio pedagógico do programa e no acompanhamento nas universidades dos alunos aprovados em cursos de engenharia.

Oliveira chama a atenção para a importância do programa não só para o Amazonas, mas para o País. “O programa é importante por fomentar o desenvolvimento da área de Engenharias, sobretudo no que concerne à formação de capital humano com qualidade, trabalhando de forma integral o processo de formação de profissionais dessa área, retroagindo o foco para a educação básica e avançando a perspectiva para a pós-graduação, além de oportunizar aos alunos e professores de escolas públicas novas experiências com relação às metodologias de ensino/aprendizagem, priorizando o uso de novas tecnologias no ensino”, explica.

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Fonte: Jornal da Ciência, por Edna Ferreira  

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