Ministro de C&T diz que é preciso elevar gasto com Inovação
22/06/2011 – Para acelerar a taxa de inovação e ampliar a competitividade da indústria, o Brasil precisa atrair projetos que garantam como contrapartida investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
“Não dá para ceder incentivo fiscal sem esse retorno. Temos condições de exigir mais de quem quer investir no País”, declarou o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, na cerimônia de abertura da 11ª Conferência da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras(Anpei) de Inovação Tecnológica, que termina amanhã, em Fortaleza.
A estratégia é fundamental para que o Brasil avance na produção de valor agregado, deixando de ser uma economia com forte base nas commodities. Entre os exemplos, Mercadante avalia a cadeia produtiva do petróleo e chama a exploração em águas profundas de “nosso Sputnik”, em alusão à declaração que o presidente americano Barack Obama fez sobre a importância do programa espacial para a economia dos Estados Unidos.
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No Brasil, o desafio está em criar uma cadeia produtiva capaz de atender às demandas tecnológicas do pré-sal. Quanto maior o índice de nacionalização, maiores serão os impactos da exploração em toda a economia, criando empregos e gerando riquezas para o País.
A decisão, segundo ele, é se agiremos como a Venezuela, que não deve deixar uma boa herança para o futuro, ou a Noruega, cuja estratégia para a exploração de petróleo e gás garantiu desenvolvimento econômico e social. “É a nossa poupança para o futuro”, afirmou.
O ministro comentou ainda suas preocupações em relação à proposta para a divisão dos royalties do pré-sal. Com o projeto que está em avaliação, o fundo setorial, que garante os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, perderá em torno de R$ 12 bilhões até 2020, nas contas do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O cálculo tem base no potencial das reservas.
De acordo com Mercadante, o Brasil já tem 20 bilhões de barris certificados, com potencial de ultrapassar os 40 bilhões. A um preço médio de US$ 120 o barril, o total da produção alcançará o patamar de US$ 5 trilhões. “Parte dos lucros tem de ser investida em educação, ciência, tecnologia e inovação. Não temos o direito de repetir o erro de muitas nações petrolíferas”, diz.
No encontro, organizado pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), o ministro conclamou os empresários a ampliar os aportes em pesquisa e desenvolvimento. O Brasil investe cerca de 1,19% do Produto Interno Bruto (PIB) em atividades para criação de novos produtos e mais da metade desse orçamento vem do poder público. No Japão, o total alcança 3,44% do PIB, a maior parte com dinheiro da iniciativa privada. O mesmo se repete nos Estados Unidos e na Europa. “A meta é criar uma cultura empresarial inovadora, para que o salto tecnológico aconteça”, afirma.
Para os representantes das empresas, o governo também precisa apostar mais, dividindo os riscos e criando instrumentos mais eficientes para financiar as atividades de pesquisa e desenvolvimento. “A política econômica tem de ser direcionada para a inovação. É preciso ousadia para avançar”, afirma Carlos Eduardo Calmanovici, presidente da Anpei.
Mesmo com um sofisticado sistema para fomento à inovação, o País ainda não consegue trazer competitividade para as cadeias produtivas. “Não dá para inovar sozinho. Mesmo que uma grande empresa aposte muito em pesquisa e desenvolvimento, vai esbarrar na falta de capacitação da cadeia produtiva”, avalia Calmanovici.
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) tem mais de 60 instrumentos de fomento à inovação, que se transformaram em um verdadeiro labirinto burocrático para a obtenção de crédito. Para dar mais agilidade ao sistema, o Ministério quer transformar a Finep em uma espécie de banco. “A Finep será o grande agente da inovação no Brasil, com linhas diversas”, conta Mercadante, afirmando que nos últimos três meses a entidade desembolsou R$ 1,4 bilhão para o financiamento de projetos.
Agência FAPEAM
Com informações do Jornal da Ciência



























