MCT E CNPq avaliam rede de manejo e conservação de peixes da Amazônia


Acontece nesta quinta e sexta-feira (28 e 29/09), das 8h às 18h, no auditório 319 do Centro Universitário Nilton Lins, bloco Unicenter, 3º andar, uma reunião entre os representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com pesquisadores da Rede “Conservação e Manejo de Espécies de Peixes de Água Doce da Amazônia”, também denominada PRO-PEIXE. O objetivo é avaliar o desempenho científico e tecnológico dos cinco projetos que compõem a rede. Para isso, os pesquisadores farão exposições orais sobre cada trabalho.
A Coordenadora da Rede e pesquisadora do Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (LEEM/INPA), Vera Val, explicou que o PRO-PEIXE é formado por instituições como o Centro Universitário Nilton Lins, a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), a UNINORTE e o INPA, foram investidos cerca de R$ 1.019.655,84 milhão e teve início há dois meses e meio.
Vera Val ressaltou que o objetivo desse grande projeto é analisar, geneticamente, os animais criados em cativeiros do Ceará, Maranhão, Pará e Amazonas e compará-los com os que vivem em ambientes naturais. Isso porque está havendo uma quebra da variabilidade genética (capacidade natural que o animal tem para selecionar os genes mais resistentes), o que vem ocorrendo tanto ambiente natural quanto em artificial (cativeiros). Com isso, os pesquisadores querem determinar o que está acontecendo e encontrar alternativas para solucionar a questão. No homem, a variabilidade genética caracteriza-se pela determinação da cor dos olhos, cabelo, cor da pele, resistência a doenças etc.
“Um dos motivos que podem estar causando a diminuição da variabilidade genética nos peixes é a pesca excessiva sobre determinadas espécies de alto valor econômico, como, o tambaqui, o pirarucu, a matrinxã e o tucunaré. Após conclusão das pesquisas, queremos encontrar formas de garantir a produção e manutenção das populações e permitir a reposição dos animais ao seu habitat natural”, disse Vera Val.
Mas, segundo a pesquisadora, alcançar a meta traçada até o final da pesquisa, que durará 36 meses, não é tarefa fácil. Isso porque a manutenção do padrão de variabilidade em cativeiros é complicado, pois envolve o acasalamento aleatório o qual permite a seleção natural de genes que já estão adaptados a ambientes modificados. Esse procedimento é comum somente em animais que vivem soltos. Ela afirmou que vencer esse obstáculo é a garantia de sucesso entre as gerações futuras, pois serão criados animais mais resistentes às mudanças ambientais e as próprias mudanças no ambiente artificial, consideradas as mais severas.
Para garantir o sucesso da rede, os pesquisadores farão uso das metodologias mais modernas disponíveis no mercado, como, a utilização de micro satélites para monitorar as espécies mais exploradas. Além disso, utilizarão o que há de mais moderno na pesquisa molecular. O objetivo é criar bibliotecas de seqüências expressas de todos os genes expressos no organismo dos peixes. Para isso, serão isolados o RNA total, sigla para ácido ribonucléico, que em sua composição é semelhante ao DNA (ácido desoxirribonucléico), formado por cadeias simples e moléculas de dimensões inferiores ao DNA.
A pesquisadora explicou que após isolarem o RNA os mesmos serão transformados em CDNA, ou seja, que codificam algo dentro do organismo, os quais serão seqüênciados. O objetivo é encontrar diferenças entre adultos e jovens, como, por exemplo, saber se existe genes que se diferenciam sexualmente, como no caso do pirarucu. “Só é possível saber o sexo do pirarucu após ele se tornar um animal adulto. Quando conseguimos determinar isso ainda jovem é possível manejá-lo para a procriação. O trabalho pode ser utilizado por piscicultores”, afirmou.
Em relação a pesquisa molecular, o trabalho também pretende identificar os genes de crescimento e os resistentes a determinadas doenças. Com a informação os pesquisadores poderão melhorar o manuseio e a taxa de crescimento dos animais. “Tudo que for expresso de diferenciação entre jovens e adultos e machos e fêmeas serão analisados como genes alvos”, finalizou.

Ascom Inpa

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