Ministro de C&T comenta sobre o desafio de fazer Ciência na Amazônia


25/01/2011 – O ministro de Ciência e Tecnologia (MCT), Aloizio Mercadante, esteve reunido na última segunda-feira, 24, no Auditório da Ciência, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) do Amazonas, quando conheceu alguns projetos e pesquisas desenvolvidos pelo Inpa, Embrapa, Suframa, Museu Emílio Goeldi, Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto de Desenvolvimento Mamirauá e a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sect).

Durante duas horas, o ministro ouviu as exposições das instituições, tomando conhecimento das realizações em C&T e os desafios de fazer Ciência na Amazônia.

Em seu discurso, Mercadante destacou que a sustentação de todos esses projetos passa pelo conhecimento. “A porta de entrada do século 21 é uma sociedade do conhecimento e da sustentabilidade ambiental, desafio para se criar um novo padrão de desenvolvimento. Nas últimas gestões, já tivemos um avanço em termos de gestão do conhecimento, hoje, nós somos o 13º país de maior produção científica reconhecida internacionalmente”, afirmou.

Recursos Humanos

Declarando que a produção científica é a base do processo de aprendizagem, de democratização e socialização do conhecimento, Mercadante revelou para uma plateia de pesquisadores, coordenadores e diretores de instituições que “nossa primeira prioridade são os recursos humanos. Apesar de todos os métodos que nós tivemos, o Brasil forma, por exemplo, um engenheiro para cada 50 formandos, enquanto a Coreia forma um para cada quatro. Temos ainda um grande desafio em algumas áreas de ensino”. Para ele, é necessária uma política de doutores. “Temos apenas 3,5 mil pesquisadores doutores na Amazônia. É muito pouco. Isso não pode continuar. Uma região que tem 8% do PIB do País, com 25 milhões de pessoas, não pode continuar tendo a inteligência com essa carência de recursos”, disse.

Inovação

Outro ponto de realce no discurso do ministro foi o processo de inovação. “Temos que exigir mais para a Ciência e Tecnologia, acompanhar mais de perto, apropriar esses processos da industrialização de empresas que vêm para o Brasil. O País vende produtos e serviços e não produz. A Suframa tem que disputar, fazer parte dessa rede e negociar claramente investimentos em laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, exigir o registro de patentes no Brasil e outras plataformas de C&T”. Ele ressaltou ainda que é preciso pensar em biodiversidade. “Isso aqui é a maior biodiversidade do planeta. Se quisermos preservar isso, além de combater o desmatamento, precisamos gerar emprego e renda a partir de produtos de pesquisas como forma de agregar a população da região”, destaca.

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Saúde

Referindo-se às pesquisas desenvolvidas na área da saúde, Mercadante falou com entusiasmo. “Esses esforços em relação à malária, à dengue e à leishmaniose, em buscar soluções, prevenções e formas de tratamento são áreas que precisam de apoio, pois são vitais para a sociedade brasileira. Existe projeto de formar profissionais também em outros países da Região Amazônica, vamos trazer esses escritórios para a região, médicos, para criar uma cultura de patentes, para facilitar ou baratear, para agilizar, para estimular. Temos também o desafio de repensar a regulamentação do incentivo fiscal e dos parques tecnológicos e incubadoras de pequenas empresas”, explica Mercadante, prometendo conversar com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e instituições de pesquisa da Região Norte, para criar um escritório do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) na região.

Difusão

Para o ministro, não basta produzir conhecimento, o pesquisador precisa repassar conhecimento. “Precisamos mostrar para a sociedade brasileira o que estamos produzindo em termos de Ciência e Tecnologia e como essa produção do conhecimento ajuda a melhorar a vida das pessoas. Não basta simplesmente estar em uma sala de aula ou achar que o único compromisso da pesquisa é o de terminar uma tese de mestrado ou doutorado. Isso tem que virar outras formas didáticas de divulgar o que a gente produz. Temos que realizar feiras, exposições, seminários, encontros, semanas de C&T, para que possamos motivar a juventude para vir para a Ciência, para ter o desejo de descobrir o mundo, para colocar perguntas e não aceitar respostas fáceis para os problemas da sociedade, de ter aquela curiosidade da Iinovação. O maior cliente que temos é aquele que paga os impostos, o povo tem que estar convencido que a C&T e suas instituições são fundamentais para a resolução de suas carências”, destacou Mercadante.

Momento simbólico

Durante a solenidade, ao saudar o ministro, o titular da Sect, Odenildo Sena, disse que via como “simbólico e alvissareiro o começo do seu périplo de viagens aqui pela Amazônia”.

Segundo Sena, a Amazônia tem vivido muito de promessas e o que ela precisa é de uma revolução. “Essa revolução não pode esperar ministro, ela é para o mês passado, o ano passado, para dez, quinze anos atrás. E essa revolução se dará, de fato, se nós tivermos aqui um enorme potencial de gente qualificada para gerar conhecimento sobre a região”, declarou.

Sena disse ainda que essa revolução ocorreu em São Paulo, quando foi criada a USP. Buscou-se cérebro de fora, transformando-a em uma das maiores universidades do Brasil, disputando o ranking com universidades do mundo inteiro. O mesmo aconteceu com a criação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Falando ainda ao ministro, Sena revelou que a Amazônia carece dessa revolução. “Se o senhor comprar o desafio dessa revolução, o senhor vai contar com todos esses amazônidas, corajosos e ousados”, concluiu.

Foto 2: Odenildo Sena, secretário de Ciência e Tecnologia, fala ao ministro sobre revolução na Ciência.

 

Agência FAPEAM

Com informações da Ascom/Sect

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