Moradores de RDS são capacitados para preservação do tambaqui
Um desses estudos é a pesquisa intitulada “Biologia e pesca do tambaqui na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus: bases para elaboração do plano de manejo”, coordenada pelo professor do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) e doutor em Biologia em Água Doce e Pesca Interior, Luiz Henrique Claro Júnior, no município de Beruri, cidade próxima a Manacapuru-AM. O projeto conta com o apoio do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) em parceria com Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnologico (CNPq).
O estudo é realizado em duas áreas, uma localizada na várzea, onde em períodos de seca são formados lagos de águas barrentas, considerada ambiente típico para a presença do tambaqui. A outra, em terra firme, com águas negras e rios de corrente, e objetiva auxiliar outras pesquisas dentro da RDS, além de capacitar pescadores e moradores daquela localidade.
De acordo com Claro Júnior, alguns grupos de pesquisa, anteriores ao seu projeto, verificaram que o tambaqui estava sendo abatido com um comprimento inferior ao estabelecido pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), que é de 55 centímetros. “Isso é algo preocupante, pois se interrompe o ciclo de reprodução da espécie, podendo-se chegar a um declínio irreversível”, observou.
A partir daí, o pesquisador ressaltou a necessidade de se conscientizar a comunidade para a importância da preservação do tambaqui. Para isso, capacitou os pescadores e os integrou como suporte à pesquisa e os ensinou a verificar os períodos de maturação dos peixes. “Eles precisam compreender que são eles os indivíduos mais afetados com a pesca predatória do tambaqui”, afirmou.
Os resultados parciais da pesquisa já começaram a surgir. Comprovou-se que a área de várzea é muito mais produtiva do que a área de terra firme. Os pescadores estão criando noções de zoneamento, que é delimitar geograficamente uma área com o objetivo de preservar o animal e, principalmente, a mudança de mentalidade do ribeirinho.
“Ao convidar um pescador e levá-lo para a pesquisa, onde coletamos o peixe e o devolvemos novamente para a natureza, já há um impacto na cultura e no costume desse cidadão”, disse Claro Júnior.
Ainda de acordo com o pesquisador, além do objetivo ecológico de preservação, existe uma preocupação econômica relevante. Pois, o pescador está indo cada vez vai mais longe à procura do peixe e isso gera desperdício econômico. “Hoje, 85% do que é comercializado de tambaqui vêm da piscicultura, por isso a necessidade de se preservar a espécie para que os filhos desses pescadores possam ter meios de subsistência futuramente”, completou.
Sobre o DCR da FAPEAM
O programa consiste em apoiar, com bolsas, passagens e auxílio, doutores titulados ,em outros Estados e no Amazonas, interessados em desenvolver pesquisas em instituições localizadas no Amazonas.
Carlos Fábio Guimarães – Agência Fapeam