Mulheres na ciência: pesquisadoras que atuam no cenário científico do Amazonas
A participação feminina em diversas áreas obteve crescimento. Entretanto, a luta por igualdade de gênero e de raça é uma jornada que ainda está sendo percorrida. Quando se trata de representação da mulher na ciência, tecnologia e inovação, elas estão em número bem menor. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apenas 28% dos pesquisadores do mundo são mulheres, ou seja ainda há um número baixo de mulheres nos campos científicos.
Para mudar esse cenário, a Fapeam adotou, em 2020, em seu calendário anual, atividades de apoio ao movimento Mulheres e Meninas na Ciência, com o objetivo estimular o acesso integral e igualitário de mulheres e meninas na ciência.
As mulheres têm participação na ciência e para mostrar um pouco desse cenário, a equipe de comunicação da Fapeam conversou com três mulheres pesquisadoras que atuam no campo científico do Amazonas e que têm estudos amparados pela Fapeam. Boa leitura!
Maria das Graças Vale Barbosa Guerra- Pesquisadora com graduação em Ciências Biológicas pela Ufam, mestrado e doutorado em Ciências Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Atualmente é pesquisadora da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) e professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Maria das Graças conta que seu primeiro contato com a pesquisa começou ainda quando era aluna de graduação da Ufam, por conta de uma disciplina de zoologia na parte de invertebrados. Naquela época, um aluno de mestrado do Inpa buscava por estagiários para trabalhar em Entomologia, foi quando ela ingressou no grupo do pesquisador Inpa, Jorge Luiz Nessimian.
No doutorado trabalhou com ecologia de diversidades de insetos. Em 2000 concluiu o doutorado e começou a atuar na área de entomologia. A pesquisadora também tem projetos amparados pela Fapeam como estudos e testes imunológicos para o diagnóstico sorológico da Doença de Chagas Crônica e Coleções Entomológicas.
Para a Maria das Graças existe espaço para todo mundo, mas as mulheres têm mais sensibilidade, em alguns aspectos, que os homens não têm, não sendo melhores que ninguém, cada um com seu papel e com a sua visão.
“O problema é que o nosso mundo enxerga o homem como denominador de tudo, eu acho que, por mais que sejamos em menor número na pesquisa científica, somos grandes quando se analisa a história, com grandes descobertas realizadas por mulheres. Somos em menor número, porém conquistamos nosso espaço. A mulher tem papel importante nesse processo, se a pesquisa científica não tivesse mulheres envolvidas, muita coisa tinha passado despercebida e talvez nunca tivesse sido descoberta. Hoje, temos uma receptividade maior, temos menos portas fechadas, se a mulher quiser ela consegue fazer pesquisa em qualquer lugar do mundo”, relata.
Cristina Motta Ferreira- Farmacêutica-Bioquímica com Especialização em Imunohematologia pela Sociedade Brasileira de Hematologia e Doutorado em Doenças Tropicais e Infecciosas pela Universidade do Estado do Amazonas pela (UEA). Atua na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) como pesquisadora nas linhas de Hematologia, Hemoterapia, Genética Microbiana e Epidemiologia Molecular .
Durante sua fase de estudante, desde a escola primária até a faculdade, sempre gostou de estudar e de pesquisar os trabalhos que os professores passavam. Seu interesse na pesquisa iniciou na faculdade, mas foi no mestrado que percebeu que realmente se identificava com o campo científico e que poderia encontrar satisfação em exercer sua profissão e, ao mesmo tempo, desenvolver projetos que pudessem trazer avanços e melhorias para a área da saúde pública.
Hoje, Cristina avalia o cenário da participação feminina na pesquisa científica como relevante e com aumento a cada dia. “Cada vez mais as cientistas estão deixando “suas marcas”, ampliando seu espaço em praticamente todas as áreas do conhecimento. Diversas mulheres já se destacaram na área da pesquisa, inclusive sendo premiadas com o Nobel. Para aquelas que pretendem dedicar sua vida profissional atuando na pesquisa, posso dizer que não meçam esforços para atingir esse objetivo e não se deixem abater pelos momentos de dificuldades, sejam eles quais forem. Não sei se podemos dizer que é uma mensagem, mas, quando estou com meus alunos, sempre digo que fazer pesquisa científica é trabalhoso, requer muita dedicação, estudo, caráter, responsabilidade e ética, mas que, no final de todo o trabalho, teremos a grande satisfação de ver que todos os nossos objetivos foram atingidos e que nossa contribuição que foi dada à ciência”, destaca.
Lionela da Silva- É professora da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (FEFF) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutoranda em Educação Física e Esporte na Universidade de São Paulo (USP), atua nas áreas de educação física adaptada, ginástica e dança.
Começou a fazer pesquisa logo que entrou na Faculdade de Educação Física. No primeiro período entrou como voluntária para o Programa de Atividades Motoras para Deficientes (Proamde). Em 2015 concorreu ao edital do Programa de Apoio à Pesquisa (Universal Amazonas) da Fapeam, no qual coordenou a pesquisa intitulada “Estudo sobre qualidade de vida de pessoas com deficiência praticantes e não praticantes de atividade física”.
Lionela conta que o incentivo de outra mulher na sua vida foi peça fundamental para a vivência na pesquisa. “A minha orientadora, a Dra. Kathya Thomé sempre perguntava o que te inquieta? Transforme isso em pesquisa e terá a resposta para essa inquietação. Mulheres sejam inquietas! e incentivem outras mulheres a serem também. Eu sempre estava envolvida na equipe de pesquisa, isso me dava conhecimento e acendia ainda mais minha vontade de pesquisar, pois uma pesquisa leva a outras. Acho que a mulher ganhou espaços em muitos lugares que antes era habitado, principalmente, por homens e a ciência é um deles. Hoje, temos muitas mulheres pesquisando e incentivando outras e ganhando destaques” conta.

Pesquisa avaliou a qualidade de vida de pessoas com deficiência praticantes e não praticantes de atividade físicas
Por: Jessie Silva
Fotos: Érico Xavier