Morre aos 100 anos Claude Lévi-Strauss


A morte do antropólogo Claude Lévi-Strauss anunciada na última terça-feira (3/10), pelo jornal francês “Le Monde”, repercutiu em vários setores do meio acadêmico do país. Strauss é considerado um dos intelectuais mais relevantes do século 20 e fundador da Antropologia Estruturalista.  

Membro de uma família judia francesa, Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas em 28 de novembro de 1908, mas criou-se em Paris, onde estudou Direito e Filosofia na Sorbonne. No Brasil, lecionou sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo (USP), de 1935 a 1939. Realizou também vários trabalhos de campo no Mato Grosso e na Amazônia.

 

O pesquisador José Ribamar Bessa Freire, coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), disse que o intelectual lotava os lugares por onde passava. “Em um auditório onde cabiam cerca de 300 pessoas, tínhamos que sentar no chão”, lembrou.

 

Bessa Freire destaca a perda e lembra que segundo o próprio antropólogo, a etnografia brasileira estava entre as ‘melhores do mundo’.“Ele foi um pesquisador muito importante para o Brasil”, afirmou.

 

Em nota, Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, afirmou: "Lévi-Strauss foi um dos maiores antropólogos de todos os tempos. Suas contribuições, especialmente depois que publicou ‘As Formas Elementares do Parentesco’, revolucionaram a antropologia contemporânea. A partir de então, a corrente chamada ‘estruturalista’ passou a exercer enorme influência em todas as universidades".

 

Na Universidade do Amazonas (Ufam), o professor doutor Nelson Matos de Noronha disse que as obras de Strauss revolucionaram as ciências sociais e a filosofia. “Graças a seus livros, os povos indígenas do Brasil puderam ser melhor conhecidos e mais respeitados face aos avanços do Estado e da ‘dita’ civilização”, comentou o professor

 

Lévi-Strauss jamais aceitou a visão histórica da civilização ocidental como única. Ele enfatizava que a mente selvagem é igual à civilizada. Suas contribuições mais decisivas podem ser resumidas em três grandes temas: a teoria das estruturas elementares do parentesco, os processos mentais do conhecimento humano e a estrutura dos mitos.

 

Aos 97 anos, em 2005, recebeu o 17º Prêmio Internacional Catalunha, na Espanha. Na ocasião, declarou: "Fico emocionado, porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele – isso é algo que sempre deveríamos ter presente".

 

Bibliografia publicada no Brasil

·         As Estruturas Elementares do Parentesco (Vozes, 2003)

·         Antropologia Estrutural (Vol. 1) (Cosac Naify, 2008)

·         Antropologia Estrutural (Vol. 2) (Tempo Brasileiro, 1993)

·         O Pensamento Selvagem (Papirus, 2005)

·         Sociologia e Antropologia, de Marcel Mauss (introdução de Claude Lévi-Strauss, Cosac Naify, 2003)

·         O Cru e o Cozido – Mitológicas (Cosac Naify, 2004)

·         Do Mel às Cinzas – Mitológicas (Cosac Naify, 2005)

·         A Origem dos Modos à Mesa – Mitológicas (Cosac Naify, 2006)

·         O Homem Nu – Mitológicas (Cosac Naify, 2009)

 

Carlos Fábio – Agência Fapeam

Com informações do portal G1 – Ciência e Saúde

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