Manaus conta com maior acervo de obras raras sobre a Amazônia


Elas resistiram à ação do tempo e continuam ao longo dos séculos disponíveis para consulta da humanidade. Trata-se das obras científicas raras, muitas encontradas apenas no Amazonas, mais especificamente no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Para se ter uma ideia, a obra estrangeira mais antiga, que tem origem espanhola, data de 1684, assinada por Manuel Rodriguez de Acosta, e a brasileira, de 1749, com autoria de Bernardo Pereira de Berredo.

Segundo o coordenador do projeto Memória da Ciência e da Cultura da Amazônia, William Gama, ligado à Associação dos Pesquisadores do Inpa (Aspi), existem no acervo do Instituto cerca de 3 mil títulos raros. A maioria é dos séculos 18 e 19, que precisam ser restaurados e digitalizados.

Gama informou que boa parte das obras raras foram herdadas do Museu Botânico do Amazonas, fundado durante o período de 1882 a 1889. “O museu foi organizado pelo pesquisador João Barbosa Rodrigues, um dos maiores botânicos do mundo, a pedido do imperador do Brasil, na época. Grande parte do acervo está relacionado às áreas de botânica e zoologia”, disse.

/Para discutir a problemática da segurança e preservação dos títulos, a gerente do Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras, Rosangela Rocha Von Helde, e o coordenador de Preservação da Biblioteca Nacional, Jayme Spinelli, virão a Manaus. Eles participarão de uma palestra na próxima sexta-feira (07/04), a partir das 9h, na sala de seminários da biblioteca do Inpa. Na pauta, os procedimentos técnicos a serem utilizados na identificação, organização e conservação desses acervos, conforme as normas adotadas pela Biblioteca Nacional.

 

Durante a visita, eles também irão realizar visita técnica ao setor de obras raras da biblioteca do Instituto. A expectativa é de que a partir desta visita seja elaborado um projeto para restaurar e digitalizar o acervo de obras raras. "O objetivo é manter viva essa memória. Existem obras que são belíssimas, de grande valor. Algumas escritas e desenhadas à mão", afirmou Gama.

Programação

Com a iniciativa do “Projeto Memória da Ciência e da Cultura na Amazônia”, realizado pela Aspi por meio de Convênio de Cooperação Científica e Cultural com o Inpa, o evento inicia às 8h15 com a apresentação de um vídeo. Em forma de documentário, o vídeo conta a trajetória da criadora da biblioteca do Inpa, professora Algenir Ferraz Suano da Silva.

"O documentário foi produzido em 2007 pelo Projeto Memória da Ciência e da Cultura na Amazônia, o qual conta com depoimentos de várias autoridades em livros do Amazonas", informou Gama, frisando que a biblioteca do Inpa é considerada a terceira maior do Mundo em termos de títulos amazônicos.

/Na ocasião, segundo Gama, ocorrerão sorteios de livros ofertados pela gerente do Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras.

Confira o resumo das palestras:

09h – “Diretrizes de Segurança & Preservação na Biblioteca Nacional” – Palestrante: Jayme Spinelli – Coordenador de Preservação da Biblioteca Nacional

Resumo: Tendo como estudo de caso a Biblioteca Nacional (RJ), o palestrante abordará a problemática sobre segurança & preservação, para salvaguarda de acervos bibliográficos e documentais e para o edifício que os abriga. Tem por objetivo oferecer orientações e caminhos para procedimentos e atitudes relativas às questões desta natureza, importantes e vitais nesta era de tantas incertezas.

10h15 – “Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras: Atuação e Contribuição à Gestão de Acervos Raros” – Palestrante: Rosângela Rocha Von Helde – Gerente do Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras.

Resumo: O Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras (Planor) tem por objetivo identificar e cadastrar em base de dados bibliográfica acervos de memória existentes em bibliotecas e instituições culturais em todo o território nacional; orientar sobre os procedimentos técnicos a serem utilizados na identificação, organização e conservação desses acervos, conforme as normas adotadas pela Biblioteca Nacional; difundir informações através de sua página e de seu Boletim Informativo, além de promover eventos no âmbito do acervo raro.

 

 

 
Cristiane Barbosa – Agência Fapeam

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