Manaus, segunda maior incidência de tuberculose do País


Anualmente, o Ministério da Saúde (MS) registra uma média 85 mil novos casos de pessoas portadoras da Tuberculose (TB) no País. A incidência (número de casos novos pelo total da população) dessa doença infecto-contagiosa teve crescimento significativo ao longo das décadas e sua associação (co-infecção) ao vírus da Aids torna o quadro ainda mais alarmante.

Falta analisar a tuberculose dentro de um contexto integrado, agregando aspectos epidemiológicos e sociais. É o que propõe o Fundo Global, o maior financiador internacional de projetos na área. O Fundo investirá 7 bilhões de dólares no desenvolvimento de projetos que prevêem ações de combate à Aids, tuberculose e à malária, em 136 nações, inclusive no Brasil. O País receberá investimentos, pelos próximos cinco anos, da ordem de 27 milhões de dólares, a serem administrados pela Fundação para o Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (Fiotec) e pela Fundação Ataulpho de Paiva.

Onze regiões metropolitanas são cobertas pelo projeto. Metade dos casos de tuberculose identificados no País está distribuída nos 57 municípios que integram essas áreas.

Manaus está entre os focos. Segundo dados do MS de 2005, a capital só perde para o Rio de Janeiro em número de casos novos da doença dentro de território nacional. Para tratar desse problema, amanhã (sexta-feira), acontecerá uma Oficina para oficializar a formação do Comitê Municipal de combate à tuberculose e redução da co-infecção TB/HIV. Estarão reunidos das 8:00h às 17:00h representantes de Instituições Governamentais e Não-governamentais, organizações da sociedade civil e entidades afins, no Salão das Canoas, do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD), unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Amazônia.

“No encontro, serão discutidos aspectos relativos ao planejamento, monitoramento, avaliação e execução das atividades e componentes do Plano de ação do Fundo Global do município de Manaus”, diz Joycenéa Matsuda, pesquisadora da Fiocruz e membro do Comitê Municipal.

A redução da co-infecção TB/HIV é uma entre as cinco frentes de ação do projeto brasileiro. São prioridades também fortalecer a estratégia de tratamento supervisionado (DOT) para o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno em populações vulneráveis; fortalecer atividades de comunicação, advocacy e mobilização social; traçar estratégicas de tratamento da TB em populações de rua; e, por último, traçar medidas de controle da TB no sistema prisional. Para cada uma é necessário um plano de trabalho, com cronograma de atividades aprovado pelo Fundo Global, para fins de recebimento do financiamento necessário. Além disso, é a partir desse plano que o Comitê Municipal realizará o controle, o monitoramento e a avaliação das ações.

Segundo a pesquisadora, estão sendo realizadas oficinas de mobilização no Rio de Janeiro e em outras capitais para a discussão destas sub-temáticas.

“É interessante observar que não existe um controle do número de casos e o registro de pessoas portadoras de TB que vivem nas ruas. Não se sabe onde estão nem quem são. Nesse sentido, o projeto toma um viés social forte, pois força um maior envolvimento de setores do governo que não somente aqueles ligados à saúde, como é o caso das secretarias de Ação Social”, declara Matsuda.

Grace Soares – Ascom/Fiocruz

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