Mix de enzimas de fungos da Amazônia será usado na produção de álcool
Projeto está em fase de otimização da produção de enzimas que serão usadas no coquetel
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Um mix de enzimas de micro-organismos da Amazônia será usado na produção de álcool de segunda geração (bioetanol). O projeto está atualmente em fase de otimização da produção de enzimas para composição de um coquetel que será usado para degradar biomassa vegetal e transformá-la em açúcar. Enzimas são substâncias do grupo das proteínas e atuam como catalisadores de reações químicas.
O “Enzyme Blend – Mix Enzimático de Microrganismos da Amazônia para Aplicação Industrial” conta com recursos do Governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). A proposta é desenvolvida no âmbito do programa Sinapse da Inovação, realizado em parceria com a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi).
Os fungos selecionados no estudo foram isolados de material vegetal em decomposição, encontrados em bagaço de cana de refinarias sediadas na região, e também do próprio solo amazônico
Segundo a coordenadora do projeto, a doutoranda em Biotecnologia, Pamella Santa Rosa Pimentel, o objetivo da proposta é fazer uma formulação de enzimas, ou seja, um coquetel de enzimas, que será utilizado na indústria de bioetanol e em outros setores industriais, como têxtil e alimentação.
“Atualmente, os processos de produção enzimática estão sendo otimizados, para aumentar a produção. Estamos fazendo a formulação utilizando enzimas de diversos fungos. Vamos misturar essas enzimas para que possam ter melhor atuação na degradação da biomassa vegetal e na geração de açúcar”, disse Pamella.
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Conforme a pesquisadora, os fungos selecionados no estudo foram isolados de material vegetal em decomposição, encontrados em bagaço de cana de refinarias sediadas na região, e também do próprio solo amazônico. As pesquisas para identificação dos micro-organismos capazes de produzir as enzimas tiveram início em 2009. A pesquisadora deu continuidade aos trabalhos.
“O estudo começou com outros pesquisadores. Eles fizeram a identificação e o isolamento de vários micro-organismos que tinham potencial para produzir as enzimas. No meu mestrado trabalhei caracterizando as enzimas de uma espécie de um grupo de três fungos considerados melhores na produção de enzimas. Já no doutorado a proposta é utilizar esse fungo caracterizado com mais dois fungos para fazer sinergismos entre eles. Porque para desconstruir a biomassa vegetal você precisa de várias enzimas para fazer um coquetel com potencial de ação maior”, ressaltou a pesquisadora.
A ideia é fazer um coquetel de enzimas que será utilizado na indústria de bioetanol e em outros setores industriais, como têxtil e alimentação
O Enzyme Blend tem a proposta de transformar a biomassa em açúcar. O açúcar será levado para fermentação para que seja produzido o álcool. “Essa parte de produção do álcool não é o nosso trabalho. Nosso produto está ligado a essa linha do processo para gerar o açúcar”, disse a doutoranda.
Além do projeto de enzimas pra produção de etanol, a empresa pretende produzir enzimas a partir dos fungos para outras finalidades, com destaque para o setor de alimentação.
“Algumas enzimas que os micro-organismos produzem já são utilizadas na indústria de alimentos, na panificação. No entanto, no Brasil e especificamente na região norte, elas são pouco conhecidas e muitos setores da panificação ainda não utilizam. Temos o objetivo de aprimorar esse processo e transferir a tecnologia”, afirmou.
Benefícios
De acordo com o grupo de empreendedor, o projeto beneficia diretamente biorefinarias do país, pois contribuirá com o abatimento no valor da compra de coquetéis enzimáticos, que atualmente são exportados a preços altos. O uso de microrganismos da região amazônica seria uma alternativa mais em conta para os produtores de álcool de segunda geração.
Texto: Francisco Santos –Agência Fapeam
Fotos- Agência Fapeam