Manejo de abelhas para produção de mel é tema de pesquisa no Amazonas


Expedição realizada à Reserva Amanã, no Amazonas, registrou a prática do manejo de abelhas para produção de mel por comunitários da região. A atividade é parte integrante do projeto intitulado “A percepção das abelhas nativas da Amazônia e práticas sociais associadas: criando, colhendo mel e capturando enxames” desenvolvido pelo pesquisador Samuel Le Rouzic, da Universidade de Rennes 2, da França.

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Durante a expedição foram realizadas visitas aos criadores de nove comunidades da Reserva. Segundo o pesquisador, o importante neste estudo é dimensionar o potencial da criação de abelhas na Amazônia. “Acredito que sejam mais de 30 espécies de abelhas na reserva, em torno de 12 espécies que podem ser domesticadas e talvez 10 que têm um valor econômico para a produção de mel”, explicou.

MÉTODO

A metodologia utilizada é em forma de “conversa informal” em que o criador narra sua percepção sobre a relação entre as abelhas e as atividades, conforme explicou o técnico do Instituto Mamirauá, Jacson Rodrigues.

Com o planejamento do estudo será feita uma investigação etnozoológica em três distintos contextos. A criação tradicional de várias espécies de abelhas nativas é substituída gradualmente pela apicultura intensiva para exportação, onde é desenvolvida atividade semiprofissional com a aclimatação de espécies exógenas e onde a criação de abelhas permanece ancorada em uma tradição familiar. A pesquisa também está sendo desenvolvida em outros países da América Latina como Cuba, Equador e Peru.

ASSESSORIA TÉCNICA

Desde 2009, o Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, presta assessoria técnica aos criadores de abelhas da região. Durante alguns cursos ministrados pelos técnicos do Instituto, o modelo da ‘caixa colmeia’ foi apresentado aos comunitários, o que facilitou a criação das abelhas integrada com os agroecossistemas e consequentemente a forma de coleta do mel.

Maria Erly das Chagas de Oliveira, moradora da comunidade de São João do Ipecaçú ressalta os avanços da atividade, o que vem sendo acompanhado por técnicos do Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto Mamirauá. “Quando o curso chegou aqui na comunidade, nós conversamos muito sobre como as abelhas são importantes para a natureza, porque elas ajudam as árvores a darem frutos e ajudam a gente com a produção do mel, que acaba também sendo uma renda extra”, afirmou a moradora.

As espécies de abelhas trabalhadas pelos comunitários na Reserva Amanã são chamadas localmente de ‘Jandaíras’ entre elas se destacam a Uruçú-Boca-de-renda (Melipona seminigra merrillae); Jandaíra preta (Melipona seminigra pernigra); Uruçú amarela (Melipona paraensis); e Uruçú vermelha (Melipona crinita). Conforme observações e percepções dos criadores de abelhas, essas espécies apresentam fácil adaptação ao modelo de ‘caixa colmeia’. Além disso, essas espécies têm dado retorno positivo em relação à produção de mel e pólen no modelo de caixa.

 

FONTE: Aline Fidelix / Instituto Mamirauá

FOTOS: Aline Fidelix

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