Modo de falar de habitantes das calhas do Baixo Amazonas e do Rio Madeira é foco de pesquisa
26/03/2013 – Com intuito de aprofundar o estudo sobre a fala no Amazonas – observando os aspectos fonéticos (modo como se fala) e lexical (vocabulário internalizado que pode sofrer influência externa) a doutora em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Maria Sandra Campos, vai realizar o mapeamento da fala nos municípios localizados nas calhas do Baixo Amazonas e do Rio Madeira.
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“Montaremos uma expedição formada por estudantes de Letras e Comunicação que partirá no dia 22 de abril e em 20 dias realizará a primeira etapa da pesquisa visitando quatro municípios”, disse Campos.
O estudo intitulado ‘Dialetos amazônicos – descrição para a revitalização da autoestima ribeirinha’ é financiado pelo Governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Apoio à Pesquisa (Universal/Amazonas).
Segundo Campos, na primeira etapa da pesquisa serão visitados os municípios da calha do Baixo Amazonas: Itacoatiara (a 175 quilômetros de Manaus), Parintins (a 368 quilômetros de Manaus), Barreirinha (a 329 quilômetros de Manaus) e Maués (a 257 quilômetros de Manaus).
O doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Cirineu Cecote Stein, auxiliará no desenvolvimento do estudo.
“Pontuamos todos os locais onde a pesquisa será realizada, para analisar os aspectos fonéticos e lexicais dos moradores da zona rural e urbana dos municípios visitados”, explicou Campos.
Documentário
Na segunda etapa do estudo, ainda sem data para ser realizada, a pesquisadora informou que irá percorrer os municípios que compõem a calha do Rio Madeira.
Serão visitados os municípios de Nova Olinda do Norte (a 135 quilômetros de Manaus), Borba (a 151 quilômetros de Manaus), Novo Aripuanã (a 227 quilômetros da capital), Manicoré (a 332 quilômetros de Manaus), Apuí e Humaitá (respectivamente a 453 e a 590 quilômetros de Manaus).
A pesquisadora, que também é professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), disse que ao longo do levantamento de dados a partir da descrição da língua portuguesa vai elaborar um documentário sobre a vida do ribeirinho amazônico.
Ela explicou que o documentário vai relatar o modo de vida do ribeirinho, suas crenças, comportamentos e principais fontes de renda.
“Cultura e língua estão sempre ligados. O que você vê registrado no interior do Amazonas é que alguém matou alguém ou outros assuntos, mas nunca são temas voltados para a cultura do ribeirinho, o verdadeiro homem amazônida”, disse Campos.
Conheça a pesquisadora Maria Sandra Campos
Conheça o pesquisador Cirineu Cecote Stein
Livro
Em 2011, a professora Maria Sandra Campos escreveu o livro ‘O alçamento das vogais posteriores em sílaba tônica: um estudo do português falado em Borba no Amazonas’.
Na obra, financiada pelo Governo do Estado, via FAPEAM, por meio do Programa de Apoio a Publicações Científicas (Biblos), a pesquisadora relatou as variações da língua portuguesa falada pelos moradores no município de Borba.
Campos observou em 15 comunidades rurais a elevação de uma vogal para outra mais elevada – por exemplo, /o/ para /u/ – denominada de alçamento.
“Essa iniciativa se deu a partir do município de Borba em razão do fenômeno ser natural naquela região, privilegiando-a como ponto de partida para um estudo mais geral sobre os fenômenos linguísticos e sua contribuição para a formação cultural amazonense”, esclareceu a pesquisadora.
O livro foi resultado de uma tese de doutorado em Letras na área de Estudos Linguísticos e ainda não foi lançado oficialmente.
Conte sua história
Maria Sandra Campos relatou sua relação com a FAPEAM no hotsite ‘Conte sua História’, criado em comemoração aos 10 anos da Fundação. Assim como ela, profissionais e estudantes podem relatar suas experiências no desenvolvimento de projetos científicos e/ou tecnológicos vinculados à Fundação.
“Hoje, com toda a certeza, não vejo um futuro promissor na área da pesquisa sem o apoio que a FAPEAM vem me proporcionando nesses anos”, disse Campos.
Sobre o Universal
O Programa de Apoio à Pesquisa (Universal Amazonas) consiste em financiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, em todas as áreas de conhecimento com contribuição significativa para o desenvolvimento do Estado do Amazonas.
Jéssica Fernandes e Camila Carvalho – Agência FAPEAM