Manaus sediará reunião da SBPC em 2009
BELÉM – Agora é oficial: Manaus vai sediar a 61a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 2009. O anúncio foi feito ontem à noite, durante a posse do novo presidente da SBPC, Marco Antônio Raupp, em Belém. Coordenador do Parque Tecnológico de São José dos Campos, São Paulo, Raupp venceu a eleição mais apertada da história da SBPC, superando Renato Balão Cordeiro, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Levar a reunião para a capital amazonense, segundo Raupp, é uma forma de dar à Amazônia a atenção que ela merece.
foto_fapeam_223
“Queremos que a Amazônia, que hoje tem uma defasagem entre o que o contribui e o que tem recebido de investimento, receba de fato a atenção que merece. A região precisa ser vista como uma área estratégica para o País”, disse Raupp, já como presidente. Para ele, a Amazônia não pode mais ser vista como um santuário. “A população local tem todo o direito de usá-la para o seu desenvolvimento, para mais qualidade de vida. Os povos indígenas, conhecedores da floresta, também têm esse direito. Agora, é preciso que isso seja feito de forma racional e é aí que a ciência pode contribuir”, acrescentou.
Raupp destacou a importância das instituições da Amazônia e assumiu o compromisso de defender mais recursos para a pesquisa e melhores salários para os pesquisadores. “É óbvio que nossa atuação não será da mesma forma em que atuam as associações de servidores. Mas é importante a SBPC lutar pela valorização das pessoas, mostrando que bons salários, por exemplo, são requisitos para se ter boas condições de atuação”, enfatizou Raupp.
Outra questão colocada pelo cientista é a da integração das instituições de pesquisa com empresas, de modo que sejam desenvolvidos novos produtos, como acontece no Parque de São José dos Campos. “Isso já vem acontecendo em outros países, uma economia do conhecimento, que também pretendemos estimular à frente da SBPC”, afirmou.
Ratificando o que já havia dito o ex-presidente da entidade, Ennio Candotti, na abertura da 59a. Reunião, porém com mais moderação, Raupp declarou que o Ibama, muitas vezes, atrapalha a ciência, principalmente em relação às coletas de campo. “Existe uma lei excessivamente protecionista hoje no Ibama”, disse. Para ele, o Ibama trata os pesquisadores como se estivessem cometendo um crime ambiental. “A gente sabe que atividade de coleta não causa esse impacto, por isso, defendemos que o cientista deve ter um tratamento diferenciado”.
Eleição apertada – O matemático gaúcho Raupp foi vice-presidente da entidade de 1999 a 2001. O cientista foi eleito na segunda votação convocada pelo Conselho da SBPC. Na primeira disputa, o pleito terminou empatado pela primeira vez na história da entidade. Na ocasião, Raupp e o farmacólogo Renato Balão Cordeiro, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), receberam 579 votos cada. Na nova votação, Raupp obteve 544 e Cordeiro 529 votos. Houve 18 votos em branco e 14 nulos.
Além de Raupp, Helena Bonciani Nader e Otávio Cardoso Velho assumiram a vice-presidência da SBPC. A pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Vera Val, Rute Maria de Andrade e Dante Barone são os novos secretários. Na secretária geral está Aldo Malavasi. José Raimundo Coelho e Lisbeth Kaiselian Cordani assumem a tesouraria. O novo conselho da SBPC é composto pelo diretor do Inpa, Adalberto Val (AM), Jailson de Andrade (BA), Isaac Roitman (DF), Paulo Sérgio beirão (MG), Celso Pinto de Melo (PE), Luiz Pinguelli Rosa (RJ), Ingrid Sarti (RJ), Amélia Império Hamburguer (SP), Dora Fix Ventura (SP), Sérgio Bampi (RS) e Carlos Vogt (SP).
A 59a. Reunião da SBPC, que começou no domingo, 8, encerra-se nesta sexta-feira. Todas as atividades – palestras, mesas-redondas, mini-cursos, reuniões de entidades e a ExpoT&C – estão concentradas no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, inaugurado recentemente pelo Governo do Pará.