Modelo de sustentabilidade é criticado em conferência ambiental
Com uma abordagem econômica sobre os efeitos das mudanças climáticas e outros aspectos relacionados à temática ambiental, o mexicano Enrique Leff criticou o modelo de sustentabilidade atual, que segundo ele busca inserir comunidades tradicionais num conceito de desenvolvimento vinculado à economia sem respeitar as particularidades socioculturais dos indivíduos.
Leff citou como exemplo as comunidades indígenas bolivianas, chamadas ao diálogo sobre mudanças climáticas e outros temas relacionados à temática ambiental. Elas tinham uma clara visão do capitalismo como causador da degradação ambiental, mas não buscavam ser inseridos em modelos de desenvolvimento como forma de compensação frente a esses problemas. "Eles queriam apenas e tão somente sobreviver. Viver em harmonia", sintetizou.
Com o tema Rumo à Racionalidade Ambiental, o economista mexicano, doutor em Economia do Desenvolvimento pela Sorbonne, proferiu a palestra de abertura do Seminário Internacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia e da 1ª Mostra e Intercâmbio de Experiências em Educação Ambiental na Amazônia, eventos promovidos pelo Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas (CCA/Ufam).
Os eventos têm o apoio do Governo do Amazonas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Segundo Leff, o homem esqueceu que é um produto da natureza. O economista lembrou que a ciência é um instrumental a serviço do crescimento econômico, e como tal a economia se alimenta da natureza. "Mas a transformação da matéria em energia não segue as leis de mercado, mas as leis da natureza",advertiu.
Sobre a participação da academia na discussão desses problemas, o palestrante criticou o modelo acadêmico que países periféricos como o Brasil e o México importaram da Europa, com estruturas curriculares e modelos prontos. “A universidade deve ser o espaço da inquietação”, justificou.
A Mostra prossegue até sexta, 18, com palestras, mesas-redondas, oficinas, sessão de pôsteres com 150 trabalhos, apresentação de 21 estandes institucionais e duas modalidades de debates inovadores nesse tipo de evento: o diálogo jovem e a experiência dialogada.
Na Experiência Dialogada, durante uma hora e meia, coordenadores, participantes e plateia poderão interagir sobre os resultados e problemas de projetos cuja duração varia entre três e 14 anos, explicou a coordenadora do evento, Maria Olívia Simão, do Departamento de Formação e Educação Ambiental do CCA/Ufam.
A programação completa está disponível em http://www.cca.ufam.edu.br
Agência Fapeam
com informações de Renato Moraes – Oficina de Notícias